Senha
Sufocado pelo calor cheguei ao banco. A fila para os caixas parecia uma serpente. O gerente conversava com um casal de idosos que parecia envelhecer ainda mais naquela atmosfera bancária. Uma loura impaciente mexia no cabelo. Um dos seguranças dizia coisas inaudíveis no rádio comunicador. A fila só aumentava. Retirei minha senha. 154. O painel luminoso sobre os caixas mostrava o número 90.
Ótimo, pensei.
Abri meu livro e iniciei minha leitura fantasiosa. O sol lá fora estava de rachar. O ar ali dentro estava fresco o suficiente para agradar pinguins. Pessoas chegavam e saiam. A fila andava aos poucos. Meu dia seria longo, não poderia sair dali enquanto o carro forte não chegasse. O segurança disse algo em meu ponto auditivo. Sorri de leve e caminhei para o bebedouro. Uma morena brincava com seu filho de colo. Enchi o copo de água e voltei para a fila. Um novo número surgiu no painel luminoso e a fila se mexeu. Minha vez estava chegando.