O Reflexo da personalidade e as máscaras sociais-Caixa de Gepeto 4

Edição 4

A Caixa de Gepeto

Outubro de 2011

Tema: O Reflexo da personalidade e as mascaras

sociais

Apresentando a Caixa: Quem somos? :

“ Tira, a Máscara que cobre o seu rosto, se mostre e eu descubro se eu gosto, do seu verdadeiro jeito de ser!” - Máscara, Pitty

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Ewelyn Gomes "Kinha": Tímida e extrovertida, séria e pentelha,

amiga, sonhadora,adora animais principalmente os cachorrinhos porque são fofinhos, alegre, faladeira tal qual a Emilia do Sítio do Picapau Amarelo, leitora, escritora e opniosa. A "boneca de cachinhos dourados" mora dentro da caixa de brinquedos de Gepeto e por ser curiosa tenta descobrir o que há no mundo além do que ela já conhece em seu mundo e por isso gosta de argumentar, cutucar e aprender coisas novas.

Eu, eu mesma e sua visão sobre mim.

By Ewelyn Gomes

Quem sou eu?

Taí uma boa pergunta! Quem realmente sou?

Sou a mesma Ewelyn em um grupo de determinados amigos, em casa, no teatro, na igreja, no trabalho, na faculdade ou mesmo namorando?

Minha resposta é não em muitos aspectos, isso não quer dizer que eu seja uma pessoa cheia de máscaras, falsa, dissimulada, não é bem isso... Sou humana e uma das características humanas é a de adaptar-se ao seu meio social, se eu fosse criada por lobos eu seria como Amala e Kamala, "meninas lobo". Às vezes ou quase sempre não posso agir da mesma maneira que costumo agir em casa em determinados lugares, por exemplo, em casa tenho mania de cantar alto, ouvir

música no último volume do meu MP4, dançar e fazer palhaçadas (tipo imitações de desenho animado ou de personalidades), acordo a hora que quero, posso dormir a hora que quero, almoço e janto quando bem entendo, só que se eu fizesse as mesmas coisas no trabalho poderia ser considerada uma irresponsável e louca varrida porque cumpro regras que não estão de acordo com nada do que faço em casa, claro que existem momentos de descontração mas esses não podem durar

mais de 10 minutos ao dia se não meu bolo de documentação a lançar aumenta e eu sou demitida por motivos justos , na igreja também se não chego na hora da missa não a assisto e se eu chegar dançando e cantando alto lá com um MP4 no ouvido ligado no último volume no mínimo iria achar muito estranho e me chamar de canto perguntando se uso algum tipo de droga rs, ou seja, não faço tudo o que

quero ou gostaria porque vivo em um mundo onde existem as benditas

"regras" (em determinados lugares e com determinadas pessoas alguns modos de agir podem nos fazer parecer um pouco "estranhos" ao extremo então temos de nos policiar quanto aos nossos atos vendo o que realmente é adequado/apropriado ou não ). Com os amigos já posso me soltar um pouco mais, dependendo do grau de amizade, tem uns que são praticamente família e com o tempo acostumam-se

com o meu jeito (as vezes sou até "normal") , mas para cada amigo existe uma maneira diferente de agir ,o mesmo acontece quando estamos namorando, o Joãozinho que eu namorava antes sempre é bem diferente do Juquinha que paquero agora, é outra realidade , a identidade dessa nova pessoa foi formada por outro meio social (gente é apenas uma suposição, não tô namorando não, por enquanto rs).Quanto ao teatro acho interessante porque posso ser tudo o que

imagino e mais um pouco e se for reparar nós mesmos somos personagens do "nosso mundo", temos uma história com começo meio e fim , as vezes maravilhosamente bela e em algumas vezes extremamente difícil, nossa história pessoal é a única coisa que realmente podemos dizer que é algo nosso pois o resto das coisas só nos são emprestadas por Deus. Na escola ou faculdade as vezes

vivemos uma teoria fora da realidade que não pode ser muito questionada, existem aulas que são um saco mas não podemos ter a mesma liberdade de comentar a aula ao professor como faço em casa ou com um amigo , tipo a aula do professor tal é uma porcaria , imagina eu dizendo "professor, sua aula é uma porcaria", não

posso fazer isso, não tem cabimento , então de certa forma nesse caso tenho de omitir minha opinião e se omito minha opinião deixo de ser um pouco a Ewelyn que costumo ser com as pessoas que tenho contato mais íntimo.

