Gosto da vingança

Pronto. Conseguiu. Valmir, o ex-marido, estava arruinado. Vê-lo olhando para o nada, sem saber o que fazer diante do juiz, foi o máximo para Verônica.

Afinal, foram dez anos de casada com o "crápula", até a separação e a campanha para provar a todos que, o seu, caso extra-conjugal tinha um motivo: Ele, Valmir, não prestava. E trabalhou a cada dia para trazer a tona, todas as falhas de convivência. Não economizara nada, nem as lágrimas. Ligou para os parentes, chorou na frente dos filhos, redimensionou as discussões e soube como ninguém se aproveitar dos momentos de desespero dele.

Agora tudo estava acabado. Provou na justiça que aquele homem era um perigo e que ela merecia todas as benevolências previstas em lei. Afinal era uma vitima.

E agora? perguntou-se. Acabou? Sim! e o vazio de saber a verdade? E a consciência que insistia em doer? E o coração que ardia pelas mentiras e dissimulações? De súbito conseguiu se ver além das máscaras, só que já não tinha coragem para voltar e principalmente de se mostrar. Sentiu um amargo que se misturava com a saliva, mas levantou a cabeça, disfarçou o momento num sorriso e se foi.