O menino e o rio
O MENINO E O RIO
Joana Carvalho
Numa pequena cidade sertaneja a vida acontecia lenta e rotineiramente. Um menino falante e cheio de energia corria, pulava, brincava e caçava. Caçava rolinhas nas margens do rio com sua baladeira. Na madrugada fria, saía com sua mãe para os tabuleiros do rio, na cabeça levava uma trouxa de roupas sujas e mal cheirosas, mas no bolso levava o seu divertido e certeiro brinquedo. Enquanto sua mãe lavava toda a roupa, o menino divertia-se com pedrinhas a voar certeiramente nos passarinhos. Não pensava na morte, nem na dor, apenas aproveitava a sua inocência e sonhava com seus super heróis. Deitava-se sobre as grandes pedras, observava as nuvens e seus formatos. Nadava, pescava camarão nas águas límpidas do rio que alimentava e supria aquela região. Ao final do dia recolhia a roupa das cercas de arame farpado e das pedras quente do sol escaldante. Mais uma vez formava-se uma grande trouxa, agora de roupas limpas e cheirosas. Era hora da volta para casa. Na cabeça, a trouxa de roupas e no bolso a diversão garantida para uma próxima aventura. A cidade cresceu e o menino foi junto, o rio secou recebendo os esgotos do progresso. Não se lava mais roupas em lajedos à beira rio. A baladeira, nem é mais conhecida pelos meninos. O menino, não é mais menino, virou gente grande e continua usando a sua imaginação.Agora não mais com sua baladeira, mas desnudando as palavras e encantando os amantes da literatura e da vida.