Chega de enrolação! Quem sou?

Minha resposta é: Sou uma cidadã comum em constante transformação que conforme a intimidade se personifica de uma forma ou outra, porém sou movida por uma única essência que determina - se por valores, conquistas e características imutáveis como a alegria, o amor ao próximo e a capacidade de encantar-se pela vida achando cada dia uma oportunidade que pode me trazer

algo novo e belo que some a tudo que já possuo de bom. Não sou apenas uma moça de cabelos cacheados e olhos verdes que necessitam de óculos para enxergar o mundo nitidamente, existem muitas pessoas com iguais definições, a Ewelyn é alguém muito além de uma simples aparência, que possui uma história de vida,

família e amigos que a ajudam a construir dia após dia o seu próprio ser, tornando-a diferente de qualquer pessoa existente na face da terra e pode ser interpretada por cada um que a conhece ou não de uma forma diferente, alguns podem enxergá-la como uma moça simpática, outros como uma moça séria demais, ou brincalhona, tagarela, perfeccionista, chata etc...Visões, não passam de

visões sobre o reflexo do espelho do julgamento, posso dizer nesse contexto enfim que sou aquilo que eu repasso para o outro independente de minha vontade própria ou opinião pois cômodo para mim seria que todas as pessoas me enxergassem de um modo positivo mas ela possuem visões diferenciadas que estão acima ou abaixo

de minha alto análise, assim que caracterizo minha imagem pessoal, sou aquilo que você acha que sou em seu entendimento pré-conceitual até que eu lhe prove o contrário mudando assim seu olhar sobre a Ewelyn, ou a Maria, ou a Bianca, não

importa quem "eu" seja. E você quem é?

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Flávio-Andarilho do mundo. Nasceu no Pará, sangue de mineiro, coração paulista e amor de cearense. Uma mistura das regiões do Brasil que o leva a acreditar que é um irmão universal.

Máscaras do cotidiano.

By Flavio

No cotidiano de nossas vidas nos deparamos com situações e fatos que nos fazem pensar de como somos diante de algumas ocasiões. O fato de nos conhecermos não quer dizer que eu sou do jeito que sou. Quando penso em máscara me vem na mente a arte do teatro grego,

ou seja, suas comédias e tragédias.

Diante de um público o ator não poderia ser ele mesmo. Não importa nesse tipo de teatro a personalidade do ator; se ele estivesse triste pessoalmente, mas sua máscara fosse de alegria, logo ele deveria representar para o público a “sua” alegria. A máscara é usada para

representar algo que não somos.

O uso de máscaras ficou caracterizado pelo fato de você não demonstrar a verdadeira pessoa que está no seu interior. E a utilizamos no nosso cotidiano. Mas fica então a pergunta: porque usamos máscaras nas nossas relações?

As máscaras aparecem na nossa vida porque muitas vezes temos medo de revelar o nosso ser, aquilo que sou realmente. Mostramos, assim, o que o outro espera de mim, pois não quero ser motivos de piadas, também pelo fato da não aceitação por certos grupos, então

um modo de ser aceitos é o uso da máscara social.

No trabalho posso ser uma pessoa que use a máscara para não perder o emprego, na escola o aluno certinho, na religião o fiel que não comete nenhum pecado diante dos outros. Tudo máscaras que vamos fazendo para que nos vejam como alguém importante, mas na verdade

o seu íntimo ele faz o contrário.

O homem não é sua máscara, ele é mais. Não podemos ser julgados pelas nossas máscaras, porém é preciso ter a coragem de renuncia-las, é preciso encarar a vida como o grande palco onde eu atuo com meus atos. Temos que saber atuar nessa grande vida, a nossa vida é

única. O uso de máscaras só faz com que mostremos para o outro aquilo que ele espera.

