"DESPREZO... TEM TROCO"

“DESPREZO... TEM TROCO”

Dizem-se amar, mas divergem o tempo todo... São questões corriqueiras que nunca se cruzam... Parecem cão e gato, brigando pelo seu pedaço..

__ Suzi, se você engordar um quilinho a mais, vou desmanchar esse namoro....

__ E você, Umberto, trate de consertar seus dentes estragados e encardidos, senão, quem vai desmanchar o namoro sou eu...

E assim, a discussão, corre, solta: se a Suzi, diz que é pau, Umberto diz que é pedra;

Se a Suzi diz que é contra a pena de morte, Umberto é a favor;

Suzi é Vasco, Umberto é flamengo;

Suzi é contra o aborto, Umberto é a favor;

Suzi gosta de novelas, Umberto detesta;

Suzi gosta do campo, Umberto gosta mais de praia;

Suzi gosta de teatro, Umberto, de cinema...

Realmente, com esse impasse, torna-se difícil um relacionamento... Então, num gesto impensado, Umberto declara:

__ Suzi, hoje, vamos terminar este namoro!

__ É?... Assim, tão decidido... E,por que? Posso saber?...

__ Pode. Eu explico: o amor é como uma plantinha que tem que ser cultivada com muito carinho e cuidados para não morrer e você , não soube cuidar bem da nossa plantinha...

( decidido, realmente, ele não está... Falou assim, apenas para testá-la...)

__ Muito bem, se é assim que você quer, concordo plenamente... Tchau! Tchau!

Umberto não contava com a reação de Suzi, no mínimo, esperava vê-la com uma carinha de choro e os olhinhos prestes a lacrimejar...

Voltou para casa frustrado, percebendo a burrice que fizera... Afinal, gostava daquela menina marrenta, como ele mesmo, dizia: é carne de pescoço!!!

Já que a sua tática não dera certo, pensou em consertar o estrago... Pegou o telefone:

__ Suzi, vou aí, no sábado, levar o livro que você me emprestou...

__ Sábado, não! Vou a uma festa...

__ No domingo...

__ Também não! Vou ao sítio do meu tio...

__ E segunda?...

__ De jeito nenhum! Não sabe que trabalho e estudo à noite? Durante a semana, impossível, só se for, no próximo sábado...

__ Estarei aí, sem falta...

Umberto, nunca imaginou que sentiria tanta falta daquela guria, tão determinada cuja personalidade o ultrapassava e, ao mesmo tempo, admirava-a por suas posições firmes, decididas...

No sábado, ela o recebeu na porta de casa, ele a beijou na testa, foi aproximando a boca para a boca de Suzi, ela afastou-se e o impediu de consumar o beijo...

__ Que foi? Não quer mais o meu beijo?...

__ Não! Quero apenas o... meu livro!

__ Por que não gosta mais do meu beijo? Eu a amo tanto...

__ Porque, como você mesmo, disse: o amor é como a plantinha que deve ser cuidada com muito carinho e isso, nós dois, não soubemos fazer; É uma pena, nosso amor, esfriou...

E aí, Umberto? Você meteu a mão no vespeiro e se deu mal... A partir de agora, tome mais cuidado!

Essa estória foi verdadeira, com um namorado que tive, aos dezoito anos...

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 28/08/2011
Reeditado em 30/08/2011
Código do texto: T3187382