Mil vezes amor

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Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João...
           Último desejo - Noel  Rosa




O amor apareceu numa noite de festa junina, quando um primo os apresentou:
- João, essa é Maria Rosa, filha do meu tio Manoel, irmão mais velho de mamãe, lembra dela?
Não lembrava mais não tinha importância. Maria Rosa lhe encheu os olhos de beleza e acendeu suas narinas de um perfume só seu.
O amor acendeu no salão quando o sanfoneiro sapecou um que “falta eu sinto de um bem”, e um “pula fogueira iaiá “... e ele apertou seu corpo sem deixar dúvidas do que queria.
O amor assentou praça no namoro rápido, no noivado relâmpago, na decisão de fugir para uma cidade de praia, voltar e casar no civil.
O amor criou raízes quando lhe veio Ritinha, os gêmeos Pedro e Paulo e a caçulinha Dalvinha, nome iluminado de sua avó e madrinha.
O amor arrefeceu quando a lida da vida ganhou corpo e a rotina fez deixar pra lá o dengo, o chamego que tinham um com o outro, mesmo nos tempos de dureza e de muita precisão.
O amor se encrespou quando Maria Rosa deu uma incerta e descobriu João de safadeza com umas e outras no bar da Lurdinha.
O amor emburrou na teimosia de não dirigir a palavra “ao cabra” e deixá-lo a míngua até que lhe provasse que era só dela.
O amor se vestiu de tristeza quando João saiu de casa e foi morar com a prima Tereza, que apareceu de surpresa do túnel do tempo.Mergulhou na mágoa quando se foi com Luiza, explodiu de raiva quando apareceu com Eva, dizendo que queria ver os filhos.
O tempo ainda é o melhor aliado para tudo e cura as dores do desamor, que são  farpas na alma.
E  foi assim que  o amor mudou de face e se desvelou em cuidados quando o pai dos seus filhos  lhe apareceu doente e precisando dela para tudo.
O amor renasceu na solidariedade, na confiança reconquistada nas atitudes do companheirismo e do afeto que unem as pessoas para além dos arroubos da paixão, das mesquinharias da posse e para além da vida.

O amor se eternizou na viuvez de Maria Rosa que jurou não amar mais ninguém.
O tempo certamente dirá a última palavra.