Saudade
Um dia escreveu-se ou falou-se em algum lugar que a saudade é um sentimento que se faz pensar e escrever de forma intensa. Talvez a pessoa que disse isso esteja certa. Talvez ela saiba do que estava falando. Ou talvez apenas tenha feito um comentário sobre algo que alguém citou em alguma conversa avulsa no vão comprido que é a vida.
Mas não deve ser considerado mentira o que ela falou, mesmo que tenha sido um comentário inexpressivo em uma conversa que estava inserida por acaso. Se for dada a devida atenção a esse sentimento, realmente será percebido que ele faz qualquer um pensar com mais vigor naquilo que se passou e que não mais pode ser ouvido, visto ou vivido. Naquilo que estará apenas na memória e que aos poucos começará a se perder no meio de lembranças de outras vivências, de outros momentos, de outras amizades agregadas.
E se os momentos hilários, coisas aprendidas ou ensinadas relatadas no fim de cada dia, a troca de informações sobre áreas desconhecidas, a admiração dos outros sobre seus atos e ações, as descobertas sobre aqueles que estão próximos, a empolgação vinda depois da sensação de trabalho bem feito e a convivência com pessoas tão diferentes, de forma tão intensa, forem relembrados?
Se forem relembrados poderia ser dito que a saudade estaria agindo sobre aqueles que ainda rememoram tais dias, que ainda riem com tudo o que aconteceu e que sentem, nos momentos de lembrança, uma vontade de ter um pouquinho mais do que se teve naqueles dias, dias que não voltam nem sob a força imensa que tem os desejos.
Mas o que é mais válido lembrar não é a possibilidade do surgimento dentro de cada um desse sentimento, mas sim da permanência deste naqueles em que se originou, pois assim saberemos que cada um de nós ainda existirá em cada pessoa que vivenciou tal experiência. Para alguns ele aparecerá de forma mais branda para outros de forma mais viva, mas ainda existirá. No fim, é isso que importará: a lembrança de cada um na mente daqueles que viram naqueles dias o surgimento de lindas amizades.