Caminhada

Acordou em meio à madrugada, tomou seu banho, se preparou para a jornada.

Saiu de casa ainda de madrugada, nem sonhava o que aconteceria, vivendo cada passo, cada, minuto como se fosse o ultimo de sua vida terrena, desfrutando de pensamentos que lhe brotavam a memória a cada imagem que via.

Viu o sol nascendo, mais uma vez era dia, dia que iniciava com um ar frio pelo solstício da manha de inverno, sentia a vida brotando e pensava lá adiante em como seria o fim de sua jornada.

Tomou rumo a seu destino, andando por sobre a linha da ferrovia e seu pensamento ao olhar os trilhos viajavam alem das fronteiras do que conhecia, e ali diante da maravilha da vida simplesmente lhe fluíam um sorriso acompanhado de lagrimas que tornavam aquele rosto brilhante ao sol da manha.

Solitário, somente ele, os trilhos, os dormentes da linha do tem e sua vida.

Sua mente povoada de pensamentos e no silencio do coração mantinha um belo monologo.

Aquele monologo que surgia sob o sol que já o aquecia e sobre a estrada férrea onde andava foi tomando a cada instante como que uma caixa de água que vai se enchendo gradualmente, ate que não se comporta de tão cheia, o mundo começou a lhe falar em suas imagens belas e gratuitas, sons maravilhosos de pássaros e do próprio vento que lhe soprava o rosto.

Ele continuava a caminhar, chegou a uma comunidade, mas não parou sua caminhada, passou direto e depois de ver varias cenas produzidas pela vida humana, sentiu se vazio então andou mais depressa que antes para logo perder de vista o que o humano lhe oferecia,

Ai então buscou equilibrar se andando sobre um dos trilhos da ferrovia apenas, fechou os olhos e olhou para dentro de se, caminhando e equilibrando se sobre um trilho sem ver nada a sua frente, enxergando apenas a pequenez de sua humanidade.

Ouviu o som de uma locomotiva que se aproximava veloz, imensa com seus vagões, então parou de andar uns minutos, sentou se debaixo de uma arvore e pos se a olhar aquela composição férrea que por ele passava.

Começou a imaginar as grandezas que o homem pode gerar, olhava os trilhos simples no chão sustentando tanto peso, olhava aquela locomotiva com toda sua força que nada seria sem os trilhos e pensava na pequenez humana que se escondia por detrás dos trilhos, da locomotiva.

Retomou a caminhada pensando somente nisso, na pequenez humana. E foi quando viu de lado da linha férrea uma cruz que foi ali colocada em memória de alguém que havia ali por ali passado e não podia imaginar nem como ou porque ali falecera. Começou a reviver tudo que havia experimentado durante todo o dia a caminha, as vezes de olhos fechados, as vezes equilibrando sobre a linha férrea, as vezes caminhando normalmente entre os trilhos, lembrou se da sena que havia visto da locomotiva, e agora diante da cruz, refletindo sobre a pequenez humana, observando que estava só o dia todo sem dizer uma só palavra. E entendeu tudo o que era necessário para continuar sua vida.

Apenas precisava continuar a caminha, somente caminhar, não se esquece do de seu lugar na criação.

Em tudo o que existe desde a criação ele se pos a pensar, lembrou das historias lidas e ouvidas retiradas do livro sagrado. Quando na primeira parte do livro do gênese ele se pos a pensar novamente no lugar que deveria ocupar no livro da historia da humanidade, lembrou se dos trilhos que ali foram colocados pelos homens, lembrou se da locomotiva que por ele havia passado, lembrou se da cruz que havia visto, grandes coisas que encontrava em sua caminhada, pensaram no livro da vida, a Bíblia sagrada, e continuando sua caminhada incessante, foi refletindo o que havia lido no primeiro capitulo, na ordem da criação.

Em seu monologo silencioso começou a compreender que filosofar não é arte somente de grandes doutores e sim a arte de todo aquele que busca.

Percebendo que e na ordem da criação o ser humano foi o ultimo a ser criado, percebendo que quando avistamos grandes obras, como aquela linha férrea e suas pontes, como aquela locomotiva o homem é o ultimo a aparecer, lembrando se daquela cruz que avistara a beira da estrada férrea, vislumbrou assim a fragilidade do ser humano, e como somos passageiros, mas como podemos mudar a historia com nossas criações.

Continuou sua caminhada, mais feliz do que a começara, pois assim entendendo melhor o que é o ser humano perfeito, e buscando encontrar a perfeição, buscando no mais profundo de se mesmo, conseguiu encontrar ao abrir e olhar dentro de seu coração, em silencio, encontrou um sentimento de brandura e inquietude, que a cada passo de sua caminhada aumentava mais e mais, e deixou se levar por esse sentimento, que parecia se alimentar da brisa que lhe batia no rosto, da beleza que via na natureza, de tudo o que o cercava.

Novamente em sua caminhada aquela linha férrea tornou a cruzar mais uma comunidade, mas desta vez ele foi capaz de andar de passos lentos, observar cada atitude humana, capaz de distribuir sorrisos e ao terminar aquela travessia estava mais feliz ainda, mesmo sem saber por que sorria.

Sentiu o entardecer chegando, o crepúsculo aproximava se, o corpo pedia por descanso e alimento, Sentou se então debaixo de uma grande arvore, retirou o um pequeno pão de sua sacola, comeu com um pouco de café ali deitou se com um grande sorriso estampado em seu rosto, sem medo da noite, sem medo dos ladrões que roubam o visível, pois havia nesse dia de silenciosa caminhada encontrado seu mais precioso tesouro, conseguiu perceber que a maior beleza de sua vida sempre esteve com ele em seu coração, que O próprio Jesus Cristo vinha em sua vida intera falando e orientando cada momento, somente precisava ter coragem de continuar a caminhada silenciosa, que o próprio Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo sempre foi e continuariam a ser o sentido de sua vida, bastava apenas caminhar seguindo o rumo dos trilhos.

Deixando assim que Deus fosse seus trilhos, Que Jesus fosse seu pão, e que o Espírito santo fossem a água, o fogo, e o vento que o rodeavam, a vida que era passageira, tomou um sentido de eternidade. Assim só lhe restava caminha adiante, sem pensar aonde esta e sim aonde quer chegar, deixando pra trás suas obras e seus sorrisos para que os outros possam através de seu silencio encontrar o Caminho, a verdade e a Vida que é Jesus Cristo. Amem.