O coral de Dona Rosinha
E aquela noticia na manha de sexta feira, me deixou aterrorizada e espantada.
_Menina, a partir de amanha voce vai cantar no coral da igreja, o coral da Dona Rosinha!!
Cantar??? Eu??? Como podia ser essa historia de cantar???
Eu era muito nova, beirava os sete anos e cantar não fazia parte dos meus sonhos de infância, ainda mais no coral da Dona Rosinha, que de rosa não tinha nada, era uma beata que vivia de preto amedrontando as crianças da cidade, morava sozinha e sua vida se resumia entre o coral e a igreja, ou tambem falar mal da vida dos outros. Ah! Isso era seu prato preferido, alem de criar uns trinta gatos.
Não, isso não podia estar acontecendo comigo, não era real, Dona Rosinha beliscava as crianças, além de gritar muito. Eu não suportaria, seria meu fim.
Resolvi tematizar o assunto com minha mãe, eu sabia que ela tinha tomado essa decisão em resposta a tantas artes que eu fazia; minhas traquinagens de infância, então o coral era uma forma de punição, castigo. Eu já tinha sido avisada que isso podia vir a acontecer, mas boa teimosa que sou, caprichei ainda mais nas artes e minha mãe não mudou de idéia de forma alguma. Estava ai o resultado final: O coral da Dona Rosinha!!
Primeiro ensaio, tudo errado, eu não sabia cantar nada e alem do mais; para ocupar o tempo, eu ficava atrapalhando de todas as maneiras possíveis e imagináveis, não parava quieta, nem minhas marias-chiquinhas no cabelo saiam intactas, eu realmente era o terror para a pobre beata, que tentava me corrigir entre tapas e beliscões, alguns até de ficar roxo, ela tinha unhas enormes e não economizava em gasta-las comigo.
Assim se passaram alguns sábados de ensaios, eu já não estava mais resistindo, já estava toda marcada de roxo, mas tínhamos pressa. Opa!! Tínhamos não, ela tinha, eu não tinha pressa alguma. Minha única pressa era ver o fim daquele coral, esse era meu objetivo. Mas voltando a pressa dela, era em razão de uma grande festa na igreja e claro, o coral ia fazer varias apresentações onde eu participaria de todas e por castigo, fui escalada por ela e por ironia eu deveria ir vestida de anjo. Anjo!! Eu de anjo!!!.
Num sol escaldante lá fui eu, toda fantasiada e inconformada para a Igreja, espirrando de segundo em segundo por causa das penas das asas. Ser anjo não era nada fácil para mim.
Tudo deveria sair perfeito, Igreja toda enfeitada de flores e lotada de fieis, Dona Rosinha de preto, parecendo um pata-choca, toda atenta aos detalhes, me passou mil recomendações sobre comportamento e procedimentos. Claro que em meio a tantos espirros, não escutei nada, a tal fantasia me apertava e o calor me deixava tonta.
Começou a tal cerimônia, o coral não tinha nem mais fôlego de tantas musicas cantadas, tudo era cantado e eu só via as meninas exaustas com tanta cantoria e por causa do maldito calor. Um verdadeiro martírio em plena cerimônia religiosa que não tinha fim; sem poder beber água, num calor insuportável, o cheiro das flores e cantando sem parar.
Ah! Era um tormento, mas me decidi, tirei meus sapatos e as minhas asas em pleno altar, comecei a me abanar com as tais asas para tentar resistir ao calor, só vi olhares de espanto em minha direção. Afinal um anjo não podia ter calor?? E quem ali não estava derretendo?? Esta bem certo; que todos disfarçavam, menos eu.
Só senti ser arrastada do altar aos beliscões pela Dona Rosinha, que me olhava com olhos de como queria me matar, me trucidar ali mesmo, em um lugar santo. Eu de anjo, sendo arrastada aos beliscões, sentindo um calor tamanho, fui entregue aos empurrões à minha mãe e só ouvi a frase esboçada com muita ira pela Dona Rosinha:
_ Não quero mais sua filha no meu coral ela é endemoniada, estragou o meu coral, a minha apresentação, ela não tem jeito mais, não quero um capetinha comigo!!! Só um padre para salva-la do inferno!!!. Tire-a daqui!!!
Eu não entendia se eu era um anjo ou um capetinha, como dizia a tal Dona Rosinha, mas senti que isso do padre foi outra idéia para minha mãe e foi de fato, outro castigo: participar de todas as missas do final de semana, todas, sem exceções, mas ainda assim, era melhor que o coral e os “beliscotapas” de Dona Rosinha.