Felicidade não é outra coisa que assumir aquilo que eu sou, com meus medos, vícios e virtudes. Há algo que nos diz mais do que máscaras, poder contemplar o mundo com o nosso ser, sem medo de ver as trevas e as luzes. Muitas vezes nos deixamos levar pela mídia e pela

modismo de ser como tal pessoa. Eu não posso querer ser o outro e negar a minha história, tenho que ser EU!

Nós temos o dom de transformar o mundo que nos rodeia com o nosso jeito e não fazer com o meio nos faça sermos o que não somos. Para tanto é preciso introduzir em nossas ações questionamentos que nos leve ao nosso conhecimento. Os fatos ganham uma nova lógica e

sentido, contestando os acontecimentos até então estabelecidos. (Paul Watzlawick, A Realidade Inventada)

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Uma menina de BREVE explicação. Sabe conquistar as pessoas

com sua vida. Viaja em suas próprias idéias e não recusa um bom vinho para filosofar sobre o mundo. O anjo loiro de Florianópolis agora abençoando o outro lado do céu em Tubarão.

O Reflexo da Personalidade e as Máscaras Sociais

By Amabili Marques (Mahh Sanders)

Você deve ter sido na vida muitas vezes vitima dos olhares apressados, todos nós somos, e quanto mais vista é uma pessoa, maior é o numero de preconceitos que existem em relação a ela, não há problema nisso, não há problema em entender que o preconceito existe. O problema é quando nós permitimos que o preconceito do outro fosse também nosso.

Todos já sofremos muitos preconceitos, e sabemos como dói na pele as pessoas acharem que você é isso, acharem que você é aquilo, então comece a corrigir os preconceitos do mundo, deixando de achar sobre os outros, e procurando quem sabe conhecê-los.

Ao invés de formular alguma opinião sobre aquela pessoa, doa-se ao trabalho de uma primeira pergunta: Quem é você? Qual é o seu nome?

Os grandes amigos da nossa vida entram a partir de perguntas simples, quando nós quebramos aquela aparência, aquela mascara, adentramos então na possibilidade de conhecer os avessos. Os antigos sempre diziam que toda vez que iam comprar um tecido, eles só não olhavam a parte bonita, eles olhavam o avesso também, sabe por quê? Porque a qualidade do tecido não é só a aparência dele, o que vai fazer o tecido verdadeiramente valer, é o avesso, porque é o avesso que dá a fibra da sustentação.

A beleza ela só é verdadeiramente duradoura se ela tem um avesso que segura... Há pessoas muito bonitas que quando conhecemos, percebemos que não se preocuparam com as fibras de sustentação, viveram artificialmente, foram preparadas para o artificial, vivem de maneira artificial, e por isso são tão infelizes, sobretudo, depois que a beleza foi lavada. Passou o tempo do atrativo estético e só restaram as fibras frágeis daquilo que nunca sustentou. O reflexo de quem somos se esconde atrás de nossas fragilidades, quando negamos quem somos, quando colocamos mascaras para nos camuflar do nosso

verdadeiro eu.

Temos que alcançar o direito de sermos nós mesmos, de ter identidade.

A psicologia nos fala que nós vivemos o tempo todo o processo de crises normativas, o que são crises normativas? São aquelas naturais na vida humana, assim como o adolescente quando vai ficando jovem ele passa por uma crise, é a crise natural de deixar de ser quem era e assumir um novo jeito, de assumir novas responsabilidades.

A criança vai vivendo essa passagem aos poucos, à medida que ela é bem educada, é claro que os pais vão dando a ela responsabilidades, e ela vai correspondendo aquilo que os pais vão dando, isso é passagem, ela vai assumindo um novo jeito de ser, ela vai colocando na personalidade dela um novo contexto de responsabilidades, de atribuições, de direitos, ela vai assumindo a vida com mais responsabilidade, a vida vai tomando mais espaços e elas vão assumindo essa autonomia que é uma liberdade, a gente ter autonomia é uma libertação, ninguém nasce autônomo, à medida que a gente vai vivendo essas crises normativas e superando-as com sabedoria nós vamos assumindo liberdade interior, que é aquela capacidade humana de saber o que é certo, o que é errado, o que convém, o que não convém. Ter liberdade interior é um trabalho difícil, é ardiloso chegar lá, dá trabalho, conquistar a liberdade é muito trabalhoso, porque só o homem livre é capaz de dizer sim, mas também é capaz de dizer não, só o ser humano que é dotado de liberdade interior tem condições de renunciar aquilo que o destrói.

