Fim da luta pela sua cidadania
Tinha ela a pretensão de prestar vestibular de letras em uma Universidade Pública. O que fazia ela se dedicar como nunca no ultima ano.
Catarina estava encontrando dificuldade na disciplina de língua estrangeira. Mas ele podia contar com a ajuda do filho em sala de aula. Eles estudavam na mesma sala de aula. Era uma maravilha, um sentido de felicidade inexplicável. Quem um dia recebeu uma mensagem da professora de sua professora; em que nunca seria ninguém. E agora se preparando para ingressar a faculdade! E, o que era mais fascinante junto com um dos seus filhos. Ainda lembrando da professora meteu os olhos no caderno e no quadro negro a passar para o caderno o verbo Tobey. O filho sentado em uma cadeira ao lado dela; tentava colocar na cabeça dela um pouco da língua estrangeira. A professora estava lá na frente mais perdida do que sego em tiroteio. O filho havia feito alguns meses de língua estrangeira, o que facilitava para tirar boas notas na matéria.
Catarina aos poucos ia assimilando a disciplina, conseguindo alcançar a media.
Neste dia ao voltarem para casa; caminhavam a passos lagos; véspera do aniversário do filho colega de sala de aula; estava um frio de bater os queixos; igual o dia do nascimento dele. As nuvens passadas rápidas soprada pelo vento, a neblina fina cobriam-lhes as caras, vindo da direção do sul, a neblina inundava os olhos; os cadernos escondidos embaixo da camiseta de uniforme. Catarina limpava o rosto com uma ponta da barra da camiseta; meteu uma apostila de filosofia embaixo da camiseta de uniforme, e continuaram andando com muita vontade de chegar a casa.
O vento começa a soprava um pouco mais fraco; na mesma hora que se esmorece, tornando a se levantar espalhando-se, entre as árvores das ruas.
Catarina envergou o espinhaço e deu uma corrida. Uma chuva de folhas secas das arvores mergulharam banhadas pela neblina ao chão. O filho curvou-se também e, enveredou em um correrão que chegou a casa alguns passos a frente da mãe.
Geraldo despertou-se pela algazarra que fizeram ao chegarem todos molhados e tremendo de frio. Catarina sentia seu esqueleto resfriado, mas trazia a sua alma bem aquecida. Não podia expressar tamanha felicidade. Estava estudando. Via o seu quebra cabeça aos poucos se montando.
Geraldo já em pé na cozinha, antes que eles entrassem na casa, ainda na varanda se sacudiram para cair um pouco da água da neblina. Ele apressou-se, em abrir a porta, nervoso com Catarina e o filho, ficou observando-os, com um pouco com uma carranca horrível. Desaprovou com movimento lento, balançando a cabeça que expressava indignação aos dois. Resmungou um resmungo curto, meio ofegante, volto-se para traz, foi deitar com uma cara que nem parecia cara de gente. Mas Catarina não queria saber de onde vinha aquela cara feia do marido; ela queria mesmo
gozar momento feliz. Momento de gloria. Estudando ela estava; oh que felicidade!
Agora já na cama Catarina, vai lentamente deitando e se encostando ao marido tentando aplacar o seu furor.
_ Arreda daqui!
Deu um empurrão na Catarina, que se afasta.
Ele estava com o capim do buxo azedo, com o ovo virado, como sempre, para variar.
O propósito de Geraldo era ofender a “mulher”, deixar ela para baixo. Ficava furioso quando percebia qualquer ar de felicidade no rosto dela. Aquilo para Catarina não era novidade; nunca tinha nem um ponto de atenção, ou carinho do marido; era assim a vida toda; ela já esperava semelhante coisa, apenas virou para o outro lado deu alguns suspiros:
_ hunfum, hunfum!...
Ela dormiu e amanheceu, acordou preparou o café; o filho colega de sala de aula, se alimentou, vestiu-se da farda, calçou os coturnos; que mais tarde Catarina e Geraldo; mais tarde um pouco seguem para uma apresentação do tiro de guerra. Era lá que estava o filho desfilando para cima e para baixo. Um orgulho. Estava tudo em ordem; Catarina fotografava-o; com a alma transbordando em alegria. O dia era especial. Vinte e seis de agosto; ele completava 19 anos. Aquela data era para ficar na historia de suas vidas.
Um mormaço levantava-se da terra; quando o sol por entre as nuvens batiam sobre a terra. Catarina estremeceu, indo ao chão em um desmaio, o rosto pálido desbotou ainda mais, os olhos castanhos claros arregalaram; e se fixando logo em seguida. Estava Catarina morta?
O filho foi anunciado do acontecido.
_ Afastem-se todos! Disse o filho aproximando-se da mãe, já estirada em cima de uma beliche dos soldados. Espiou-a.
_ Meu Deus, meu Deus! Pegou no pulso da mãe, que ale respira já mais aliviado, mais tranqüilo, a atenção desviada para a porta do quarto suspirou.
A mãe esticada, fria como um defunto. Levantou-a; agarrando os seus braços finos que caíram, mole batendo nas suas pernas. Com boca já seca sem saliva, coloca-a, deitada atrás do carro de um colega do Tiro de Guerra, fitava na mãe as pupilas esmorecidas, enquanto o motorista ia apressadamente ao ruma do Pronto Atendimento Municipal.
