ESTRADA TORTURANTE- PARTE 3

E as duas primas passavam a semana juntas a brincarem, em seu mundo de criança sem nenhuma maldade. E Ana voltava para casa, calada, encurralada em sua agonia emocional, e quanto a sua volta para casa, percurso percorrido era o mesmo, e o mesmo ele fazia.

Meses e meses sempre ia buscá-la, e o pretexto sempre era o mesmo:

- Vim buscá-la, pois estão com muitas saudades dela!

A garota, por sua vez, acoava-se num canto, igual a um cachorro indefeso, pois sabia de fato o que iria acontecer. Seus avós não viam maldade e deixavam quantas vezes fosse feito o pedido, contanto que ela estivesse em casa de volta da escola.

O percurso percorrido era o mesmo, só que o desejo do indivíduo aumentava cada vez mais, e assim, fazia diferente, tocava-a mais de perto, passando suas mãos imundas, que ela repudiava, mas não podia gritar e nem chorar, pois tinha medo de morrer e ao mesmo tempo lá não havia ninguém para a socorrer.

Com o tempo, Ana não queria voltar para a casa da tia, chorava e pedia para não ir, mas ele, como sempre, fazia uma ladainha, um drama, e João, logo cedia. E cada vez mais ele se aprofundava no seu ato, e dele, ela sentia nojo, repúdio e cada vez mais ódio vindo de dentro do seu coração. Contudo, cada vez se tornava pior, o assédio não era apenas na estrada, agora também era na sua casa, na presença de sua esposa, armava uma rede e pegava Ana, com o pretexto de balançá-la. Tão esperto, que colocava a filha para dormir logo cedo, para ficar apenas ele, sua esposa e Ana acordados. Então balançava-a e ao mesmo tempo a tocava como um animal, sem pudor, enquanto, conversava com sua esposa, que ficava de frente à rede. Mas será que ela não percebia? Será?