Continuação do conto "ESSE CARA É UM GALINHA"

Continuação do conto : ESSE CARA É UM GALINHA!...

Finalmente, chegou o dia em que a Nivalda ia dar a luz...

Acordou cedo, já sentindo umas dores esparsas. Levantou-se, tomou banho e se preparou para o dia tão esperado... Foi à cozinha, preparar o café para ela e pro tio,.que ainda dormia. Antes que ele acordasse, Nivalda sentiu uma dor mais forte e, inesperadamente, o neném deu o ar de sua graça, rompendo com a bolsa dágua, avisando que estava pra nascer. Nivalda, humildemente, tocou o ombro do tio e, com delicadeza, acordou-o, dizendo:

Tio, tenho de ir pro hospital, pois já estou com as dores... seu café está na mesa, vou tomar um taxi; as dores estão aumentando....

Tio José levantou-se rápido!

- Não senhora, vou levá-la ao hospital, espere só eu trocar de roupa...

- Mas tio, seu café...

- Isso, eu faço depois... agora, o que interessa é essa criança...

E delicadamente, pegou-a pelo braço e a levou para o carro. Na viagem Nivalda ia pensando: - Como meu tio mudou, é uma pessoa sensível, é amigo; agora, sim, sei que meu filho vai ter um avô de verdade.

Chegando ao hospital, Nivalda foi logo levada pra sala do pré-parto. Era ´só aguardar a hora... Mas a hora, não chegava, as dores aumentavam muito e, diante do sofrimento, fixou o olhar num quadro na parede do quarto, com a imagem de Nossa Senhora do Parto e ali implorou:

Senhora, fazei que eu tenha um bom parto e que meu filho nasça com saúde...

Lá fora, tio José, andava de um lado e pro outro, preocupado, o médico ao vê-lo angustiado, dirigiu-se a ele:

- Já sei, o senhor é o avó e tem razão de estar nervoso. Sua neta está numa situação difícil, um parto demorado; Então, fique tranqüilo, nós vamos ter que fazer uma cesariana e, não demora muito, o senhor vai ver o seu netinho...

- Obrigado, Doutor! Eu não sou o avô, mas é como se fosse, sou o tio, único parente com quem ela pode contar... É uma menina muito sofrida, cuide bem dela, Doutor, eu lhe peço!

- Cuidarei, com certeza! ( respondeu o médico, atencioso) - A sala de parto já está preparada para receber a Nivalda e o neném que vai nascer...

Após algumas horas de espera, finalmente, a criança nasceu: uma linda garotinha, gorduchinha! Correu tudo bem, a cirurgia fora um sucesso!

Tio José não pôde visitá-la no dia do parto, pois estava, ainda, anestesiada e precisava descansar, mas foi ver a sobrinha-neta e ficou babando, extasiado!!!

Foi para casa e, no dia seguinte, voltou ao hospital com as roupas da parturiente e da sobrinha- neta; elas logo, logo,voltariam para casa...

De volta pra casa, na viagem, tio José ia pensando: - Meu Deus, como me apeguei a essa menina, espero que ela e a filhinha só me tragam alegrias para que eu possa ter uma velhice feliz...

O pós- parto foi tranqüilo para as duas, a neném mamava bastante, era calminha e, em poucos dias aumentou de peso, consideravelmente.

Tio José, orgulhoso, mostrava para os amigos a menininha como se fosse o seu troféu; contratara, até uma pessoa para fazer o serviço da casa, a fim de curtir o mais que pudesse aquela criança meiga, como um anjinho ... Assim, pouparia, também, a Nivalda para que ela pudesse estudar e se formar.

- Querida, você já escolheu o nome da neném? Temos que registrá-la...

- Já, tio, minha filha vai se chamar Terezinha, em homenagem à melhor amiga, que tive e a quem traí ...

A seguir, contou pro tio, o episódio, no qual ela traiu a amiga para ficar com o Artur. O tio ouviu, atentamente, e ponderou:

- Você, de fato usou de má fé para com ela, mas indiretamente, ajudou-a a se livrar daquele canalha e já pagou pelo que fez... O Artur é um crápula que você deve esquecer...

- Dele, já esqueci mas, da Terezinha, não; irei procurá-la e pedir-lhe que me perdoe, levarei a Terezinha e pedirei que sejamos comadres. Ficarei imensamente feliz se ela concordar em batizar minha filha...

E assim, Nivalda o fez:

- Terezinha, posso entrar?

Ao vê-la com a criança, Terezinha olhou-as admirada...

- Entra, Nivalda, que surpresa! Que menininha linda! É sua filha? Emocionada, com lágrimas nos olhos, Nivalda pediu-lhe que a perdoasse e lhe desse a chance de ser sua amiga, de novo...

Terezinha abraçou-a e assim ficaram um longo tempo...

- Oh!! Nivalda, não lhe tenho mágoa,pelo contrário, eu devia até lhe agradecer!

O meu rompimento com o Artur, só me trouxe felicidade, pois me casei com um homem bom, que nos ama muito, a mim e a meu filho Júlio!

E assim, a história entre as duas, ficou resolvida. Ao chegar em casa, Nivalda teve uma surpresa: encontrou o tio exaltado...

- Que foi meu tio? Que aconteceu?

-Aquele safado do Artur esteve aqui, querendo dar uma de pai, exigindo isso e aquilo...

- E aí, tio, ele lhe fez algum mal?

- Não, filha, fique tranqüila. Não lhe dei refresco não! Ameacei-o de irmos ao Juiz para exigir que ele pagasse a pensão pra Terezinha e se ele quisesse fazer visitas a ela, isso teria que ser resolvido, judicialmente...

- E ele, tio, que respondeu?

- Foi embora, saiu resmungando! Acho que ele não volta...

- Tomara...

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 28/09/2011
Reeditado em 28/09/2011
Código do texto: T3245046