O CIRCO
Como todas as crianças da minha geração, eu era uma admiradora do circo.
De vez em quando, recebíamos em nossa cidade, uma companhia de Circo e tínhamos uma temporada divertidíssima. A animação começava com a chegada dos caminhões, trazendo as lonas, as arquibancadas, os artistas e os animais. Enquanto trabalhavam em mutirão montando o circo, a criançada apreciava os animais em suas jaulas.
Erguido o circo, partiam para a segunda etapa: a propaganda. À tardinha, desfilava pelas ruas da cidade, todo o elenco, numa carreata multicor, tendo logo após as jaulas dos animais, os palhaços “pernas de pau” seguidos pela garotada, que os aplaudia e respondia em coro as suas indagações, gritando ou cantando:
- Hoje tem espetáculo?
- Tem, sim senhor.
- Ás 8 horas da noite?
- É sim senhor.
- O palhaço o que é ?
- É ladrão de mulher.
- O palhaço morreu,
- E o coro é meu.
- Oh! Mamãe olha ela,
- Olha a cara dela.
- Com a roupa dos outros,
- Dizendo que é dela.
- E o tatu subiu no pau,
- É mentira do palhaço.
- Três pimentas não dão um molho,
- Cabeça de menino só tem piolho.
Essa galera tinha a entrada garantida e sentia-se um pouco artista por colaborar com os palhaços.
Á noite, todos estavam lá. Uns nos “poleiros”, outros nas cadeiras e alguns nos camarotes, lugares especiais destinados às autoridades.
O espetáculo era variado. Havia apresentação dos palhaços, trapezistas, equilibristas, mágicos, bailarinas, animais adestrados e o “drama”. Entre as peças teatrais, as mais aplaudidas eram: O Ébrio, A Louca do Jardim, Coração Materno, Lágrimas de mãe... pela emoção que despertavam no povão.
Um fato me vem a mente, neste momento, e eu o relatarei. Em 1951, quando eu tinha apenas 6 anos de idade, numa noite de espetáculo num circo, do outro lado da rodagem, exatamente onde hoje é a Rua Francisco Basílio, um palhaço deu-me um grande susto. Após a apresentação do trapezista, o palhaço imitava-o e caiu inesperadamente sobre o nosso camarote, quase em cima de mim. Que susto para todos!
As crianças do interior já não vivem a alegria de ver de perto o circo. É uma pena que elas não tenham como nós, daquela geração, divertimentos tão simples e ricos e sejam vítimas da TV, que prega abertamente, a violência, a prostituição, o adultério, o consumismo, o secularismo ... e tantos outros contra valores, que contribuem para a desestruturação da família.
Que bom seria se fossem resgatados alguns dos nossos antigos lazeres, entre eles o circo.
Como todas as crianças da minha geração, eu era uma admiradora do circo.
De vez em quando, recebíamos em nossa cidade, uma companhia de Circo e tínhamos uma temporada divertidíssima. A animação começava com a chegada dos caminhões, trazendo as lonas, as arquibancadas, os artistas e os animais. Enquanto trabalhavam em mutirão montando o circo, a criançada apreciava os animais em suas jaulas.
Erguido o circo, partiam para a segunda etapa: a propaganda. À tardinha, desfilava pelas ruas da cidade, todo o elenco, numa carreata multicor, tendo logo após as jaulas dos animais, os palhaços “pernas de pau” seguidos pela garotada, que os aplaudia e respondia em coro as suas indagações, gritando ou cantando:
- Hoje tem espetáculo?
- Tem, sim senhor.
- Ás 8 horas da noite?
- É sim senhor.
- O palhaço o que é ?
- É ladrão de mulher.
- O palhaço morreu,
- E o coro é meu.
- Oh! Mamãe olha ela,
- Olha a cara dela.
- Com a roupa dos outros,
- Dizendo que é dela.
- E o tatu subiu no pau,
- É mentira do palhaço.
- Três pimentas não dão um molho,
- Cabeça de menino só tem piolho.
Essa galera tinha a entrada garantida e sentia-se um pouco artista por colaborar com os palhaços.
Á noite, todos estavam lá. Uns nos “poleiros”, outros nas cadeiras e alguns nos camarotes, lugares especiais destinados às autoridades.
O espetáculo era variado. Havia apresentação dos palhaços, trapezistas, equilibristas, mágicos, bailarinas, animais adestrados e o “drama”. Entre as peças teatrais, as mais aplaudidas eram: O Ébrio, A Louca do Jardim, Coração Materno, Lágrimas de mãe... pela emoção que despertavam no povão.
Um fato me vem a mente, neste momento, e eu o relatarei. Em 1951, quando eu tinha apenas 6 anos de idade, numa noite de espetáculo num circo, do outro lado da rodagem, exatamente onde hoje é a Rua Francisco Basílio, um palhaço deu-me um grande susto. Após a apresentação do trapezista, o palhaço imitava-o e caiu inesperadamente sobre o nosso camarote, quase em cima de mim. Que susto para todos!
As crianças do interior já não vivem a alegria de ver de perto o circo. É uma pena que elas não tenham como nós, daquela geração, divertimentos tão simples e ricos e sejam vítimas da TV, que prega abertamente, a violência, a prostituição, o adultério, o consumismo, o secularismo ... e tantos outros contra valores, que contribuem para a desestruturação da família.
Que bom seria se fossem resgatados alguns dos nossos antigos lazeres, entre eles o circo.