A grande aposta
Márcia sempre foi uma moça simples e de muito respeito. Os homens da cidade sempre falavam; “Márcia é moça para casar, moça de família”. Os melhores partidos já tinham tentado, mas até agora ninguém tinha conseguido nada. Até João Moura, filho do homem mais poderoso da cidade, e mesmo tento rodado a princesa por mais de seis meses, ele não conseguiu nada. A pergunta que não queria calar era: “Qual seria o problema da bela Márcia?”.
Joca era o mais desenvolvido da turma quando o assunto era mulher. Pedroca, Serelepe, e Pedrinho, já tinham tentado, mas fracassaram e nenhum deles comentava o motivo pelo qual tinham desistido da bela moça. Pedroca dizia que não deu certo e que ambos não combinavam, já Serelepe preferia nem falar, e Pedrinho disse que tinha se interessado por outra moça e por isso desistiu.
Naquele final de tarde, depois do trabalho os três se encontraram no bar de todos os finais de tarde. Uma cerveja decorava a mesa, e os copos mal esquentavam o fundo e já estavam na boca novamente, não existia nada melhor que uma cerveja no final de tarde.
“Eu nunca levei um fora!”
O comentário de Joca cortou o ar, era algo inesperado no meio papo sobre futebol.
“O que?”
Pedroca quis saber, e ficou olhando para Joca que lentamente levou mais uma vez o copo a boca e sorrindo repetiu.
“Eu nunca levei um fora, todas as mulheres que quis eu tive.”
Pedrinho riu, e depois de dar uma pensada como se estivesse procurando no fundo da memória um fracasso amoroso do amigo falou:
“Não lembro mesmo.”
Joca riu, e olhou para uma mesa do lado, onde duas morenas estavam sentadas, e com um sorriso e um aceno de cabeça, parece que cativou uma delas que devolveu o mesmo movimento e a mesma reação.
“Querem uma prova? Quem sabe uma aposta?”
Os outros se olharam como que pensando e combinando através dos olhares sobre a proposta de Joca.
“E ai, estão com medo?”
“ Meu salário contra o seu.”
Era Serelepe, o mais tímido da turma, o menos falastrão quem entrava na conversa. Os outros três se olharam, e Joca encarou firme Serelepe que continuava sereno, sem medo, e com a reação mais normal do mundo. Pedroca e Pedrinho que por sinal eram irmãos, não davam mais nenhum pio, eles apenas observavam a situação.
“Você tem certeza? Olha Serelepe que você vai trabalhar um mês inteirinho para me dar o seu dinheiro.”
“Os dois aqui são testemunhas e vamos parar de falação e vamos de uma vez firmar esta aposta.”
Joca riu e levantou a mão em direção de Serelepe que apertou firmemente. Depois voltou a olhar para a morena da outra mesa, que riu novamente para ele, com muito mais delicadeza e doçura. Ele olhou para seu rival na aposta e novamente sorriu, como que contando com a vitória, já certa.
“Então vamos lá.”
Joca tomou mais um gole e se preparava para levantar quando foi interrompido por Serelepe.
“Vai onde meu caro Joca?”
“Traçar a morena e ganhar teu salário meu caro Serelepe.”
“ A nossa aposta tem um trato em especial, eu é que escolho a moça que você terá trinta dias para traçar.”
“Bom isso não tava nos planos, mas manda ver, eu sou bom.”
“Marcia.”
Os outros dois na mesa riram. Joca vermelhou na hora, aquilo não era certo. Aquele desgraçado estava querendo mesmo vencê-lo, mas ele não iria correr do jogo, afinal, quem esta na chuva, esta preparado para se molhar.
“Aposta aceita.”
“Agora a coisa ficou boa.”
Pedrinho foi quem comentou. O papo sobre futebol voltou, e eles seguiram bebendo e rindo, mas os pensamentos de Joca estavam voltados a um único assunto, como faria para conseguir a mulher mais desejada e mais arredia da cidade.
Márcia estava sentada no parque. Vestia um vestido leve, que quando o vento apertava-o sobre suas pernas, mostrava com exatidão toda a beleza da parte feminina que Joca mais gostava. Ele riu e ainda cogitou que conseguiria duas vitorias nesta aposta, o salário de Serelepe e a mais bela e desejada mulher que já conhecerá. Com um buquê de rosas vermelhas ele lentamente foi se aproximando.
“Oi Marcinha, posso me sentar.”
A pergunta de Joca não foi respondida, pois ele não aguardou a resposta, simplesmente sentou do lado e entregou o buquê, que por sua vez olhava com seus lindos pares de olhos verdes, mas que estava demonstrando total reação de medo e susto.
