Os homens e seus joguinhos

Noventa e nove vírgula nove por cento dos homens gostam de futebol. Isso é uma coisa que se eleva a praticamente cem por cento quando se trata de Brasil, na contramão disso, talvez o mesmo percentual de mulheres não gosta de futebol.
Marcio era um apaixonado por futebol. Gostava de assistir futebol, jogar futebol, discutir futebol, e vestir futebol. Ponta direita, rápido, alto, e habilidoso era requisitado todas as noites para o futebol da turma do bairro.
Um dia Marcio conheceu Lilica. Uma morena magrinha, toda jeitosinha, e muito legal com a turma, pois por incrível que pareça, logo que eles começaram a namorar ela até aparecia no alambrado do campo, e Marcio jogava ainda mais. Quando fizeram aniversário de namoro, ela deu uma chuteira linda de presente para o Marcio. Não deu outra, Marcio se apaixonou, pediu Lilica em casamento e seis meses depois estavam dividindo um apartamento no centro.
No inicio do casamento Marcio sumiu de nossos joguinhos. Aceitamos, afinal ele estava de lua de mel ainda. E depois de quase dois meses ele voltou. Segundo ele, Lilica não tinha problemas quanto ele ficar jogando futebol, e claro na cerveja pós joguinho que era sagrado, às vezes acompanhada de linguiça e violão, em outras somente acompanhadas de outra cerveja.
Mas ai foi Lilica quem sentiu que as coisas não iam bem. Afinal domingo de tarde Marcio se mandava com a turma, jogava o futebol, depois assistia futebol na casa de alguém, e aparecia tarde da noite cheirando suor, fumaça e cerveja. E o pouquinho de simpatia que ela tinha pelo joguinho foi findando, até que um dia terminou.
Aos poucos Lilica foi inventando uma forma de afastar Marcio do futebol. Depois de algumas tentativas, ela achou a solução: Castigava o Marcio durante a semana, deixava-o na abstinência de sexo, e no domingo quando ele se preparava para sair, vestia uma camisola vermelha, e praticamente pelada desfilava na frente dele. Não tinha jeito, Marcio aos poucos abandonou de vez o futebol, e nós perdemos o nosso ponta direita.
Lilica seguiu usando a mesma tática, e Marcio foi aos poucos ficando mais gordinho, mais preguiçoso e mais caseiro. Lilica não se importava, afinal ela amava o marido, e logo a tática de sexo só no domingo foi esquecida e a vida sexual dos dois voltava ao normal.
Em um domingo Marcio almoçou, pegou a chuteira e foi para varanda. Lilica não falou nada, apenas o observava, ele por sua vez olhou para o céu viu que o sol estava quente demais e voltou para dentro, sentou no sofá e ligou a tevê. Naquele dia morria o Marcio jogador de futebol e nascia Marcio o telespectador de futebol. Quanto a Lilica, hoje ela implora para o Marido ir jogar futebol para ficar de dona do controle remoto, mas aquele guerreiro já trocou o verde do gramado pelo verde do sofá da sala.
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 10/09/2011
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