AMIGO OCULTO

Na infância...

-Manhê, olha a porcaria que ganhei do meu amigo oculto. Dei um bibelô de porcelana e ganhei este lápis. Não entro mais nesse negócio.

Na juventude, na aula de corte e costura...

-Gente, o Natal está chegando! Vamos fazer amigo oculto?

-Não contem comigo.

-Então, que tal fazermos amigo chôco?

-Boa idéia. Gosto muito de chocolate.

Mãe, olha o que ganhei. A senhora acredita que eu dei uma caixa de bombons Garoto e ganhei esta barrinha de chocolate? Eu não devia ter participado.

Na terceira idade...

-“Meninas”, estamos chegando ao final do ano. Vamos fazer amigo x?

-Ih! Já vem com esse trem de novo! Eu não entro de jeito nenhum!

-Entra, sim. É tão bom. Pensando bem, é melhor fazermos amigo leiser.

-Não. Dá muito trabalho. A gente ganha disco que não gosta e, depois, tem que trocar. Vamos fazer amigo x numerado. Na hora, cada um recebe um número e os embrulhos também são numerados. O que vocês acham?

-Pessoal, deixem-me de fora, por favor. Não tenho sorte com isso.

-Não. Todos vão participar.

À noite, na véspera do amigo x...

-Meu Deus, faça-me voltar para casa satisfeita, amanhã. O Senhor viu. Comprei, para dar para o meu amigo x, aquela jarra de água, que tanto quero. Não me deixe ganhar porcaria, como das outras vezes. Amém.

Na hora da festa...

-“Moçoilas”, vamos iniciar a nossa confraternização. Quem tem o número 15?

-Ai que bom! Ganhei um xale! Obrigada a quem me deu!

-Número 7?

-Puxa! Um leque! Amei!

-Número 20?

-Oba! Deus me ouviu! Ganhei a jarra que trouxe!

-Número 40?

-Sou eu. Huuummm... Bijuterias. E estão quebradas. – alguém resmungou.

-Nossa! Um colar e um par de brincos com dentes e penas de animais! Isto é coisa dos anos 60! Quem será que lhe deu estas bugigangas, hem?

-Não sei. Dei um tapete lindo, que eu mesma bordei, e olha só o que ganhei. Mas, não vai ficar assim. Vou descobrir quem foi.

-Você rezou?

-Rezar?! Para quê?

-Para não acontecer isso. Eu rezei e você viu o presente que ganhei? Pena que a mamãe não está mais aqui, para ver.