“Porque isso, Joca?”
“Porque eu não consigo parar de pensar em você, eu estou perdidamente apaixonado por você.”
Ela riu e com um tom totalmente irônico respondeu ao seu pretendente.
“Isso não é verdade, e você sabe disso, por isso me deixa em paz.”
E antes de qualquer reação de Joca ela saiu. Joca olhou para o horizonte e para os olhares atentos dos amigos no outro lado do parque, que riam feito duas crianças.
Aquele mês foi de cenas repetidas. Todos os dias Joca tentava. Levava flores, bombons, e até uma serenata fez, mas Márcia seguia intacta, irredutível. O mês começava a chegar ao fim, e Joca já estava com suas esperanças de vitoria estremecidas.
Foi então que decidiu parar de declarações, já tinha desistido, e apenas aguardava os dias do mês passar, para entregar o salário inteirinho para Serelepe, mas uma surpresa lhe aconteceu.
“Joca!”
Era Márcia no outro lado da linha. A surpresa de Joca foi tamanha que precisou de três profundas respirações para acalmar os nervos.
“Márcia. Que surpresa, não esperava sua ligação.”
“Tudo que você disse e fez foi de coração.”
“Claro minha querida, eu já não durmo mais pensando em você. Tu não pode me deixar assim, você é a minha vida.”
“Pois então prove?”
“Como posso fazer isso? Qualquer coisa.”
“Quero a maior prova de todas. Quero que você por uma noite abra mão daquilo que é mais importante para você.”
“Como assim, eu não vou abandonar meu Inter.”
“Não o seu inter,mas a sua masculinidade.”
“Opa pera ai, que eu não to entendendo?”
“Essa é a minha condição, você terá uma noite ao contrario, se você me ama mesmo assim você fará.”
Joca não respondeu, desligou o telefone, pegou o dinheiro do salário que estava sobre a mesa, e foi em direção ao bar. Chegou e foi direto entregando o dinheiro para Serelepe.
“Hoje faz apenas 28 dias, a aposta ainda não terminou.”
“É mas, eu percebi que esta Márcia não é tudo isso, e já foi logo me falando em casamento, eu não quero casar, vocês sabem as mulheres são loucas por mim.”
“Cada um monta a sua historia, né Joca.” O comentário de Serelepe foi irônico e enfático.
Os quatro riram, mas nenhum tinha coragem de contar a verdadeira historia, e Márcia seguia intocável, e desejável.
Joca era o mais desenvolvido da turma quando o assunto era mulher. Pedroca, Serelepe, e Pedrinho, já tinham tentado, mas fracassaram e nenhum deles comentava o motivo pelo qual tinham desistido da bela moça. Pedroca dizia que não deu certo e que ambos não combinavam, já Serelepe preferia nem falar, e Pedrinho disse que tinha se interessado por outra moça e por isso desistiu.
Naquele final de tarde, depois do trabalho os três se encontraram no bar de todos os finais de tarde. Uma cerveja decorava a mesa, e os copos mal esquentavam o fundo e já estavam na boca novamente, não existia nada melhor que uma cerveja no final de tarde.
“Eu nunca levei um fora!”
O comentário de Joca cortou o ar, era algo inesperado no meio papo sobre futebol.
“O que?”
Pedroca quis saber, e ficou olhando para Joca que lentamente levou mais uma vez o copo a boca e sorrindo repetiu.
“Eu nunca levei um fora, todas as mulheres que quis eu tive.”
Pedrinho riu, e depois de dar uma pensada como se estivesse procurando no fundo da memória um fracasso amoroso do amigo falou:
“Não lembro mesmo.”
Joca riu, e olhou para uma mesa do lado, onde duas morenas estavam sentadas, e com um sorriso e um aceno de cabeça, parece que cativou uma delas que devolveu o mesmo movimento e a mesma reação.
“Querem uma prova? Quem sabe uma aposta?”
Os outros se olharam como que pensando e combinando através dos olhares sobre a proposta de Joca.
“E ai, estão com medo?”
“ Meu salário contra o seu.”
Era Serelepe, o mais tímido da turma, o menos falastrão quem entrava na conversa. Os outros três se olharam, e Joca encarou firme Serelepe que continuava sereno, sem medo, e com a reação mais normal do mundo. Pedroca e Pedrinho que por sinal eram irmãos, não davam mais nenhum pio, eles apenas observavam a situação.
“Você tem certeza? Olha Serelepe que você vai trabalhar um mês inteirinho para me dar o seu dinheiro.”