Chegou a porta da emergência; não olhou para lugar algum, com a mãe nos braços entrou porta a dentro. Colocou-a, em cima de uma maca na sala de emergência. Deus não podia permitir aquilo de Catarina morrer no dia do aniversario do seu filho! Nada ali estava seguro.
_ O que, que estava acontecendo com sua mãe?
A cara ficava mais pálida, o coração gelava, cada vez que a porta se abria para sair alguém na sala de emergência. Até o barulho do redigido das portas, davam-lhe, sensação de insegurança, e amedrontava-o. Os olhos dele enchem-se de água.
Lá dentro Catarina se encolhia no cantinho da maca, com muita dor de cabeça, e muito vomito. Catarina precisava ir com urgência para Cuiabá, ela precisava com urgência de uma cirurgia; ela esta com aneurisma cerebral.
A família não possuía nada, não tinham nem um tostão furado; se chacoalhasse a família toda não caia um real.
A vida de Catarina ia novamente tomando outro rumo. Os estudos novamente iam se afastando; esvaindo-se. A vida novamente resolvera armar mais uma rasteira para ela?
Catarina suspirou; tinha consciência dos fatos; a sua vida estava por um fio. Não conseguia tomar nem uma atitude, nem uma resolução.
_ Paciência, Catarina, tenha coragem, tenha bom animo, você vai vencer. Era melhor esquecer os estudos por enquanto. Vou ficar boa; vou me formar no final do ano, e no ano seguinte vou entrar para uma faculdade; ah, se vou!
Os dois filhos entram com cara de velório. Catarina, brinca com sorriso nos lábios; alisando a cara afim de vencer mais aquele obstáculo:
_ Porque, estas caras de velório? Ei! Parem com isso, eu não vou morrer; certo? Catarina desejava muito viver.
No dia 04/ 09 / 2003 Catarina contemplou a realidade nua e crua, nua e crua, se esforçou para não gritar perante tanta calamidade, naquele “Pronto Socorro”, ou seja, naquele dixe morrer! Dentro dela naquele momento houve um grito muito angustioso, que lhe veio um choro internamente, podia sentir as lágrimas esquentando dentro de o seu padecer. Como em um labirinto, onde ninguém podia lhe ouvir, somente os muito sensíveis. Um sorriso entre este pesadelo quase saiu na tentativa de não apavorar os seus desesperados que faziam rodas em volta dela, naquele chão imundo insalubre, deitada; atraindo a morte, perto de uns 40 graus, e ela ali estática, um transtorno cerebral, sim um transtorno cerebral! Em todos os sentidos, na doença pelo aneurisma, e no psicológico, por ver tanto desigualdade, com tamanha frieza, tratando o ser humano com o mais pobre tratamento, um cruel desprezo num inexplicável descaso. Catarina ficou vexada e aturdida. Era um exercício de paciência, naquela jornada de tristeza e dor enfadonha, o calor incomodava, condições precária e o resultado era só de cogitações, nada de certeza para atender os enfermos; não havia certeza de um atendimento nem ao menos longo prazo, não se via nem ao menos uma minúscula luz no fim do tonel, por certo a beira de se comparar ao paralítico de Beteza, que não tinha ninguém por perto, para que lhe atirasse na água na hora que o anjo aparecia, uma vez por ano, e movimentava as águas para um milagre. Assim continuava o martírio de todos os desprovidos, sendo tragados, dilacerados pela desigualdade, sem o mínimo de dignidade, sem o mínimo de Cidadania; provando talvez a amargura de José e Maria, na busca de onde era que o seu filho ia nascer? Em uma manjedoura foi o seu destino. Os animais com tanto carinho receberam o filho de Deus, estes não podem ser compararem com aquele humano fantasma, os animais deram o que eles tinham, aquecendo o com o seu calor interno, enquanto os humanos nem se aproximavam, e de longe mandavam que cuidassem da alma por que a carne já estava morta. Uma pobre alma que gritava, gritos de horrores como se um animal muito feroz o prendesse entre as unhas, devastando a sua vida, que fechou lhes os olhares em grito fulminante, e então estava lançada a sua sorte junto à morte. Enquanto assim ia pensando, e Catarina ia ali, sendo devoradas as suas esperanças, perdendo-lhe o chão dos seus pés, ela viu quando a pobre alma se estaqueou bem próximo dela; que sentiu a imensa repugnância pela tão cruel sociedade, que talvez tenha invadido até o céu. Aquele espaço lhe parecia um verdadeiro calabouço bruto, envolvido ao meio um furacão; via a larga devasta destruição. O recurso foi então conter lhe fortemente, olhando para cima, pois ao ver aquele flagelo que continuava a passar, com tanta crueldade em desumanidade, tudo muito tumultuoso e turbulento, apavorante, os pobres desprovidos continuavam a receberem as sentenças da agressão de uma sociedade corrupta e hipócrita. Os funcionários fantasmas passavam como se estivessem em um parque de diversões, este comportamento por conseqüência de estarem acostumados com tanta pobreza debruçados pelo chão. Catarina pensava:
_ Rezem para que não caiam no seio desta civilização. Um flagelo totalmente desarmado, mas são estas situações que sustenta a vida de futilidade dos grandes poderosos.