Só o ser humano que está mergulhado no mistério dessa liberdade interior que Jesus nos dá ao nos convocar ao sair do sepulcro que Adão nos colocou, que é o sepulcro da miséria, da mentira, da arrogância, das mascaras que a sociedade nos impõe a colocarmos, enfim de tudo aquilo que nos desumaniza, porque o pecado original

significa isso na vida humana, a partir da desobediência de Adão e Eva, nós mergulhamos em situações muito depreciativas, é assim que eu compreendo o pecado original, é essa inaptidão que muitas vezes eu tenho para as coisas boas, é aquilo que São Paulo dizia, muitas vezes ele desejava o bem, mais ele não era capaz de realizá-lo, é

a minha miséria que muitas vezes grita dentro de mim, e que se eu der ouvido a ela, eu fico um trapo humano, então quando eu olho para a vida de Jesus, quando eu olho para o seu testemunho, quando eu olho para o seu exemplo, eu identifico que Adão não precisa ser determinante em mim, eu posso fazer essa passagem, da mesma maneira que o povo de Israel, saiu do Egito e conquistou Canaã a terra prometida, nós também podemos fazer essa passagem, sair da miséria de Adão, que está em mim, que está em você, e alcançar os sentimentos nobres de Jesus.

Todos nós temos que fazer nossas transições, nossas passagens, eu tenho meus êxodos constantes, em constante caminhada que nos leva a um novo tempo a uma nova situação, crescer é assim, deixar as mascaras caírem.

Por mais difícil que seja a nossa convivência com a sociedade, por mais entraves que possam surgir ao longo da nossa convivência, é nessa situação de indigência, de dificuldade, de luta, que nós vamos descobrir o que precisamos fazer para alcançar o

crescimento, e assim alcançando-o poderemos, ou não, ter uma personalidade formada.

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Menina meiga, simples, inteligente. Participante da Caixa desde sua terceira edição, escreve com o coração e nos proporciona textos

maravilhosos e gostosos de ler.

A pergunta que não quer calar: quem realmente somos?

By: Hanna Paula

Para iniciar meu texto achei por bem buscar no dicionário a definição de duas palavras: o que significa identidade e imagem. Achei a seguinte

definição no dicionário para identidade: conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa (nome, idade, sexo, estado civil, filiação, etc.): verificar a identidade de alguém.Identidade pessoal, consciência que alguém tem de si mesmo.

Depois busquei o que significa a palavra imagem e tive a seguinte

resposta: representação de uma pessoa ou uma coisa pela pintura, a

escultura, o desenho, etc.

Após essas pesquisas entreguei-me a reflexão do assunto na tentativa

de fazer um paralelo entre ambas as palavras que conduziriam o

desenvolvimento do meu texto.

As palavras imagem e identidade me remetem aos seguintes

questionamentos: como me vejo? O importante é quem sou de verdade

ou quem pareço ser para os outros? O que os outros pensam de mim é

mais importante do quem realmente sou eu? Sou a mesma pessoa para

todos? O que importa é minha imagem refletida no espelho ou minhas

raízes?

Cada pessoa nos vê de uma forma e somos várias ao mesmo tempo. Eu

mesma sou filha, sou amiga, sou colega, sou parente, sou conhecida de vários e mais desconhecida ainda de tantos. Portanto, concluí que não sou a mesma pessoa para todos. Tenho vários papéis.

Cheguei a conclusão também de que definir-se é mais complicado do

que possa parecer, mas, felizmente, lembrei-me de ter lido, em algum

lugar, o que para mim veio a ser a melhor definição do que é ser você e isso é independente do que os outros veem, mas sim partindo do seu

verdadeiro eu:

“Você é aquilo que mais ama na vida”. Essa é a melhor maneira de se

conhecer certamente. Partamos do amor, daquilo que temos de melhor,

daquilo que mais nos importa, daquilo que temos de mais precioso e de

mais belo, porque essa é a nossa verdadeira essência. A essência que

Deus nos deu.

