FILHOS SEM TEMPO

Dr. James Dobson disse em seu livro, Educando crianças geniosas, que filhos são uma obra em construção. Concordo. Nós, pais, estamos sempre atentos à vida de nossos filhos, aconselhando-os, disciplinando-os, cuidando para que eles tenham segurança. Não queremos que nossos filhos passem por nenhum contratempo em suas vidas. Muitas vezes somos até exagerados, os cercamos para que eles não encontrem obstáculos em seus caminhos. Tudo porque o nosso amor é sem limites, e queremos protegê-los até mesmo depois de adultos. Nós, pais, ficamos tristes quando algo não vai bem na vida de nossos filhos. Suplicamos a Deus para que Ele os conduza, livrando-os de conceitos errados que o mundo oferece.

Creiam, somente os pais pedem a Deus que proteja seus filhos todos os dias. Só os pais amam seus filhos e, se fosse possível, fariam como aquela música de criança, que diz: “Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhante só para o meu amor passar”. Só para os nossos filhotes passarem.

Os pais são assim, têm um amor incondicional pelos filhos. Por vezes os filhos não entendem esta forma de amar, que tudo dá. Este amor é capaz de grandes sacrifícios em favor dos filhos sem querer nada em troca. A não ser a recíproca e que vivamos em harmonia todos felizes. Queremos ressaltar que quando uma mãe espera em seu ventre um bebê, é inexplicável a sensação de bem-estar, isso porque já sentimos amor por aquela sementinha plantada em nosso ventre. E essa dedicação é sempre a mesma, quando são pequenos cuidamos para que não se machuquem, quando crescem os cuidados são outros, mas nunca deixamos de cuidar. Acreditem, não queremos deixar de cuidar de vocês porque nós os amamos, filhos queridos.

Há um tempo em que os pais ficam órfãos de seus filhos, estes se tornam independentes e vão adquirindo novos espaços e, com isso, se distanciando dos pais. Eles não precisam mais que nós os levemos para a escola, balé, inglês, natação, judô... A verdade é que eles saíram do assento do carona e passaram para o do volante. Eles passaram a cuidar de suas próprias vidas.

Um sábio, concluiu, ao explicar o amor dos pais para com os filhos: “Filhos são eternos alunos. Os anos passam velozmente, quando nos damos conta, eles cresceram e nós continuamos a ser seus professores das mesmas matérias.” Então, não descuidem de sua família, sejam unidos. Ensinemos nossos filhos a amarem seus pais e os pais de seus pais, para que possamos ver as benções de Deus sobre nossas famílias. Todo filho tem a obrigação de saber que tem o dever de agradecer a Deus pela família, amar e demonstrar este amor. Filho nenhum deve esquecer a gratidão que devem a seus pais. Entendam, queridos, que ninguém nasce neste mundo sem a obrigação de agradecer, não há quem não tenha nada a agradecer. Se exageramos em alguma situação, acreditem que foi por amá-los que agimos com firmeza, o momento exigia.

Hoje, queridos, passado este tempo em que tudo era possível e fácil, o que nos aflige é a sua demorada presença em nossa vida. Filhos, não fiquem tão afastados de seus pais, somente porque são adultos. Sabemos que vocês são pessoas responsáveis.

Não permitam que nós nos sintamos estranhos junto a vocês, sempre queremos saber como está indo a vida de vocês. Não queremos ser poupados, deixem-nos participar dos problemas familiares. Tenham cuidado e não fiquem tão distantes de seus pais.

Não deixem de dizer a seus pais que os amam, mas também não se esqueçam de demonstrar carinho e atenção.

Não nos deixem com as perguntas que por vezes querem nos sufocar: Onde estará aquele filho tão querido a quem demos tanto amor? O que estará fazendo? Quais os seus objetivos? Estará obtendo sucesso em sua vida? Por que ele não quer dividir seus problemas e suas vitórias conosco? Por outro lado, os pais também não se sentem à vontade para falar sobre aquilo que os afligem. Compartilhar em família faz muita falta para nós pais. Até entendemos que os relacionamentos, sem sombra de dúvida, são complexos, vivi-se em uma época de conceitos e valores intricados, obscuros.