Mais uma vez lhe vem um largo pensamento:
_ Quantos projetos foram elaborados e executados pra estes fins, como os impostos que já paguemos, e em troco nos devolvem obras miseráveis que em vez de direito de vida nos ponham um fim. Fim nos que lhe creditaram votos de confiança, transformando tudo ali em uma melancolia do descaso do sofrimento alheio. Catarina com olhar embaralhado e enfraquecido, sem expectativa de vida, naquela hora viu chegar uma chance única, não sabia naquele momento se havia caído do céu ou se brotara da terra, só sabia que ali aquele cálice alguém veio passar com ela, que sentiu um grande pesar em sua alma, por acabo tão miserável assim ficariam os outros restos mortais, com a mesma fragilidade. Tudo naquela figura de mulher de alma tão amável tinha a imensidão de ternura e generosidade, mas como só isso não resolvia aquela baixeza do limo das profundezas do mais padecimento humano, onde se sente um verdadeiro verme em poderes. Como não podia ali lutar pela vida em coletividade, ela redobrou as suas forças de vontade de viver, pois via agora não mais uma luz no final do tonel, mas a luz de um novo amanhecer, lhe desprendendo do inferno, o qual o dia que ali se passa é um século. É! Bastou à presença desta figura amada, com a companhia do dinheiro para que Catarina recebesse o melhor tratamento. O mesmo medico que encontrou no inferno se a teve no paraíso. Tudo aconteceu de um dia para o outro; o quebra cabeça veio todo abaixo, voando peças para todos os lados da sua vida. Um quebra cabeça de uma vida inteira. Isso aconteceu quando ela foi acometida pelo aneurisma cerebral. Só que nem isso fez desistir de terminar os estudos. Com apenas trinta dias depois da cirurgia, voltou à sala de aula.
Catarina termina o segundo grau na pura raça. Só que ela não tem coragem de prestar o vestibular; se achando incapaz de competir uma vaga. Era a decepção que havia lhe tomado toda a sua vida. Via-se totalmente incapacitada e sem recurso vegetava á sombra do seu filho caçula. Com que por muitos anos, o, a sustentou de remédio, medico; enfim de tudo.
Ela foi tomada por uma implacável amargura, uma tristeza vencida, um desespero sem fim, contra todos e contra tudo, por não ter sido possível alcançar o seu objetivo; agora sentia suas mãos tremulas e inúteis. Um medo um pavor, um grande pânico tomou conta da sua vida. E, como o seu atual estado de miséria não conseguia abrir a boca com ninguém. Desabafava no papel, debruçando as suas melancolias nos seus poemas. O seu rancor, as suas magoas remediava-lhe, dos dedos na escrita se invernava. Onde esta a virtude e a beleza da vida? Cadê a mocidade, a força, a saúde e principalmente a família? Eis o que ela não perdoava a vida; desde criança havia sonhado com os estudos. Seus dias eram consumidos da seguinte maneira: após o jantar ia para a beira de a rua sentar no meio fio, onde costumava ficarem sentada até altas horas atolada as suas melancolias. A noite só dormia sobre tranqüilizantes. Passava os dias trancados em casa. Às vezes o filho encarregava-lhe, de fazer pequenas compras de alimentos, o que Catarina desempenhava melhor que ele. Mas a sua grande paixão, o seu desejo ardente era voltar estudar, adorava tudo que dizia a respeito da Educação, posto que tivera sempre invencível amor ao lápis, e o papel, onde podia desabafar sem sofrer nem um tipo de discriminação; amava qualquer pedaço de lápis; não tinha talento para professora e nem para escritora, mas era muito insistente. Não podia ouvir alguém falar de alguém que havia lançado um livro; ela entusiasmava-se, porem com tudo que cheirasse a Educação; a presença de um educador tirava-lhe as lagrimas de emoção.
Revoltava com a vida, que a obrigou aquela estropiada, levada a por uma infinidade de pobreza; fartando-a, de um longo caminho de sofrimento.
Lamentava-se, ela a de que; aquilo de perder o sentido da vida era mesmo para dar-lhe acabo do resto da sua vida!
Em um dia em que se encontrava sem objetivo. Já havia criado os filhos; eles não dependiam mais dela, e ela sem saber o que fazer da vida. Então foi neste espaço de tempo que ganhou uma bolsa de estudo. A faculdade oferecia três cursos: o de Administração de Marketing, Turismo e Gestão de Informação. O que ela se identificou melhor com o marketing; por estudar o comportamento das pessoas.
A vida na faculdade se torna muito difícil. O filho ganhava muito pouco. Ela se obriga tentar voltar à profissão antiga. Catariana trabalhava de manicure, manejava o alicatinho, lixa de unha, de pé, mexia as mãos, sentada em uma cadeira de manicure; com o espinhaço arcado, cabeça baixa, sentia muita tontura; o trabalho lhe exigia trabalhar encolhida; isso ia o dia todo até a noite neste movimento todo.
O filho trabalhava em um escritório de engenharia como desenhista, o salário era de duzentos reais. Parecia que a dignidade de vida havia desaparecido quase que por completa. Catarina resistia pedindo a Deus um milagre. Mas quando veio o dia em que realmente ela não podia trabalhar mais como manicure; a fome entra sem pedir licença. Tiveram que vender alguns move que restavam para comprarem comida e para irem se mantendo na faculdade. Mau sinal. Ficou com um colchão velho de casal, a televisão, o computador e mais nada.
Catarina tomada de depressão, agoniada com a situação, só podia ver um borrão cinza, muito escuro, tudo apagado em sua vida. O mundo se descoloriu. O salário do filho era pouco e ainda só recebia picadinho; e muito atrasado.
