"ESSE CARA É UM GALINHA" (continuação- sexta e última parte)

ESSE CARA É UM GALINHA” (continuação- sexta e ultima parte)

Seu José, já há algum tempo conhecia o Detetive Augusto César e confiava nele... Ao contratá-lo, Ele e Nivalda receberam-no em casa para que fossem passadas todas as informações possíveis, sobre o Artur, como: cor, altura, tipo físico, hábitos e tudo o mais que fosse relevante...

Antes, porém, do Detetive iniciar o seu trabalho, o Artur, o ESPERTALHÃO, já havia especulado, minuciosamente, sobre o passado do Tio José e, descobrira que ele possuía um patrimônio razoavelmente grande, o suficiente para atiçar-lhe a ganância...

Era óbvio que aquela herança, em caso de morte do tio, iria para as mãos da Nivalda e da filha. Seu José não tinha herdeiros diretos só uns poucos sobrinhos, mas que nunca o procuraram... Bastava fazer um testamento, deixando tudo para a sobrinha querida, que amava como se fosse sua filha...

Para Artur, era a chance que esperava: embora, sabendo que, mesmo casando com a Nivalda, não teria direito à herança, mas... Se, se revelasse um marido e pai responsável, exemplar e amoroso, provavelmente, conseguiria por as mãos na grana... mas isso, ele resolveria depois; o importante, agora, era conquistá-la e fazê-la acreditar no seu pseudo arrependimento. Fazia, até, planos de conquistar, também, o tio, para que não pairassem dúvidas sobre o seu comportamento... Pode-se imaginar o que se passava pela sua cabeça???... Claro que pode!!

Qual era, afinal, a situação financeira do Seu José, e por que não se casara?

José, de uma família pobre, veio, sozinho, de uma cidadezinha do interior, para São Paulo trabalhar e, se possível, entrar para a Faculdade de Engenharia, cuja carreira, era o seu maior sonho. Encontrou inúmeras dificuldades, mas não desistiu: o trabalho lhe rendia pouco, mas o esforço nos estudos, proporcionou-lhe entrar para uma Faculdade Federal... Estava feliz, era jóvem, tinha uma bela carreira pela frente e sonhava em se formar e ajudar sua família, no interior...

Tudo corria bem, até que conheceu Ester, uma jóvem, por quem se apaixonou e foi correspondido, porém Ester era filha de família abastada e que jamais permitiria, sequer, o namoro, entre os dois. Entretanto, Ester estava decidida a seguir o grande amor de sua vida e, enfrentando os pais, decidiu ir morar com o José...

A casa de José era um quarto e sala alugado, pequeno demais para os dois; mesmo, assim, Ester se esforçava para parecer feliz...

Nos primeiros meses, viveram um amor intenso, cheio de sonhos e planos para o futuro mas, com o passar do tempo, José percebeu que Ester já não sorria mais, era procurada, constantemente , pela mãe que, sutilmente, fazia pressão para ela voltar para casa. Ester, ainda tentou resistir, mas a situação financeira de José era precária, não dava para as despesas domésticas e nem para continuar seus estudos, pois precisava trabalhar mais para por o sustento dentro de casa; não vendo outro jeito, trancou a Faculdade...

Percebendo que era um peso na vida de José, Ester, para evitar maiores sacrifícios, para ambos, resolveu voltar para a casa paterna...

Pouco tempo depois, foram morar no exterior e José, nunca mais a viu...

O sofrimento de José foi tão intenso o quanto fora o amor que vivenciaram; amava-a perdidamente e, nesse transe, permaneceu por um tempo perdido, não comia, nem tinha mais razão pra viver...

Felizmente, não há mal que sempre dure; naquela manhã de sol, acordou, para a vida, mas prometeu a si mesmo, que jamais se casaria.

Voltou para a Faculdade, dedicou-se profundamente, aos estudos e finalmente, formou-se com louvor!

A Empresa , onde José estagiou, analisou o talento do rapaz, empregou-o e, nessa Empresa, por seu esforço e dedicação, galgou os mais altos cargos até chegar à presidência... Seu patrimônio, portanto, foi adquirido pelo trabalho digno e que serviu para preencher sua vida, sem a sua amada Ester. Aposentou-se aos sessenta anos e passou a viver para os seus livros, seus bichinhos de estimação e suas plantas que cultivava com muito cuidado...

Voltemos ao Artur, teria o Augusto Cesar encontrado alguma pista sobre a vida pregressa do Artur?

Poucos dias se passaram e o Augusto Cesar chegou com a foto de um perigoso fugitivo da justiça.Era um homem de barba, bigode e cabelo grande, mas tinha os mesmos olhos do Artur...Feita a recomposição do rosto, sem barba e sem bigode, através do computador, verificou-se que era o próprio.Sua ficha criminal era extensa: chefe de quadrilha de milicianos, que explorava comunidades carentes, exigindo dinheiro das pessoas em troca de proteção; aqueles que não respeitassem as regras, eram expulsos de suas casas, com ameaças de morte, caso fossem denunciados; além disso, exploravam a venda de gás, com preços aumentados e tinham, também uma estação de TV a cabo clandestina, que era oferecida aos moradores, por um preço módico.

Quando a quadrilha foi desbaratada, todos foram presos, menos o chefe que conseguiu fugir e, até hoje, a polícia não conseguiu encontrá-lo. Até o nome dele é falso, o verdadeiro é Natal Siqueira, mais conhecido por Natã...

Dona Jovita, quando ouviu a palavra Natã, pediu para ver a foto e, observando bem, reconheceu-o como sendo da sua cidade, confirmando tudo o que constava daquela lista e ainda acrescentou:

- Era o terror na minha comunidade e adjacências...Antes de eu vir para cá, soube que ele estava jurado de morte por ter traído alguns de seus próprios amigos.

- Bem, agora o nosso papel é denunciá-lo... Vou ligar para acidade aonde ele é procurado...

Em poucos dias, Artur, ou melhor, Natã, foi preso e levado para sua cidade. Na prisão, foi assassinado. Sua morte, foi combinada pelos próprios amigos...

Nivalda, agora, podia respirar tranqüila, seu tio também, sua filhinha em segurança, tudo voltando ao normal, podia pensar mais em si própria, sem o fantasma do mal...

- Tio, queria uma opinião sua... O Augusto pediu-me em namoro... Que é que o senhor acha disso?

- Ó, filha, se você gosta dele e ele de você, eu só posso aprovar... É um ótimo rapaz e sei que a fará feliz e, assim quando eu me for, irei feliz, com a certeza de que as deixarei em segurança, com um bom pai para minha netinha e um excelente marido para você... Nivalda,emocionada, abraçou o tio...

- Ó tio, não quero que o senhor vá embora nunca! Quero-o perto de mim por muitos anos, ainda. O senhor foi o meu anjo protetor, meu pai, meu amigo e, se Deus quiser, ainda vai ver a sua netinha crescer feliz, correndo, brincando e andando, sempre amparada pela mão do vovô querido.

FIM

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 17/10/2011
Reeditado em 17/10/2011
Código do texto: T3281231