E aquela noticia na manha de sexta feira, me deixou aterrorizada e espantada.
_Menina, a partir de amanha voce vai cantar no coral da igreja, o coral da Dona Rosinha!!
Cantar??? Eu??? Como podia ser essa historia de cantar???
Eu era muito nova, beirava os sete anos e cantar não fazia parte dos meus sonhos de infância, ainda mais no coral da Dona Rosinha, que de rosa não tinha nada, era uma beata que vivia de preto amedrontando as crianças da cidade, morava sozinha e sua vida se resumia entre o coral e a igreja, ou tambem falar mal da vida dos outros. Ah! Isso era seu prato preferido, alem de criar uns trinta gatos.
Não, isso não podia estar acontecendo comigo, não era real, Dona Rosinha beliscava as crianças, além de gritar muito. Eu não suportaria, seria meu fim.
Resolvi tematizar o assunto com minha mãe, eu sabia que ela tinha tomado essa decisão em resposta a tantas artes que eu fazia; minhas traquinagens de infância, então o coral era uma forma de punição, castigo. Eu já tinha sido avisada que isso podia vir a acontecer, mas boa teimosa que sou, caprichei ainda mais nas artes e minha mãe não mudou de idéia de forma alguma. Estava ai o resultado final: O coral da Dona Rosinha!!
Primeiro ensaio, tudo errado, eu não sabia cantar nada e alem do mais; para ocupar o tempo, eu ficava atrapalhando de todas as maneiras possíveis e imagináveis, não parava quieta, nem minhas marias-chiquinhas no cabelo saiam intactas, eu realmente era o terror para a pobre beata, que tentava me corrigir entre tapas e beliscões, alguns até de ficar roxo, ela tinha unhas enormes e não economizava em gasta-las comigo.
Assim se passaram alguns sábados de ensaios, eu já não estava mais resistindo, já estava toda marcada de roxo, mas tínhamos pressa. Opa!! Tínhamos não, ela tinha, eu não tinha pressa alguma. Minha única pressa era ver o fim daquele coral, esse era meu objetivo. Mas voltando a pressa dela, era em razão de uma grande festa na igreja e claro, o coral ia fazer varias apresentações onde eu participaria de todas e por castigo, fui escalada por ela e por ironia eu deveria ir vestida de anjo. Anjo!! Eu de anjo!!!.
Num sol escaldante lá fui eu, toda fantasiada e inconformada para a Igreja, espirrando de segundo em segundo por causa das penas das asas. Ser anjo não era nada fácil para mim.
Tudo deveria sair perfeito, Igreja toda enfeitada de flores e lotada de fieis, Dona Rosinha de preto, parecendo um pata-choca, toda atenta aos detalhes, me passou mil recomendações sobre comportamento e procedimentos. Claro que em meio a tantos espirros, não escutei nada, a tal fantasia me apertava e o calor me deixava tonta.
Começou a tal cerimônia, o coral não tinha nem mais fôlego de tantas musicas cantadas, tudo era cantado e eu só via as meninas exaustas com tanta cantoria e por causa do maldito calor. Um verdadeiro martírio em plena cerimônia religiosa que não tinha fim; sem poder beber água, num calor insuportável, o cheiro das flores e cantando sem parar.
Ah! Era um tormento, mas me decidi, tirei meus sapatos e as minhas asas em pleno altar, comecei a me abanar com as tais asas para tentar resistir ao calor, só vi olhares de espanto em minha direção. Afinal um anjo não podia ter calor?? E quem ali não estava derretendo?? Esta bem certo; que todos disfarçavam, menos eu.
Só senti ser arrastada do altar aos beliscões pela Dona Rosinha, que me olhava com olhos de como queria me matar, me trucidar ali mesmo, em um lugar santo. Eu de anjo, sendo arrastada aos beliscões, sentindo um calor tamanho, fui entregue aos empurrões à minha mãe e só ouvi a frase esboçada com muita ira pela Dona Rosinha:
_ Não quero mais sua filha no meu coral ela é endemoniada, estragou o meu coral, a minha apresentação, ela não tem jeito mais, não quero um capetinha comigo!!! Só um padre para salva-la do inferno!!!. Tire-a daqui!!!
Eu não entendia se eu era um anjo ou um capetinha, como dizia a tal Dona Rosinha, mas senti que isso do padre foi outra idéia para minha mãe e foi de fato, outro castigo: participar de todas as missas do final de semana, todas, sem exceções, mas ainda assim, era melhor que o coral e os “beliscotapas” de Dona Rosinha.