Catarina teima em voltar para sua velha profissão.
Nas ruas surdas e mudas, alargavam-se, os dois em uma bicicleta velha. Eles faziam um trajeto de 4 km, engarupados seis vezes por dia, para o trabalho e mais 8 km, duas vezes por noite para a faculdade
Ordinariamente comiam e dormiam pouco. Fazia dias que se alimentavam de caju e mamão. Arrastara-se, nesta vida por muito tempo. O filho cambaleando, montado na bicicleta velha, e na garupa Catarina agarrada a sua cintura; a mochila pendurada no ombro.
E hora da faculdade arrastou-se, para lá, devagar, o filho com ela na garupa da bicicleta. Uma fila enorme de veículos e motocicletas tirando fininho deles. O filho chegava à faculdade, suando e fustigante, com o peso que arrastava uma distancia de oito KM.
Ao voltar apara casa; ele desanimado cabeça baixa, afastou-se para o quarto, um colchão velho jogado no chão. Era ali que ele e sua mãe repousavam depois dos dias enfadonhos. Ele se deita indignado com a injustiça, se travessa, no colchão, escondendo a cabeça em baixo do travesseiro murcho já bem gasto; ele deita saindo quase fora do colchão.
A mãe acompanhou-o, naquela hora difícil. Repousou junto dele. O filho animado-a, oferecendo-lhe, o calor humano e recebendo o calor materno, na espera de uma animação. Provavelmente não aconteceria, mas acreditava no seu consolo. As palavras que lhe dizia eram doces; acariciando as suas costas bem de pertinho; ele olha para a mãe com as pupilas castanhas claras, onde a confiança de vencer na vida brilhava. Admitiam que existisse um jeito de passarem por aquela situação, e ninguém podia lhes tirar esta certeza, nenhuma impertinência ia tirar o desejo de ver sua mãe formada. Às vezes recebia os pontapés da vida, parecia que sem motivo. Os pontapés estavam previstos e não dissipava a imagem de sua mãe agarrando o canudo e jogando-o, para cima. O filho
arrancou a mãe daquele momento de depressão, dando animo de que iam vencer, e a coisa seda ou mais tarde iam melhorar, era só uma questão de tempo. Logo após ela foi ler uma apostilha de Recursos Humanos, sentada, no chão recostando na parede, sentindo-se, graúda por meio daquela conversa que o filho teve com ela.
O vento morno que soprava do norte encheu o quarto. Ela alongou o espinhaço na parede, com a apostilha nas mãos. O filho topou-a, chorando, deitada agora de papo para o ar no seu cúmplice colchão velho. Ele tentou diminuir-lhe, o padecimento, abraçando-a. Não podia sentir dor maior. E como nunca se impacientava, continuou abraçado com ela, afagando-a, chamando-lhe, a atenção para a vida. Afinal naquela noite convenceu-a, de que o tal procedimento era inútil, e que não levaria a lugar algum; com aquela pena que sentia de si mesma.
O filho sentou-se, no colchão, acomodou no seu colo a cabeça da mãe; pôs-se, a conversar-e, em um tom baixo, com voz mansa e suave.
Tinha ele um vocabulário tão gostoso que acalmava a penosa da sua mãe. Valia muito a pena aqueles obstáculos, a falta enorme de dinheiro, chegando ao extremo; jantavam ou pagavam as apostilhas no Xerox. Isso os fortaleceu, para não terem mais medo de nada. De forma que tinham a certeza que de fome não morriam. Que na vida havia jeito para tudo, menos para morte; e ele estava vivo. Isso é que importava no momento.
O mundo todo parecia que lhes tinha abandonados. Para Catarina o filho era a única pessoa que lhe mostrava simpatia e vontade de lhe ver bem. Agarrou-a, novamente com as suas mãos grandes, passando os seus longos dedos por entre os seus cabelos curtos. Fez uma leve mensagem na cicatriz da cirurgia da sua cabeça, e a mão encolheu-se para sentir bem o contato agradável, abraçando-a. continuou acariciar-la, aproximou do rosto dela, a sua cara expressava muita paz, então a beija, na face.
A fome apertava demais os dois, e por alguns dias não existia sinal de comida. Nesta noite eles jantaram um miojo, cozido entre dois tijolos; aquecidos por um fogo feito com as palhas de uma vassoura velha, que acharam atrás da casa, unto a um monte de coisas abandonadas.
Como estudar de estomago vazio? Agora o pensamento congelava, dirigia-os, para um prato de comida, deveriam estar acostumados com a pobreza, mas ninguém acostuma com coisas ruins.
Eles tinham a impressão de que não iam conseguirem chega ao final do curso.
Neste dia havia provas e eles não sabiam como iriam para a faculdade. As coisas indo de mal a pior, a Catarina se referia a uma situação humanamente impossível de passar. Por isso resolveram desistir da
faculdade. Mas se ela desentese o filho também com certeza desistiria. O filho teve o mesmo pensamento.
Mais tarde eles se redimiram dos pensamentos, as coisas ruins não fizeram com que eles não fossem à faculdade. Forem a pé, os mais de seis KM. Agora tinha a certeza de que nada ia fazer com desistissem. Iam se formar e transmitir para muitos essa superação; serviria de motivação para quem queria alcançar um sonho.
