A Indecisão.
O menino olha para sua cama e se vê como se transparecesse; vê-a, então, limpa, arrumada, vazia, como tudo solitário. Abre seus braços, mas apenas acolhe o vazio dos ventos.
Lustra seu sapato, mas guarda em seu armário empoeirado, pois não há meios para quem responda a sua saída. A sua entrada seria a clareza de sua mente.
O menino pensa muito, mas quem pensa muito pouco faz, fica no estado vegetativo,
E quem pouco faz, é porque pouco pensa.
O menino é indeciso como os seus argumentos, só que as indecisões não são nenhum progresso. Apenas estagna as mesmas cobranças e lamentações.
O menino daria sua alma se ouvisse um “sim”! Mas o menino choraria se houvesse um “não”!
Às vezes, o menino pensa em tirar o “mal pela raiz”, então, pensa o menino, pensa em arrancar seu coração para que não possa sentir mais a tal da dor.
O menino não esta aguentando mais, as dores são fortes, as aflições são evolventes e a saudade intocável.
Mas, na arte da vida, existe o tempo. Então, o tempo passa e o menino vira adolescente, vira adulto e chega à velhice e morre. Com isso, sua vida não foi a mesma, pois a indecisão não deixou progredir o que seria um progresso na vida humana.
Renato F. Marques