A obra e o autor

Talvez as pessoas que escrevam possam saber o que sinto: é como um vício.

Algo que sai de dentro da mente, do corpo, da alma.

A inspiração acontece, não tem hora nem segundo. Sai gritanto, berrando, saltando, sem permitir que a cabeça da gente tenha paz.

É como se algo me impulsiona-se de forma incontrolável. Hoje em dia sou uma viciada em escrever.

As palavras saem, rimam ou se conectam sem eu ter menor pretensão de fazê-las.

Surge um poema, um conto, uma história ou apenas uma crítica .

Não sou uma profissional, não sei manejar direito o computador. Mesmo assim flue tudo o que quero dizer. Falam por mim. Não sou diretamente culpada, sinto- me como uma medium levada em seu delírio, que por acaso se solta, grava e imprime sem preconceitos.

Tenho certeza, que são os meus pensamentos, os quais dirigem as minhas mãos no teclado. Criam um outro tipo de música a qual não sei tocar. Não é um piano, não sou nenhuma compositora, de mim fizeram apenas uma observadora do cotidiano.

Deste cataclismo de letras, as quais podemos falar, surgem as imagens, as cenas, os diálogos, que são apenas uma forma de expressão.

Exprimir os sentimentos, dar vazão à fantasia, deixar livre a imaginação, é ter a oportunidade de concretizar uma obra, seja ela qual for.

Assim se passam os meus dias: pela manhã escrevo coisas que me sucederam, à noite sento-me sozinha à luz de um abajur e dou asas ao instinto.

A poeta que nasceu aos dez anos de idade ainda existe, não morreu. Cresceu, amadureceu, hoje escreve pequenas crônicas de si mesma e de outros. Verdades ou mentiras de quem ama a arte de produzir, seja um fato ou uma fantasia.

De mim mesma espero somente lançar o que roda nas minhas idéias para conseguir a paz de poder dormir de novo.

Se sou boa ou não, só o tempo dirá! Não sou nada. Só conto o que está me incomondando, faço a minha catarse e medito sobre o que poderia fazer. Nesse emaranhado de pensamentos, crio, dou a luz e vago nos alicerces da minha consciência.

Sou a autora e a obra se faz sozinha, surgindo por acaso da minha mente incotrolável.

Nasci, morrerei, estou certa. A obra ficara seja ela conhecida ou não. Produto meu, eterna e desconhecida até quando alguém a descubra e a divulgue. Assim não morrerei, estarei presente em cada letra, em cada palavra, em cada oração, em cada parágrafo. É minha, sou eu dentro dela. Como uma simbiose nos perdemos uma dentro da outra. Eu morro, ela vive. Eu vivo nela e não morro.

Dora Bonacelli
Enviado por Dora Bonacelli em 03/01/2007
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T335106
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