Catarina já estava achando as bordoadas de vida, coisa natural. Ela começa a acreditar que tudo que estava acontecendo, era na verdade desagradável, mas porem necessário; acreditava que as coisas para ela tudo teria que ser algo muito difícil. Só havia uma maneira de evitá-los, era se preparando para as fatalidades da vida; que sempre lhe apanhava de surpresa, uma extremidade de pancadas e rasteiras, que lhe sobrevinham.
Logo Le vem uma vontade enorme de se esconder em meio uma mata e não enxergar mais ninguém, com desejo de morrer. Incapaz de realizar o desejo se aquietou.
Efetivamente a situação era desesperadora. Já deitada no colchão estendido no chão; ela estira as pernas, e trás as junto, encolhendo-se, bem; era como se estivesse no útero de sua mãe; seria muito bom dormir!
O filho beijou-lhe o rosto úmido, molhado pelas lagrimas, embalou-a, com as mãos balançando-a. A alma pôs se a ninar a de sua mãe. Pensou em um prato de quentinho de arroz e feijão. Não havia comida. A fome falava alto. Diligenciou em afastar do seu espírito aquela recordação.
Levantou-se. Viu por entre a luz lá de fora, que clareava pela janela da cozinha, a garrafa térmica de água fria que apanhavam em um bebedouro, ao lado, em uma empresa de vidraçaria. Isso lhes possibilitava-nos, de tomarem água gelada.
Ele foi pegar a garrafa em cima de uma velha cadeira.
Ao beber a água, o sentimento de revolta se misturou como o de um ser inútil, que descia junto com a água, que bebia. Como era possível suportar algo semelhante e não desanimar, entregando a vida ao lixo? Agora entendia o que levava a uma vida de mendigo e de ladrão.
A mãe chegou-se com um sorriso, beijou-lhe o rosto e consolou-o. Ambos fingindo de corajosos. Ainda mais um instante; sentiu-se, fraca, meio desesperada pela vida, olhou os braços magros, dedos finos, pra lá de magros, abraçou o filho com certa violência, que o assustou. Ele não estava esperando aquilo. Ele com o copo na mão viraram-se, meio reprovando os modos da mãe.
Agora o ultimo gole de água escorregou até o estomago vazio. A mãe continuava abrasando-o.
O filho se conteve para não magoá-la. O cheiro dela era bom, mas se misturava com o de carne que vinha do outro lado da rua; de uma banca de espetinho. Ali Havaí comida, carne, arroz, mandioca. Hum! Um prato cheiro de comida com uns graúdos pedaços de carnes. Ah, como aquele cheiro lhes judiavam.
Os dois estavam arruinados, em volta de uma vida sem estrutura alguma.
À noite na faculdade estavam com uma fome medonha, o ar condicionado lhe fazia muito mal. O frio lhe deixava muito pálida.
Já em casa quando iam dormir, tinham a necessidade de se alimentarem. O filho em torno do fogo sentado na mureta da varanda, Catarina deitada de pernas encolhidas. O filho lá fora remexia as brasas com o cabo da concha de alumínio, arrumava entre os tijolos, colocou mais alguns pedaços de madeiras, procurou acende-las. Soprou as brasas, com muita força, enchendo bem as bochechas. O local do quintal ficou todo em fumaça. Ele tossiu, enxugando os olhos; manejou as mãos abanando com uma tampa de panela, que logo as labaredas saltaram entre os tijolos. Um circulo de luz apareceu, agora a figura do filho, surgiu na sombra, avermelhada. Ele estava visível só parte de si, de pé ele ficava alto, que a luz do fogo pegava só parte do seu corpo, que se tornava invisível do peito para cima, era uma escuridão total.
Ele estaca com água na boca de vontade comer o aquele miojo de caldo de feijão. Por hora ia tudo bem. O filho esfregava os olhos, tentando afastar o ardor causado pela fumaça. O miojo fica pronto com um gosto enorme de fumaça, mas com a fome que estavam; foi bem vindo ao estomago que não estava muito exigente.
Eles procuravam não se preocuparem muito com o futuro, guardando as energias para os estudos. Ainda havia quatro miojo. Que dava para enganar um pouco a fome, e não havia perigo de a safra de caju acabar de uma vez. Só os pés de mamão estavam com as folhas bem amarelada, isso ameaçava o fim da safra; e o pesadelo da fome estava a aterrorizar a Catarina desde sua infância, fazendo-se, aliada da sua vida até quando não se sabia.
De repente uma luz no final do túnel. O trabalho do filho na Cidade de Sorriso, como desenhista de engenharia elétrica. O trabalho foi não era uma oferta de ganho muito bem, mas já estava melhor que antes. Ele agarra com as duas mãos, pois era uma válvula de escape.
Catarina estava agora só. E ao chegar em casa, carregando a pasta cheia de materiais da faculdade; abriu a porta rapidamente, e mais rápido tirou a chave e passou-a para dentro, girando-a, em um estalo de dedo estava dentro de casa. Colocou a pasta ao lado do colchão não chão. Na janela um
risco enorme, rapidamente rasgou céu para o lado do Norte. Logo veio mais um, e foram ficando cada vez mais perto e mais claros, o trovão rasgava cada vez mias próximo. Não foi até meia noite e a chuva rolou com vontade; era chuva que Deus mandava. A ventania parecia querer arrancar tudo, levando que encontrasse pela frente. Os relâmpagos foram fora do comum. E Catarina deitada no colchão, ouvia a chuva que caia, arrastando folhas e galhos. Catarina era traumatizada com chuva, não podia ver uma nuvem no céu que entrava em pânico. A casa era forte. Apesar de quando as carretas passavam embaladas em frente, ela tremia-se toda, parecia que os tijolos já iam todos ao chão.
