28 de Setembro...

Para iniciar este conto,se é que posso chamar estas poucas palavras de conto,quero deixar o trecho de uma música pra vocês...quem quiser ouvir depois,fique à vontade.

"Oh,pai,por favor,pai...eu adoraria te deixar sozinho,mas não consigo te deixar partir.Oh,pai,por favor,pai...deixe a garrafa de lado pelo amor de uma filha.Você não se lembra?Eu sou sua garotinha.Como pode me empurrar pra fora do seu mundo?Tão jovem quando a dor começou,agora pra sempre com medo de ficar sozinha..."

FOR THE LOVE OF A DAUGHTER-DEMI LOVATO

***

Há alguns anos atrás,tudo o que ele sabia era amar;amar a esposa e amar os dois filhos:um garoto de 8 anos e uma garota de 14 anos,pronta pra entrar com o pé direito na adolescência.

Mas ele tinha um sério problema com bebidas,na verdade era um vício que o consumia desde quando ele achou que poderia afogar as mágoas.Mas me digam:desde quando se afoga as mágoas numa garrafa de álcool?Pelo que todos sabemos,a fossa fica bem pior quando o efeito passa.

Por essa razão,ele nunca deixava o efeito passar.Sempre renovando,sempre gastando o que ainda tinha de saúde e sempre magoando quem o amava de verdade.

A esposa procurava de todas as maneiras entendê-lo.Tentava procurar soluções para sua falta de emprego,mas sempre que ela tentava ajudá-lo,ele se agarrava cada vez mais numa garrafa de bebida.Até onde todos sabem,existe um velho ditado que diz:"O saco enche até transbordar".

Os filhos não pareciam notar a presente ausência do pai.O garotinho o tinha como ídolo,mesmo apesar de suas constantes falhas.A garota,pronta pra se tornar mulher,parecia colocar o travesseiro nos ouvidos e se meter debaixo do cobertor,sempre que os pais discutiam.Não por medo.Ela só queria que aquilo fosse um sonho ruim e seu maior desejo era acordar na manhã seguinte e ver sua família perfeitamente estruturada novamente.

R$ 1.250...era o que dizia o cheque do fim do mês da esposa dele.O salário havia diminuído e consequentemente as coisas iriam ser mais duras daqui pra frente.

__Se ao menos você trabalhasse...-dizia ela,infeliz.

Na adolescência,ela sempre sonhara com um marido honesto,trabalhador.Não que ele não fosse honesto,na verdade ele era a honestidade em pessoa,mas o vício o estava matando lentamente e matando o amor que ainda sobrara da esposa.

Seus dias eram um tédio...acordar,tomar café da manhã,tomar a bicicleta e ir fazer rastro pelo centro da cidade,sem rumo.Dentre em pouco,ele voltava com alguns filmes alugados e se punha na frente da televisão e lá ficava até 4 da tarde,quando saía pra fazer rastro novamente.

Isso quando o vício não o cutucava até ele ir aos bares saciar-se.Ao meio dia,quando a esposa chegava do trabalho e os filhos da escola,o fogão estava vazio e o almoço não estava pronto.Era sua única obrigação:fazer um simples almoço.Mas nem isso!

A esposa não aguentou muito tempo e o chutou pra fora de casa.Isso acontecera algumas poucas vezes.Ele sempre voltava com o rabo entre as pernas,dizendo que nunca mais faria aquilo e que deixaria o álcool de lado.A esposa o aceitava de volta,para a alegria do garotinho e para o total sofrimento da garota,que via seu pai completamente afogado num vício horrível.

Ela chegou a dar remédios escondido do marido.Sempre que ele tomava uma cervejinha com os amigos,voltava pra casa intoxicado e parava de beber por alguns dias.

Mas não é assim que se segura uma família.Os dois se separaram definitivamente,depois que ela jogou as roupas dele pra fora de casa.

Hoje ela vive sozinha,cuidando dos 2 filhos,mas ainda assim feliz,por não ter que se preocupar com a hora que o marido bêbado chegaria em casa.

E ele...bom...ele vive com outra mulher,trabalhando feito burro de carga(o que ele nunca fez com a primeira família)pra sustentar um filho que nem é seu.E hoje é seu aniversário...talvez ele nem lembre disso...mas a filha lembra...e fica se perguntando se deve ou não visitá-lo,já que ele nem sequer lembrou do seu aniversário...

"Ainda lembro do dia em que ele foi embora,sem dizer uma palavra,mas porque ela jogou as coisas dele fora.Não houve briga,nem mesmo discussão,porque de comum acordo,eles quebraram seu coração..."

Trecho da música Destruir o Fim-Egila

Egila
Enviado por Egila em 28/09/2011
Código do texto: T3245541
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.