Cão Gúiu
Meu cão Gúiu era assim
Todo faceiro, um cheiro de cheiro
Fucim moiado, carinhoso que só.
Só fartava falá, mai sei que com um tá de
Corpo que fala, falava só no oiá.
Êta cão inteligente, parecia inté gente
Que vinha me arrecebê.
E vô dizê pra ôce, que gente que eu conheço,
Inté que tenho apreço, não dizia tanto
quando se punha a falá.
Sabia quando ele tava triste
Me oiava e chorava com o fucim no meu colo
Feito minino mimado
Então tirava um dedim de prosa, e ele surriia
com o rabo pra lá e pra cá de tão contente que tava.
Ficou veio o coitadim, mai foi amigo dos bão
Nunca que eu via avexado
Tava sempre cumigo colado
Num cheiro de cheiro moiado, nunca me dexô só.
No dia da sua partida
Dispois de uma dô de barriga
Se escondeu no quintá
Cacei o terrero todim
Chamei pelo pobrezim, mai não pudia falá.
Sardade quando me alembro
Mai gosto de me alembrar
Inté rezo minha novena, pru dia da minha partida
Meu cão Gúiu incontrá.