A chuva roncava parecia ser derramada de balde. A chuva não podia fazer muitos estragos, alem de derrubar o resto da safra de caju ao chão. A casa era de alvenaria, uma das primeiras casas de Sinop, mas porem bem firme. A estrutura da casa resistiria a fura da chuva. E quando ela passasse; então Catarina colocaria a fuça para fora do lençol.
Catarina estava com os dois dedos metidos nos ouvidos para não ouvir o barulho da furiosa chuva, que parecia desabar tudo para baixo. Os trovões zumbiam, e o rumor da chuva era tenebroso que a esmorecia, tirando ainda mais o seu sono.
Enquanto isso o filho estava vivendo a façanha de ir e vir todas as noites, para a faculdade com o ônibus de estudantes de Sorriso. Ele estava otimista, convencido de que não demoraria em ver os efeitos notáveis. A pobreza sempre lhe amparou nos seus seios, e nos últimos tempos acontecera que havia piorado: a doença da mãe, veio quebra-lhe as pernas, ela não consegui lá aquele trabalho. Estava fora do mercado de trabalho. O que sabia fazer já não desempenhava mais, com grande êxito. Agora era a faculdade e quem sabe uma transformação; a transformação da água para o vinho. O filho passava a semana em Sorriso. E Catarina, fantasiando as melhoras em suas vidas. Se o filho se desse bem no emprego, era hora de darem uma boa distanciada na miséria. Catarina estivera dia assim, mais animado, pensava que agora sim eles iam melhor para a faculdade.
Em meio estes pensamentos as trovoadas viam muito estridentes, roncando, era uma boa chuva, veio apagar bem a poeira. Agora já chovia menos, o vento havia abrandado. Os relâmpagos sumiram não se via mais pelo vidro da janela, iam ficando cada vez mais distantes.
O filho estava contente. Catarina viu em seu olhos, ainda a poucas horas na faculdade. Olhos de quem ia agora cumprir bem com as suas obrigações; a manutenção para a faculdade. Abriu uma conta na cantina da faculdade. O lanche era muito bom, como os manjares dos Deuses! Não da para esquecer-se do primeiro dia! O estomago estava encostando-se às costas.
Neste dia comeram dois risóles de frango e um refrigerante de seiscentos ml. Foi um belo jantar. Nesta noite a fome desceu a ladeira da garganta, se trumbicando lá no fundo do estomago.
A noticia que tinha, era que no final do mês podia contar com o dinheiro, que daria para pagar a cantina, as despesas da faculdade, incluindo ai a vã que agora leva a Catarina, e o ônibus que o trazia, e levava a energia, o mercado e uma ajuda para seu irmão. Tudo na maior economia, mas já estava muito bom. O filho estava seguro, baseado na de que ficariam alguns dias na casa do irmão, e mais tarde quando melhorasse; alugaria uma casa e levaria sua mãe; mudando-se, de vez para a Cidade de Sorriso.
Aquilo de terminarem a faculdade era um sonho, mas eles acreditavam nele.
Catarina arrumaria um trabalho, junto ao seu conhecimento Adquirido na faculdade. E, então agora a fome nunca mais lhes atormentariam, e então iam conhecer melhor e mais de perto o que seria ter Cidadania. O passado morto estava problemas com certeza teria, mas aquela vida de fome; para Catarina nunca mais. Ela um dia promete para ela mesma; que fome nunca mais, só não ia matar roubar ou trair, mas que a vida venha, e estaria em pé. Faria qualquer coisa, mas fome jamais.
A fome que foi sempre colocada aqui, é aquela que amanhece e anoitece dias de dias sem ter o que colocar na panela.
Catarina ainda sem dormir pensa:
_ Com uma faculdade tudo será mais fácil; tanto eu como meu filho estamos nos preparando para o mercado de trabalho.
Catarina estava fora do mercado de trabalho, mas ia se enfiar para lugares onde os novos não tinham coragem de irem. Lá para o sertão!
O filho podia ficar. Ele já estava inserido no mercado de trabalho; emprego para ele não ia faltar.
Catarina esta contente. Talvez agora eles pudessem adquirir pelo menos uma cama. Realmente o colchão no chão onde se espichavam era um incômodo. Viviam atacados da reniti alérgica.
O filho já havia chegado a casa em Sorriso! Catarina pensa; fazendo força para dormir sem ajuda de medicamentos, mas não deu. Escutava tudo que passava na rua. E vinha tudo que havia passado na vida.
O filho de olheiras fundas chega à casa do irmão; já quase duas horas da manhã. Não foi muito bem recebido. O irmão e a cunhada haviam se desentendido. O irmão pede que ele vá se arrumar em outro lugar, ali não dava mais para ele ficar. Ele zangou-se com a impertinência e quis ir logo embora. Depois se moderou afinal a casa era deles e o que ele podia fazer
era dar razão. Mesmo admitindo que se fosse ele não faria aquilo. Sabendo que ele estava ali só por alguns dias.
Mas...
Logo veio o desencanto. Teria sido melhor reprovar aquele semestre, em vez de ter ido se hospedar na casa de seu irmão! Eles deviam ter reprovado aquele semestre. Não. Ele se sentiria inútil.
