A CRUELDADE

Estavam na rua como de costume. Procuravam comida e abrigo, iria chover muito naquela noite. Sozinhos, abandonados e receosos de que algo de muito ruim fosse acontecer. E eis que aconteceu. Um deles foi atingido por uma lança. Gritou, esperneou, teve seus órgãos dilacerados e expostos, e sua triste vida retirada á sangue frio. O outro cão permaneceu imóvel. Não podia acreditar naquela crueldade contra o seu amigo, o seu irmão, seu companheiro de infortúnio. Sabia que tinha de correr, desaparecer dali. Mas não conseguiu, continuava a olhar aquela cena de perversidade humana, até que...também fôra atingido. Havia sido ferido da mesma forma e com a mesma brutalidade. A dor era imensa, mas mais dolorosa era a constatação de que aqueles que deveriam protegê-los, por serem considerados racionais, eram os que mais praticavam atos como aquele. Aquela cidade estava condenada. Aqueles cidadãos, em particular, os homens daquela cidade, estavam condenados a loucura total. A impunidade e o desrepeito aos outros seres vivos já tornavam-se coisas do dia-a-dia. Ainda não sabia se iria sobreviver, provavelmente não. Mas caso sobrevivesse, pediria que alguém, que ainda tivesse discernimento e bondade nesta cruel cidade, lutasse para que mais crimes como aquele não fossem cometidos. Lutasse para que seu agressor fosse punido e visto como um exemplo do que um homem não pode ser: CRUEL E COVARDE.

Lisi Martins
Enviado por Lisi Martins em 01/10/2011
Código do texto: T3252288
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.