A minha aluna

A minha aluna é uma senhora alemã que se chama Mariane. Ela já é bem idosa, porém sabe várias línguas: inglês, italiano, português, por que ela tem família no Brasil e morou lá uns seis meses.

As nossa aulas de português eram bem diferentes, não só tinha muito pouco de gramática, como muito bate-papo furado, comentários de uma revista brasileira que ela tinha assinatura e lia todas semanas, como também receitas e jardinagem,(ela conseguiu no frio daqui plantar quiabo na sua casa de vidro).

Passava as férias na nossa terrinha e visitava os parentes que moravam no Brasil. Uma vez quando estava com a sua família, eles a convidaram para ir a um novo restaurante, eles falaram:

-Hoje vamos ao "Maquidonaldi". Você conhece? Ele é famoso e novo, temos certeza que você vai gostar.

-Não, não o conheço e nunca fui.

A noite pegaram o carro e depois de uns vinte minutos chegaram ao falado restaurande. Desceram e quando a minha aluna vi " Mc Donald" ela disse surpreendida:

-Este restaurante eu conheço, tem vários em Munique, mas como vocês falaram para mim era outro nome" Maquidonaldi" eu jamais tinha pensado que era o mesmo.

Muitas vezes quando tinhamos aula de português ela me contava as suas histórias do seu passado, uma vez me contou que no tempo da segunda guerra mundial, ela foi obrigada pelo nazistas a trabalhar no campo em uma fazenda, o trabalho era pesado e cansativo a única vantagem era que havia sempre comida.

Depois na cidade sendo cobradora no bonde. Num dia de bombardeio, ela e o homem que dirigia o bonde tiveram que parar as suas tarefas, pois estava soando o alarme de ataque aéreo, o problema que eles estavam em um lugar que não havia abrigo contra as bombas. O jeito foi sair e procurar uma lugar seguro, só que não havia nenhum. Eles estavam perto do cemitério e a solução foi se esconderem em uma das covas. O seu colega de trabalho lhe falou:

-Se morremos já estamos no lugar certo.

Ele tinha razão- me falou ela.

Ela me contou também que enquando os nazista estavam no poder, quando você precisava de um papel ou alguma coisa era praticamente impossível conseguir. Quando os americanos chegaram as coisas mudaram muito e para melhor, ela consegui um trabalho de tradutora do inglês para o alemão e vice-versa e ficou surpreendíssima quando leu um placar na parede da Administração Americana, que estava escrito:

"O possível é muito fácil e o impossível demora um pouco mais."

Ela me confessou que depois disso passou a acreditar que realmente o impossível é só uma questão de tempo.

Dora Bonacelli
Enviado por Dora Bonacelli em 29/12/2006
Reeditado em 07/03/2018
Código do texto: T331356
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