Nos diversos papéis que os pais desempenham, há sempre uma variedade de deveres: amar, ser paciente, desculpar sempre todos os desapontamentos que sofremos. Queremos confiar que a qualquer momento vocês estarão prontos para nos escutar e tirar os nossos medos. Tem uma coisa que vocês, filhos, não sabem ou não foram sensíveis para perceber: todos os pais, depois de certa idade, ficam carentes, sensíveis, assustados, inseguros e medrosos. Então, filhos queridos, o que os pais precisam para ter uma vida feliz e alegre é ter atenção, carinho, sem necessariamente ter que pedir.

Sabemos que muitos de nós estão com deficiência auditiva, outros estão esquecidos e repetem as mesmas histórias várias vezes. Queridos filhos não percam a oportunidade de acarinhar e mimar seus pais, mesmo que eles já não sintam o seu carinho. Deem alegria, além dos inúmeros presentes e apoio que estão sempre dando. Não se esqueçam que a presença de vocês em nossas vidas nos traz saúde, vocês não podem mensurar o quanto há de alegria em nossos corações somente com a presença de vocês. Vocês sempre serão a razão da nossa vida. Filhos queridos estimulem a convivência de seus filhos com os avós.

Queridos, vocês sabem por que eu estou contando esta história? Porque ontem já eram 9h30 da noite quando Carlos me ligou.

Carlos é o nosso filho mais velho, hoje ele tem 45 anos, é casado com uma moça que é boa mãe e esposa, Lia é o seu nome. Eles têm dois filhos lindos, a menina chama-se Nina e o garoto nós o chamamos de Gil, mas o seu nome é Gilberto. Quando atendi ao telefone, logo reconheci a voz de meu filho Carlos e disse a ele: “Como vai filho? E as crianças?” Perguntei da Lia também, sua esposa. Ele respondeu que estava tudo muito bem. Em seguida eu lhe disse: “Sabe, eu e teu pai estávamos falando sobre vocês! Estávamos agradecendo a Deus por vocês. Deus nos deu a graça de nossos filhos serem pessoas honestas, trabalhadoras e tementes a Deus. Mas a prosa era especialmente sobre você. Teu pai dizia da alegria e do orgulho que tem em ver você conquistando patamares tão altos. Mas ele dizia que você desde pequeno sempre foi muito determinado, sempre correu atrás daquilo que é importante para você. Sabe, Carlos, teu pai dizia que dos nossos quatros filhos você sempre foi o mais sensível e também o mais companheiro. Você lembra como teu pai era cúmplice das tuas artes? Teu pai sempre te acobertava. Teu pai estava lembrando as inúmeras vezes que vocês saíam sozinhos para conversar. Ele dizia que não pareciam pai e filho, parecia mais uma conversa entre dois amigos. Relembrar estes momentos é tudo de bom. Sentimos muita falta de um tempo que não volta mais.”

Carlos do outro lado estava quieto, não fez pergunta alguma. Mas fez uma observação: “Mamãe, eu não tenho tempo para este papinho.” E disse em inglês: “Time is money”, que quer dizer, tempo é dinheiro. Eu percebi que Carlos estava muito apreçado, então eu lhe disse: “Está bem filho, mas por que você ligou? Está precisando de alguma coisa? Não quero te atrapalhar.” Carlos notou que eu tinha percebido que ele não queria perder tempo. Na verdade ele não tinha interesse em relembrar o passado. Nesta altura fiquei desencorajada com o seu descaso pelo assunto. Tive um sentimento ruim, me senti desprezada, e meu marido também ficou triste. Aquele nosso filho tão querido nos tratou como se aquele assunto fosse uma banalidade. Realmente o assunto em si não era nada muito importante, eu não estava falando para ele que o pai estava morrendo ou que eu tinha quebrado a perna.

