Folhas

Hoje eu estive em uma das praças que constumávamos ir.

Novamente a mesma história:

Caminhei ao redor dela, dei várias voltas, várias vezes...

Sem um destino, sem fim.

O sol no meu rosto, sol quente de uma tarde de verão sem alegrias, mas com um pouco de esperanças.

Tentei caminhar para esquecer... Mas eu via você, você, você em todos aqueles lugares, em cada canto, eu via nós dois...

Gostaria de poder voltar atrás sendo uma estranha, para ver como nós éramos antes, e tudo o que se perdeu.

Quem sabe estando de fora eu saiba o que está errado por dentro de nós...

Veria dois estranhos deitados à toa, embaixo da sombra de uma árvore... Estranhos, eu e você. Estranhos, como nunca deveríamos ter sido, como eu nunca pensei que deveríamos ser algum dia.

Há uns dias atrás eu estive pensando sobre nós dois, de um modo especial. Eu te contei esse modo... Eu acabei lembrando daqueles dois estranhos que costumavam se divertir juntos, e que agora parecem estar perdidos em meio a tantos "desencontros"...

Eu gostaria que você soubesse que tudo o que eu espero de você é um pouco de compreensão... Isso também é novo para mim, algo que você não sabe.

Eu gostaria que você um dia entendesse essas minhas palavras tímidas, que você entendesse que tudo o que faço é por sua causa...

Hoje eu estive numa das praças que costumávamos ir.

Eu estava sob a luz do sol, mas ele me queimava e me cegava agora, não me aquecia e iluminava como antes...

Eu só conseguia te ver em todos os lugares, e então arranquei uma folha de uma das árvores.

Segurei ela bem forte na mão, tentando conter a tontura, tentando voltar a respirar... Eu a levaria para casa, e a guardaria dentro de um livro, como as lembranças que eu guardo dentro da minha memória, daquele e de todos os outros lugares por onde passamos.

Eu a levaria e a guardaria, mas ela já não está mais aqui.

Ela está numa das ruas, quando eu deixei que o vento a levasse.

Ela estava seca e quebrada, assim como eu estou agora.

E quando eu menos me importei, já estava a rasgando em mil pedaços...

Então olhei-a com culpa e desânimo, e depois joguei seus restos pela janela do carro.

E eu que pensei em guardá-la dentro de um livro, ou dá-la a você, como uma prova concreta de tudo o que passamos juntos... Mas ela se quebrou.

Eu só gostaria, depois de ver isso... Que você não deixasse o que a gente construiu de mais bonito se acabar dessa forma...

...Pois eu sei com pesar, que não vai mais ter volta.