Agora tudo estava novamente mudando. Era lá pelas oito horas da manha; atrás da casa, a varanda estava inundada. A batida ma porta e a voz era familiar, mas o sono pesado de quem foi dormir de madrugada, custa entender que era real; trazendo-lhe estranheza.
O abandono do irmão parecia estar ali em um vulto enquanto insistia batendo a porta. Catarina meio imóvel dopada de remédio, pacientemente, abre a porta. O filho havia prestado um sacrifício a toa! Todas as noites faziam uma viagem de oitenta quilômetros para ir e vira para a faculdade. Indo dormir as duas da manha e levantando as cinco. Levantava as cinco porque o patrão encarregara de alem de desenhista limpara o escritório. E, ele fazia isso bem cedo, para que os demais não visse limpando o chão.
Catarina recebeu-o, com ternura e tamanha alegria. Ele entrou, deitou-se, no colchão estendido no chão; procurando apagar da sua lembrança a mágoa que estava tão rasa em seu espírito. Tudo era muito recente. Ele soltou um suspiro longo de tristeza e dor. Bem. Eles atravessaram mais um mês e meio pandegando e logo o filho arrumou outro emprego. Agora sim; dava para ter mais segurança. O emprego era de carteira assinada e recebia pagamento em dias.
Em uma agencia de publicidade, agora o filho esta trabalhando. Outro grande desafio.
Eram dezoito horas, era o tempo de grande calor. Estavam saiam para a faculdade; deixando a casa. A casa era rodeada de construção, ao lado direito o prédio, de uma empresa de vidros de automóvel, ao lado esquerdo um enorme barracão. Uma borracharia. Ao fundo outro enorme barracão. Um deposito de um secador de arroz. As pilhas de arroz eram enormes, tudo dificultava a passagem de ar. O lugar era abafado. A frente da casa dava para o sol da tarde, não havia uma pequena árvore que lhe fizesse uma sombra.
Nesta noite o calor era estupendo, redemoinho de vento espalhavam se na rua em frente da casa rosa de telhado preto, de cor da casa já era bem desbotada, denunciava os anos de construção. Nuvens de poeiras, papelão e plásticos dançavam em meio aos canudos de ventos que se formavam; como um bando de crianças brincado de rota cutia.
Tinha já fechado a casa, atravessado a BR; descido a Avenida dos Tarumã, e pedalava nos eixos da bicicleta, ele apertava os pés calçados de um velho tênis de brim azul ganhado de um dos seus primos, com a mãe na garupa, procurava erguer o espinhaço, o que ordinariamente não conseguia. Catarina, enfiada em uma calça jeans e uma camiseta de cor laranja; o uniforme da faculdade; equilibrava-se na garupa da bicicleta.
O filho teimava pedalando contra o vento, fazendo um esforço danado para prosseguir, alguns passos à frente. Ainda andando pela Avenida dos Tarumã, não agüentando por muito tempo. Neste dia estreavam a bicicleta nova; uma bicicleta feminina. Era uma bicicleta usada, de cor verde. O pneu não agüentou instante estourou. Era semana de prova. Melhor enfrentar a pé do que requerer novas provas, tudo custava dinheiro, e não iam poder consertar a bicicleta tão cedo. Eles tentavam se encorajarem em ir a pé para a faculdade olhando as vantagens. Marcharam na caminhada; apreçavam na direção da faculdade; de longe avistavam as luzes. Olhavam o chão, procurando o acostamento, para evitar um acidente. Os carros lhes atordoavam as vistas pela luz dos faróis. Era um breu. Não havia iluminação pública. Ali eram tudo recente, os bairros, e a faculdade. Era o primeiro semestre da faculdade em prédio próprio. Vinham pessoas de toda a redondeza estudar ali. Esse tempo foi muito honroso para a Cidade. Afinal Sinop, contava com mais uma faculdade; e com novos cursos e no alcance de quem nunca pensara poder fazer uma faculdade.
Foi então que um empreendedor da Cidade teve a idéia de doar toda a pavimentação envolta da faculdade; e, em troca converter o dinheiro investido todo em bolsa de estudo para os menos favorecidos. Catarina e seu filho foram uns que lhe chamara a atenção para uma bolsa de estudo. Podendo eles escolher entre os três cursos que a faculdade oferecia. Catarina escolheu Marketing, e o filho escolheu Gestão da Informação. Não havia na Cidade, ima só autoridade com semelhante idéia. Este empreendedor detectou esta necessidade, em meio a sociedade.
Particularmente ele não podia imaginar a melhor ação usada por ele, uma ação de grande valor para contribuição de melhor Cidadania. A Cidadania é a coisa, mas digna para uma sociedade em evolução, voltada para um mundo melhor; formando pessoas do bem. Melhores políticos, melhores eleitores e melhores famílias. E por fim tudo que o mundo espera. Pessoas mais humanas. Um dos maiores pecado da sociedade é não fazer caso dos menos favorecidos, privando-os de sua Cidadania. Assim é que cada pessoa dessas, sem condições de vida são tragada pela desigualdade social. Até que a vida venha desfraldar-lhes. Em bem pouco tempo atrás os anúncios para trabalhos eram assim: _ precisa-se de pessoas para
trabalharem; de preferência que não estudem; estes anúncios corriam solto por meio de alguns meios de comunicação. O empreendedor entendeu desde cedo desfazer tão ruins costumes em meio algumas empresas da Cidade. O seu projeto foi de grande valia, pois não estava muito longe de se desarraigar absurdo habito, de os anúncios para o mercado de trabalho. A idéia de colocar a pessoa menos favorecida na mesma faculdade, dividindo espaço nas salas com a classe alta e a media, vivendo em comum, um sintoma de que estava havendo um grande avanço na melhoria de Cidadania da Cidade de Sinop.