Gosto muito de uma frase do músico Luiz Gonzaga “o que é verdadeiro

fica”. Gosto dela porque ilustra e vem de encontro com a conclusão

acima, afinal nossa verdade, nosso princípio é o amor, por isso ele não

acaba. Resgatemos a nossa essência para conhecermo-nos melhor. É

importante saber o que se quer, traçando metas, objetivos, pois não

somos algo pronto. Vamos nos modificando, aprendendo, recomeçando,

caindo e levantando; vamos nos construindo a cada dia. Precisamos ser firmes em nossos objetivos, respeitar nossos limites, mas não nos

acomodar. Tenhamos força e metas para lutar. Pois aquele que sabe o

que realmente quer e espera da vida mais certamente irá alcançar seus

objetivos.

A gente pode não saber exatamente quem é, mas podemos saber aonde queremos chegar. Vamos errar e acertar sempre em cada novo dia que nos é dado. Vamos ser humanos com nossas falhas e acertos, mas sem esquecermos dos princípios que nos regem; vamos ser nós mesmos com nossos defeitos e qualidades, mas sem que a superficialidade nos domine, mas sim na busca pelo nosso verdadeiro eu.

É poeta, bufão, palhaço, encantador de palavras e pregador de

pensamentos vagabundos. Mora na caixa de brinquedos da Oficina de Gepeto, onde ele consegue fazer sua experiência mais fundamental: ver e aprender a realidade que a razão séria não atinge. Além disso, o riso e cômico tornam-se os meios em que ele pode fazer brilhar o infinito da existência, que foi banido pela ratio como marginal e

ridículo.

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O REFLEXO DA PERSONALIDADE E AS MÁSCARAS SOCIAIS

O homem pós-moderno vive

sob o signo do provisório e

efêmero.

Ramires Karamázov

O tema proposto para este mês é o mais instigante, desafiador e divertido. Creio que seja uma experiência que cada autor faz em sua circunstância ordinária que o lança para o futuro.

O desejo de conhecer-se a si mesmo só é ultrapassado pela curiosidade em conhecer os outros ! o qual se dá o nome de alteridade. Este desejo é antigo e atual. Ao longo dos séculos, a humanidade foi forçada a encontrar-se progressivamente com a

verdade e a confrontar-se com ela. É um caminho que se realizou no âmbito da autoconsciência pessoal, isto é, quando mais o homem conhece a realidade e o mundo, tanto mais conhece a si mesmo em sua unicidade, ao mesmo tempo que nele se torna cada vez mais premente a questão do sentido das coisas e da sua própria existência.

A recomendação conhece-te a ti mesmo (em grego gnothi se auton) estava esculpida no dintel do templo de Delfos, para testemunhar uma verdade basilar que deve ser assumida como regra mínima de todo homem que deseja distinguir-se, no meio da criação inteira, pela sua qualificação de "homem", ou seja, enquanto "conhecedor de si mesmo".

O termo "personalidade" deriva do latim "persona", que designava as máscaras usadas nos antigos teatros gregos e romanos. O vocábulo latino também possui o significado de "aparência", aquilo que parecemos aos outros. Nesse contexto, Carl Rogers nos fala do "eu real" e do "eu ideal". O eu real significa aquilo que realmente eu

sou, com minhas qualidades e limitações, enquanto o eu ideal corresponde aos meus anseios ou aquilo que gostaria de ser e não sou.

A personalidade mostra-se através de tudo aquilo que a pessoa é capaz de produzir ou ser. Ela descreve e determina características peculiares dos indivíduos, distinguindo as pessoas entre si. Trata-se, portanto, da maneira de ser de cada um expressa através de seus hábitos, habilidades, pensamentos, motivação e relacionamento interpessoal.

É um erro pretender um relacionamento pessoal produtivo quando não se é capaz de ser sensível às características de personalidade do outro que serão sempre diferentes das minhas. A maneira peculiar de cada um ser no mundo está vinculado às diferenças individuais e a toda a bagagem de experiências vividas e armazenadas no decorrer da vida. A personalidade é flexível, portanto pode ser ajustada às

diferentes situações, mas ela permanece consistente no ponto mais profundo do si mesmo.

