Olhar idílico

O jovem perambulava pelas ruas tristes (vazias) no meio da noite buscando um bar simples desde que tivesse cardápio repleto de opções para amenizar o estômago que roncava o instante todo. Nesta hora estava difícil para achar um. A hora assim mandou todo mundo adormecer, estuprar, fazer amor, descansar e outras razões. Estuprar, quer dizer, humilhar quem não tem vontade de fazer amor numa hora dessas. Assim o caráter é extremamente insano, pensava o jovem enquanto caminhava lentamente por persuasão para não ser atacado. Cansado de procurar, ele mudou de direção. A insanidade é uma coisa que perde para a excitação, dizia o jovem a si próprio. Mudou de direção mais uma vez, para lhe manter acordado. Ele dizia de si próprio: eu tenho-me feliz porque sei andar pelo mundo insano. Por isso que eu não preciso de bicicleta com rodinhas. E ainda mais que eu escutar ou não os olhos que me conduzem até aonde eu for. O ser feliz é o que tem de interno lhe satisfaz de modo simples. A vida, para ele, é um álbum de figurinhas. Ao achar o bar em forma de cabana que lhe lembrara da toca da idade medieval pelos traços arcaicos, o jovem faminto entrou. Tinha pelo menos três pessoas sentadas à mesa tomando chopp. A sala era apertada, mas confortável. Por outra parte, tinha balcão de madeira que ficara ao lado de inúmeras mesas (quadradas pequenas). Não faltava música. Tudo idílico para quem se deleita, pensava o jovem. Ele foi se sentar à mesa que se encontrara livre e pedia ao garçom: cardápio, por favor. Pedido atendido. Com o cardápio nas mãos. Escolha feita. Escondidinho de carne. Uma cerveja. Refeição suficiente para encher o estômago. Enquanto comia a música não soava bem, ou seja, soava de forma incompreensível, mas o jovem a ignorava. Ao terminar a refeição, a conta foi paga e ele foi pra casa, ou seja, ao hotel onde ele se hospedara. Antes de se atirar na cama, ele foi ao banheiro retirar o rolo de papel higiênico (por sorte ele trouxe a caneta) para usá-lo para registrar o que e ele fazia durante a noite. A combinação deveria ser feita se o olhar idílico lhe conduzisse, filosofava-se o jovem ao passo que escrevia inspirado graças à cerveja que ele tomou.

Diogo Madeira
Enviado por Diogo Madeira em 09/10/2011
Código do texto: T3266043