Ao cabo de poucos meses havia muitos bolsistas. E nesta, finalmente Catarina estava de encontro com um dos seus maiores sonhos. Cursar uma faculdade. O que desde sua infância era uma questão de honra. Mostrar que ela era capaz.
No fim dos dois primeiros semestres achou-se em mais apuros; caiu em profunda depressão. Era uma melancolia horrível, ficou. Era uma melancolia horrível, ficou mais amarela e magra do que já era, comia pouco e dormia pouco e suspirava a cada instante. Tinha medo de não conseguir a tão sonhada formatura. Não ousava fazer nenhuma queixa quando eram mandadas as notas baixas para o provedor da bolsa. Porque, ele já estava fazendo muito em doar a bolsa; o resto tinha que se virar. Eram o transporte, as despesas com livros, enfim todo o material didático.
O jeito era fechar este segundo semestre, indo a pé, e depois trancar o curso. Nos último semestre sentiu faltar-lhe o fôlego. Nunca dos nunca, esperava tamanha generosidade. O universo continuou a conspirar ao seu favor; era uma pálida sombra do que ia de encontro; era uma carona que uma amiga da faculdade; concede-lhe. De hora avante todos os dias. O lado de Catarina, quanto o transporte estava resolvido. O que ela não se conformava ainda era com a forma em que o filho estava se largando para a faculdade. Chegava às dezenove horas em casa; de volta do trabalho e tinha que se bandear de bicicleta até a faculdade. O trajeto agora não era tão longe, mas já havia feito muitas viagens de ida e de volta para o trabalho e o, que aumentava o desconforto era o horário. Não era uma empresa que o sugava, mas era ele que estava em, enfrentar um desafio. Ele estava novo no trabalho e precisava aprender muitas coisas sobre publicidade; então em algumas situações tinha que refazer os trabalhos. O que lhe tomava muito tempo.
As lagrimas de Catarina rolavam no intervalo, quando percebia que o filho não havia aparecido na faculdade. Ele não tinha carona junto dela, porque os dias de aulas não batiam; estavam no ultimo semestre. Catarina tinha aulas, na segunda, na quarta e na sexta. Ele na terça, quinta e na sexta. Só na sexta que batia. Então neste dia era muito difícil ele faltar, pois mesmo quando chegava atrasado do trabalho, chegava atrasado à faculdade, pois a carona de sua mãe lhe esperava. A amiga fazia questão de esperá-lo. Os outros dias foram ficando cada dia mais escassez na faculdade; o trabalho lhe tomava bastante o tempo e sem contar com a monografia. E se alguma coisa preocupava a mãe era que o filho pouco podia aparecer na faculdade. Ao passo que Catarina, sentia no filho e nela o desanimo causado pelos anos mal dormindo, má alimentação; haviam lhes roubado o animo no ultimo semestre. Ela não podia chegar ao final do curso sem o ele.
A faculdade estava acabando, Catarina estava entusiasmada, que a formatura era para ela uma das coisas mais belas, que podia haver no mundo.
No dia dezoito de Agosto de dois mil e quatro às dezoito horas se da à formatura. Catarina mostrava uma expressão de um vivo contentamento. O sonho de Catarina estava se cumprido; o filho orgulhoso da bacharelada relaxou os músculos no sofá, esticando-se bem; deu um longo suspiro. Era tempo de comemorar. O sonho de Catarina se formar em um curso superior virava em realidade.
Os olhos de Catarina umedeceram; ao lembrar-se das palavras da professora. No mesmo momento se sentiu forte por ter levado tudo aquilo por terra. Aquilo de que ele nunca conseguiria nada alem de saber assinar o nome. O filho levanta-se do sofá, e abraçou-a, com ternura. Cataria recebeu-o, sorrindo, esquecendo por hora aquilo. Pouco a pouco uma vida nova, ia se encaixando. Acomodar-se, ia a um lugar pequeno, o que parecia difícil a ela, já fora do mercado de trabalho se arranjava em uma Cidade do porte de Sinop, onde as faculdades desovavam mais de mil profissionais por semestre. Catarina estava contente acreditava na vida, nos seus sonhos, não sabia ainda aonde ia se colocar. Repetia docilmente para ela mesma, sempre que podia. _ Catarina; você que vem a tempo buscando a sua Cidadania, para devolver em dobro a sociedade, por que você acredita nela. Vem quanto tempo metida neste sonho de ver um mundo de completa Cidadania. O de um mudo de igualdade social; onde todos saberão como tratar as outras pessoas. Você velhinha, se sentido gente que cumpriu sua missão na terra. Alcançou o tempo de que as pessoas são livres para pensar e falar, todas as pessoas tem direito os documentos gratuitamente; uma farta biblioteca e os pais todos os dias mandando as crianças para as escolas, bem alimentados, isso é o bom começo para a Cidadania. Catarina era hospede de si; então diz: fale que meus ouvidos os escutam: _ sinto que o mundo está se encaminhado para um mudo mais justo.