O Fim do Mundo…
Todos temos ou tivemos uma vez uma ideia do que seria ou poderia ser o fim do mundo, mas tal passa por ser imensamente subjectivo e personalizado, porque muito possivelmente cada pessoa tem não uma ideia mas diversas sobre o fim do mundo, pois por exemplo basta uma variação de humor para essa ideia ser alterada…Algo que exemplifica o que acabei de dizer é a forma como por vezes estamos perante o amor…: No fim de uma relação por vezes sentimo-nos tão magoados que imaginamos o fim do mundo connosco a sós, sem ninguém, sem a capacidade afectiva de ter alguém…cenário que muda radicalmente quando voltamos a encontrar alguém…altura em que além das habituais borboletas na barriga se imaginarmos o fim do mundo será ao lado de quem amamos…
Não sendo diferente das outras pessoas, o meu “fim do mundo” assemelha-se ao delas, nada de especial, mas no entanto entre tantos cenários há um que prevalece imutável ao longo do tempo…:
Desde a adolescência quando apareceu na minha mente este tipo de pensamentos sobre o fim, que imagino o fim literal do mundo, uma catástrofe global que elimina a espécie humana ou pelo menos parte dela, comigo a desaparecer mas com o meu amor a meu lado…Este pensamento é recorrente, assim como os sonhos…Desaparecer com o amor a meu lado…
Tudo na vida tem uma razão, e sendo que considerando o amor o sentimento mais belo, mas também mais problemático que os seres humanos possuem, o fim efectivo com o amor ao lado é uma imagem tão dramática e ao mesmo tempo tão bela que a acho irresistível, se bem que se calhar um pouco para o tétrica e sombria…Mas morrer com o amor e com amor é de facto para mim demasiado sedutor ao ponto do próprio subconsciente ser tocado por tal e o tal subconsciente gerar os tais sonhos recorrentes…
Nem de propósito um dia, há muitos, imensos anos atrás li uma entrevista a um qualquer escritor, em que às tantas lhe fizeram a pergunta banal e trivial de “O que gostaria de estar a fazer quando o mundo acabasse…?”
Ele respondeu:
“Gostava de estar a fazer amor…”
Com o tempo perdi o jornal com a entrevista e esqueci-me quem era o escritor, mas a pergunta mas sobretudo a resposta ficou…
E a paixão por essa resposta, a paixão pelo pensamento, a paixão pela intensidade deste estado ficou…
E sim, eu também gostaria de fazer o que ele disse…
O fim do mundo de facto acontece, o fim do mundo acontece quando chegamos ao fim da nossa vida, um fim de facto e que é incontornável, o fim do mundo porque de facto ele acabou quando morrermos…
E assim quando esse momento chegasse para mim como naturalmente irá chegar eu gostaria de estar com mais amo a fazer o que temos de mais humano, porque partiria naquilo que se calhar é o pico da humanidade, é o seu auge, é o seu sublimar…
Porque não há para mim nada mais sublime do que me despedir de tudo, me despedir da nossa espécie tão única a fazer o que a torna mais única…
E visto por este prisma o Fim do Mundo até pode ser belo…mesmo divino…