Por seu turno, a máscara social não é uma crise intelectual, mas sim uma crise que nos toca diariamente. É uma profunda crise de identidade. Quando se perde a identidade, também se esquece os elementos essenciais que nutrem a vida humana. Tal crise interfere nas ações/relações sentimentais, na relação pessoal e interpessoal. Isso significa que o ser humano sem uma base para o seu existir sentirá desorientado e acabará experimentando a fragilidade do existir humano advindo do niilismo1.

Vive-se na era que se caracteriza por evitar que padrões de condutas se cristalizem em rotinas e tradições. A cultura se torna incapaz de manter a forma diante das novas mudanças provocando uma verdadeira revolução. As referencias aos estilos de vida e a crenças mudam antes de uma solidificação, e nesta desordem particularizam o sujeito individual e o transforma e (re) constrói em novas identidades.

Neste mundo de representações, a essência do sujeito se torna "invisível". Criase um mal estar fruto das intensas formas de comunicação, daí a necessidade de ser "diferente", de "chamar atenção". Estes sintomas do mal-estar social são reflexos da

falta de reconhecimento, por parte do "outro", da singularidade social na perspectiva do "bem sucedido". O sujeito não quer se sentir invisível. Ele precisa ser enxergado, mesmo que tenha que utilizar artifícios do tipo "incomum social". Ele atua ao extremo.

Como consequência, ele é substituído por uma fantasia. Por uma vontade simbólica que rege seu imaginário. Ele se torna uma ilusão, uma construção surreal. Suas atitudes são anti-social, explicitamente interpretadas por um "olha eu aqui!"

Logo, lembro-me aquilo que o mentor da Caixa de Gepeto de outubro diz citando uma frase da Pity: "O importante é ser você, mesmo que seja estranho".

1 Niilismo é a negação da humanidade do homem e também da sua identidade.

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Professor, Filósofo, escritor e leitor. Amante da vida e das artes, creio

que sou aquela pessoa curiosa que busca sempre a razão das coisas e a compreensão do mundo. Alguém que Ama extremamente a Deus e busca insistentemente seguí-Lo, atendendo Seu chamado! Aquele que vê nos pobres e necessitados a imagem do Cristo sofredor e que

dispõe-se ao trabalho, pois e com a caridade que mudaremos o mundo.

O Reflexo da Personalidade e as Máscaras Sociais.

By João Michels

“Quem é que está aqui, junto a mim, em meu ser, é a minha imagem e eu não sei dizer, como vou desvendar, quem sou eu, vou tentar. Quando a imagem de quem sou, vai se revelar?”

Essa música da animação Mulan me toca muito. Cada um de nós tem sua personalidade. Cada um é único. Uns gostam de pop, outros de rock, uns ainda de reggae e outros de pagode e samba. O lindo do ser humano é essa diferença. Que graça haveria se todos fossemos iguais? Onde isso nos levaria?

O que isso nos ensinaria?

É a diversidade que nos torna um organismo. Parafraseando a metáfora da Bíblia para a Igreja, todos nós somos membros de um corpo, que é a sociedade.

Entretanto, nem sempre a sociedade está preparada para aceitar a realidade.

Nem sempre as pessoas estão prontas para aceitar o diferente, ou mesmo nem sempre elas tem coragem de mostrar quem realmente são, de assumir sua verdadeira personalidade, seus erros, seus defeitos, por isso colocam sobre seu rosto máscaras.

Pessoas muitas vezes fingem ser o que não são, seja para enganar e agradar a outros ou tentar enganar e agradar a si mesmas. Entretanto, uma certeza se pode ter: Pessoas que deixam sua subjetividade ser usurpada, roubada ou mascarada são infelizes e e esta infelicidade gera feridas, feridas na alma.

Devemos, antes de tudo, amar quem nós somos. Amar nossa peculiaridades, nossas particularidades, nosso jeito de ser, estar, amar e viver. Somente assim seremos felizes. A vida é bela demais para vivermos escondidos nas sombras. Abracemos quem realmente somos e vivamos os planos de Deus, pois Ele que assim nos

criou e nos fez, e lembre-se sempre que a beleza não nasce na singularidade e sim na pluralidade, pois um jardim de rosas não é tão belo quanto um jardim hortênsias, copos de leite, margaridas e girassóis .

Fim...?