Mais um dia "daqueles"!
Mais um dia chuvoso. Chuvoso e frio. Um dia daqueles em que a cama parece ter tentáculos, que têm mais força quando a lua está indo embora. Mais um dia “daqueles”! O trânsito caótico recebe um tempero na visibilidade. A água fria entrando pelo capacete me mantém acordado. Benefício vital que nasce de um problema casual.
Chego no trabalho no horário. Molhado. E tenho um dia inteiro pela frente. Pateticamente molhado. Da janela, vejo as poças d’água que há pouco brindavam comigo. Parecem rir de meus pés, suas vítimas. Minha vingança é irônica: elas secarão. Talvez amanhã. Mas secarão. Assim como meus pés. Lá se vai meu consolo. Lembro novamente de que estou molhado.
Das árvores estáticas lá fora, ouço um outro alguém. Como eu estivera, um bem-te-vi passeia na chuva. De um galho qualquer, se manifesta para as gotas que caem. Provavelmente está mais molhado do que eu. E mesmo assim, canta. Com força. Com autoridade. Se lamenta o frio ou se saúda a chuva, não sei. Só sei que canta.
Já não me importa minha roupa molhada. Coisas da vida. Amanhã, o sol volta. Então, desde agora, decido cantar pelo amanhã ensolarado. E até mesmo pelo hoje chuvoso. Pois a chuva também faz parte da nossa vida. Muitas vezes, é ela que lava os fardos da alma. Que chova hoje. Amanhã, o sol volta.