vida
Eu nasci da incongruência, e do alinhamento sutil de dois corpos, que indiscutivelmente não sabiam, pelo menos de concreto, o que estavam gerando. Ela tinha dezesseis anos e ele apenas quarenta. Assim, vim ao mundo dessa confluência, do abismo entre a maturidade e a infantilidade. Do descompasso entre a rudez e a ternura.
Não obstante, imagino, diante do roçar dos corpos, que apenas fui gerado pelo o sorriso da boneca e da sagacidade do cigarro. Cresci como parte do fruto proibido. Hoje, um crime sem proporções, contudo, ontem, o encontro casual, entre mundos distantes que o destino se fez presente.
Por isso, gerado na força e na desproporção da vida, enquanto, o caprichoso destino se deleitava as gargalhadas, por saber do futuro da pobre criança. Elegantemente, com seu casaco preto, me trombou na rua esburacada e me disse a tiracolo:
- Sei de veio e para onde vás!