Tereza e a liberdade

Tereza não sabia porque tinha nascido, era a filha que só dava desgosto, parecia moleque macho, resmungona, atrevida, e tudo aquilo que uma mulher não devia ser. Ah, eu Tereza, não devia ter nascido, pensava ela. Muitas vezes se olhava no espelho e em uma tentativa absurda gritava com o espelho, o que eu tenho de errado? Me responde por favor. E ficava pensativa olhando para o espelho esperando uma resposta.

Tereza certo dia pensou:

-Já que sou, a moleque macho, agora vou fazer jus ao nome.

E saiu de casa, resolveu passar em uma loja e comprar um par de chuteiras, e roupas leves, e saiu a procura de um clube de esportes, lembrou então que atrás da rua de sua casa, sempre ouvia gritos, e muita zoada, de repente poderia ser um clube, e lá foi.chegando lá, realmente era um clube, entrou e procurou pela portaria:

-Bom dia, gostaria de entrar em um time de futebol, tem vaga?

-Bom,bom para mulheres?

-Sim eu tenho cara de homem?

-Não, é que......

-Moço, preciso jogar, ou pelo menos aprender.

- já que é assim, vou falar com os meninos, espere ai.

Tereza ficou sentada em um banco de madeira, pensando em tudo aquilo que ouvira de seus pais, aquela espera parecia uma eternidade, no abismo da vida, querendo sentir a tal liberdade que sempre ouvia de suas amigas. De repente o ranger da porta era o tal homem, com a tal resposta? e carinhosamente fala:

-Sinto,sinto muito moçinha, infelizmente, não posso te ajudar nesse momento, agora só me resta pedir para que você volte para sua casa e vá brincar com suas boneca.

Tereza houve tudo aquilo com o fervor, o sangue queimando sua garganta que te impede que fale alguma palavra. Sai da sala, feito nada no meio do nada, mas que bonecas, que diabos, não era uma mocinha feliz, como pensava aquele homem, mas o que era a felicidade?

Algo corroia seu ser, as suas vísceras queimavam, sua boca seca, andou apenas andou.já em casa sentada na cadeira de balaço na varanda da sala, o vento tocando tua alma, tua pele clara, agora sem cor, não sabia o que era a tal liberdade, mas nesse momento sentia uma certa felicidade, uma vertigem que corria pelas suas veias, como o calor do sangue, as vezes frios, adormeceu...

Aila Soares
Enviado por Aila Soares em 20/09/2011
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