“Os dois aqui são testemunhas e vamos parar de falação e vamos de uma vez firmar esta aposta.”
Joca riu e levantou a mão em direção de Serelepe que apertou firmemente. Depois voltou a olhar para a morena da outra mesa, que riu novamente para ele, com muito mais delicadeza e doçura. Ele olhou para seu rival na aposta e novamente sorriu, como que contando com a vitória, já certa.
“Então vamos lá.”
Joca tomou mais um gole e se preparava para levantar quando foi interrompido por Serelepe.
“Vai onde meu caro Joca?”
“Traçar a morena e ganhar teu salário meu caro Serelepe.”
“ A nossa aposta tem um trato em especial, eu é que escolho a moça que você terá trinta dias para traçar.”
“Bom isso não tava nos planos, mas manda ver, eu sou bom.”
“Marcia.”
Os outros dois na mesa riram. Joca vermelhou na hora, aquilo não era certo. Aquele desgraçado estava querendo mesmo vencê-lo, mas ele não iria correr do jogo, afinal, quem esta na chuva, esta preparado para se molhar.
“Aposta aceita.”
“Agora a coisa ficou boa.”
Pedrinho foi quem comentou. O papo sobre futebol voltou, e eles seguiram bebendo e rindo, mas os pensamentos de Joca estavam voltados a um único assunto, como faria para conseguir a mulher mais desejada e mais arredia da cidade.
Márcia estava sentada no parque. Vestia um vestido leve, que quando o vento apertava-o sobre suas pernas, mostrava com exatidão toda a beleza da parte feminina que Joca mais gostava. Ele riu e ainda cogitou que conseguiria duas vitorias nesta aposta, o salário de Serelepe e a mais bela e desejada mulher que já conhecerá. Com um buquê de rosas vermelhas ele lentamente foi se aproximando.
“Oi Marcinha, posso me sentar.”
A pergunta de Joca não foi respondida, pois ele não aguardou a resposta, simplesmente sentou do lado e entregou o buquê, que por sua vez olhava com seus lindos pares de olhos verdes, mas que estava demonstrando total reação de medo e susto.
“Porque isso, Joca?”
“Porque eu não consigo parar de pensar em você, eu estou perdidamente apaixonado por você.”
Ela riu e com um tom totalmente irônico respondeu ao seu pretendente.
“Isso não é verdade, e você sabe disso, por isso me deixa em paz.”
E antes de qualquer reação de Joca ela saiu. Joca olhou para o horizonte e para os olhares atentos dos amigos no outro lado do parque, que riam feito duas crianças.
Aquele mês foi de cenas repetidas. Todos os dias Joca tentava. Levava flores, bombons, e até uma serenata fez, mas Márcia seguia intacta, irredutível. O mês começava a chegar ao fim, e Joca já estava com suas esperanças de vitoria estremecidas.
Foi então que decidiu parar de declarações, já tinha desistido, e apenas aguardava os dias do mês passar, para entregar o salário inteirinho para Serelepe, mas uma surpresa lhe aconteceu.
“Joca!”
Era Márcia no outro lado da linha. A surpresa de Joca foi tamanha que precisou de três profundas respirações para acalmar os nervos.
“Márcia. Que surpresa, não esperava sua ligação.”
“Tudo que você disse e fez foi de coração.”
“Claro minha querida, eu já não durmo mais pensando em você. Tu não pode me deixar assim, você é a minha vida.”
“Pois então prove?”
“Como posso fazer isso? Qualquer coisa.”
“Quero a maior prova de todas. Quero que você por uma noite abra mão daquilo que é mais importante para você.”
“Como assim, eu não vou abandonar meu Inter.”
“Não o seu inter,mas a sua masculinidade.”
“Opa pera ai, que eu não to entendendo?”
“Essa é a minha condição, você terá uma noite ao contrario, se você me ama mesmo assim você fará.”
Joca não respondeu, desligou o telefone, pegou o dinheiro do salário que estava sobre a mesa, e foi em direção ao bar. Chegou e foi direto entregando o dinheiro para Serelepe.
“Hoje faz apenas 28 dias, a aposta ainda não terminou.”
“É mas, eu percebi que esta Márcia não é tudo isso, e já foi logo me falando em casamento, eu não quero casar, vocês sabem as mulheres são loucas por mim.”
“Cada um monta a sua historia, né Joca.” O comentário de Serelepe foi irônico e enfático.
Os quatro riram, mas nenhum tinha coragem de contar a verdadeira historia, e Márcia seguia intocável, e desejável.