Falta algo

Era inverno, as ruas ficam mais bonitas quando chove. Mais vazias. Ele estava inquieto, então decidiu sair para ver se faltava algo. Seria mais fácil olhar a dispensa e anotar o que faltava, mas ele não pensou nisso, queria “procurar”, perder tempo. Saiu sem saber se havia trancado a porta, ficou em dúvida, mas não quis voltar para conferir, estava sufocado! Ao sair à rua ele respirou com força toda a umidade do ar. Andou por algumas quadras a procura não sabia do quê, estava perdendo tempo, andou até sair em uma rua desconhecida, entrou em um pequeno mercado, procurou por nada, fez questão de examinar minuciosamente cada prateleira do lugar. Nada, não faltava nada. Andou sem rumo por todas as ruas do bairro, sem se importar com o risco de ser assaltado. Decidiu que não ficaria andando feito uma barata tonta, que iria a algum lugar. Ele iria a algum lugar, persistiu com a idéia... Mas para onde? Não tinha aonde ir! Ele procurou, pensou, mas ele realmente não tinha opção, foi obrigado a ver que o mais sensato seria voltar para casa. Não faltava nada. Ele voltou, e sim, havia trancado a porta, ao entrar e se jogar na poltrona ele notou um silêncio que enchia a sala, após alguns minutos de estranheza ele realmente pode ver que sim, faltava algo.