Após essa ligação, eu e meu marido ficamos conversando, querendo entender o porquê da mudança que a vida provocou em nosso filho. O pai o chamava de “amigão”, era um apelido usado somente entre os dois. Meu marido disse: “É, meu bem, o tempo modificou o nosso filho e o seu modo de agir conosco. Nem parece aquele menino tão amoroso e atencioso de alguns anos atrás. Carlos ficou muito diferente, ele não tem tempo para nada. Ele se relaciona muito pouco conosco. Ele está em uma fase da vida que somente tem tempo para a família dele e o trabalho. Temos que dar graças a Deus porque nossos filhos são honestos e o mais importante: eles seguem o caminho que ensinamos, o caminho do Senhor Jesus.” É claro que entendi os argumentos do meu marido, mas não me convenci que tinha que ser desse modo, fizemos tudo que podíamos por eles, e muitas vezes até o que não podíamos, demos amor e compreensão. É natural que agora, que já estamos no crepúsculo de nossas vidas, eles tenham pouco tempo para nos ouvir, porém tudo o que desejamos é compreensão, amor e carinho. Portanto, filhos queridos, não ignorem as perguntas sufocadas nos semblantes alegres ou tristes de seus pais.

Alguém disse certa vez: “É mais fácil ser pai do que tornar-se pai.” Tornar-se pai requer muito mais do que trazer ao mundo uma criança. Amamos nossos filhos com tamanha intensidade que nem a morte consegue nos separar. Esse é o vínculo entre pais e filhos. Queridos não deixem de elogiá-los, de ouvi-los, queiram saber sobre as conquistas de seus pais. Tenho certeza que todos os filhos dão de tudo para os pais, contudo sejam sensíveis para ler nas entre linhas seus verdadeiros desejos.

Não somente Carlos, mas João, Alexandre, Mirta, Maria e todos os filhos devem ficar alerta para cuidar e ouvir as realidades de vida dos seus pais. Eu gostaria de ter escutado de meu filho alguns elogios, algumas palavras de carinho, de agradecimento ao pai que sempre o amou e demonstrou este amor. Carlos perdeu mais esta oportunidade, poderia ter agradecido pelos elogios, poderia ter acarinhado, mas não o fez.

Nós, os pais, sabemos que por vezes vocês estão muito apressados e acabam não prestando muita atenção naquilo que falamos. Entretanto, filhos queridos, não sintam tanto orgulho somente porque vocês são pessoas íntegras, honestas e obtiveram sucesso em suas vidas. Lembrem-se que tudo o que vocês conseguiram nesta vida é porque Deus concedeu esta graça a vocês, a nosso pedido.

Queridos filhotes, é muito difícil nos acostumarmos com a ausência de vocês. Podemos ter apenas um filho ou cinco, mas, se um falhar com o seu carinho, ficamos tristes. Entretanto, por mais que aquele filho não tenha sido tão atencioso como os demais, não quer dizer que deixamos de sentir a sua falta. Assim, deem o exemplo aos seus filhos, tratando-nos com amor, atenção e carinho. Vocês verão pais felizes e saudáveis.

Filhos, os pais vivem de lembranças sim; somos especialistas em guardar lembranças. Trazemos em nossos corações as recordações, as quais são o alimento para a nossa vida. É, queridos, não se deixa para amanhã o que se pode fazer hoje. Com essa atitude vocês verão que seremos felizes, nós e vocês, porque o amor é recíproco e verdadeiro.

E por falar em carinho, atenção! Vocês já ligaram hoje para seus pais só para dizer-lhes que os amam? Queridos, vocês não imaginam o quanto vale um “eu te amo” de um filho. Vocês não imaginam o quanto traz de alegria ao coração a nossa participação na vida familiar. Queridos, não demorem muito para ter os seus papais junto a vocês. Não deixam para amanhã o que pode ser feito agora. Andem, caminhem juntos, não os deixem na solidão. A solidão é triste e traz doenças.

Este relato é de uma filha que queria agradar, acarinhar e amar seus pais e não os têm mais.

Este relato é para você, filho, que ainda tem a graça de tê-los com vida e saúde. Portanto, tente aproveitar o que Deus em sua infinita bondade está lhe proporcionando.

Que vocês sejam sempre muito abençoados por Deus, agora e sempre.

Diva Mendes
Enviado por Diva Mendes em 09/11/2011
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