Tristeza de alma

Nos piores momentos de nossa vida, dizem que é quando se descobre quem somos. Estou vivendo este momento, mas ainda não descobri quem sou. Será que existo? Ou, será que sou apenas a sombra de mim mesma? Como um planeta que já morreu e, restou apenas o seu brilho no céu. Existem pensamentos, logo posso pensar, que existo. É isso? Penso, logo existo? Mas, e o que sinto? Não sei mais. Os medos, as preocupações do dia-a-dia e as preocupações futuras também, parecem formigas raivosas infectando a minha mente. Não há descanso. Não existem sonos trânquilos. Quando acordo, parece-me que ainda não dormi. E o corpo reclama. Há dores, insistentes dores por tudo. Os músculos estão fracos, frouxos e tristes. Tristes? Um músculo pode ser triste? Os meus parecem ser, como tudo que há em mim. E no entando, sigo vivendo. Acordando todos os dias, trabalhando e comendo o pão de cada dia e, que pão amargo esse. Já não é mais: o pão doce e leve de minha infância. O pão que eu não precisava buscar, conseguir, batalhar...era apenas o pão que minha mãe fazia pra mim, para nós duas...naquela casinha de 'pau à pique"...no meio do nada, dentro da natureza. Sinto falta daquele pão cheiroso e caseiro, mas sinto mais falta, ainda, daquele "amor cheiroso e caseiro". Não devíamos perder quem cuida de nós, quando ainda precisamos deste cuidado. Há crueldade quando se retira um filhote de sua mãe, assim como, há crueldade quando retiram uma mãe de seu filho ou filha. Uma crueldade que custo a entender. Sempre tive a sensação de que não combino com este mundo, que vivo aqui por "acidente". Não que me sinta especial, melhor ou até mesmo boa. Sei que não sou, sei que tenho milhares de defeitos e, mesmo que tente evitar, eles acabam atuando em mim. É a sensação de ser uma intrusa, uma estranha, alguém perdido sem saber o que vai fazer de sua vida agora, hoje, amanhã e, nos próximos dias. Somos todos assim? Será que todos passam por isso? Acredito que não. Espero que não. Preciso, sinceramente saber que não. Preciso desesperadamente descobrir que existem pessoas nesta vida, que são abençoadas, que não estão perdidas, que possuem uma luz e um rumo...Se essas pessoas existirem, sentirei-me mais trânquila, mais em paz. Será reconfortante saber que alguém neste mundo é feliz e, daria a minha vida para que essas pessoas permanecessem assim, felizes. Só quem possui esta tristeza de alma, entenderá o que quero dizer, o que preciso desabafar, antes que ela ou eu, sucumba num abismo sem fim.