Enjoada
Desejava que o final de semana nunca acabasse. Já não agüentava um dia sequer, não podia ver a cor das árvores, nem o amarelo que o tempo todo vinha em mente. A paisagem era sempre a mesma, a mesma visão do inferno.
Não deseja ter que voltar.
Em dias úteis, mais parecidos inúteis, ela via tudo aquilo várias vezes, via de dia e via de noite. De dia olhava para a cor e forma física. A noite olhava no céu e nos lados o interior da mesmice. Lembrava sempre do mesmo, já que não tinha outra coisa para lembrar. Seguia a mesma rotina, pois os pais não deixavam desviar.
Já sem fôlego, lembrando que o despertador tocaria, começou a chorar.
Revirou o passado para ver se encontrava alguma situação em que tivesse decepcionado Deus, não veio nada em mente. As batidas do coração pareciam doídas.
Sua casa também era sempre igual, sempre tudo no mesmo lugar. Já havia usado todas as suas roupas. Parecia transtornada, respirava com dificuldades, o sol nascendo não era mais símbolo de alegria, era símbolo de dor! E que dor! O sol se pondo também.
As noites na cama não eram duradouras e perdia os dias dormindo. As pessoas ainda agradavam, mas não era sempre que tinha paciência com todas e não eram todas que tinham paciência com ela.
Com a mente desgastada, lembrou dos olhos verdes e desta vez não quis amor, pois já enjoara disto também, mas quis o corpo, qual não resistia, quis um abraço bem forte enquanto passeavam pela praia carioca em imaginação. Não podia dizer seu nome, pois era sempre o mesmo nome e para variar não queria que soubessem, já que este tivera um passado com várias outras, mas o amava, porque talvez gostasse de sofrer, é a única explicação lógica para isso. Respirou, mas não se sentia bem. A imagem do rio morreu e ela sentiu que morreu também.
Ai! Aquela lousa que doía os olhos e dava dor de cabeça!
Quantos dias perdidos e vãos! Rezou para que acabasse tudo logo e nunca mais precisasse voltar. Estava completamente enjoada, além de muito mal. Disfarçava espetacularmente dentro de casa! Mas ela sabia que sempre passava pelos mesmos lugares! Não merecia tudo aquilo. Só que apesar dos pesares, e que pesares! Ela ainda não tinha certeza se não sentiria saudade de tudo aquilo. Mas a saudade doía, sem dúvidas, doía menos que ir para lá todos os dias. Isso definitivamente não era vida e seu maior sonho era viver