Na roça não se tinha o costume de comemorar os aniversários, na data, a mãe lembrava que o filho estava completando mais um ano de vida e rezava pedindo a Deus felicidade e saúde pra ele.
Quando a família se mudou para a cidade, logo os irmãos foram convidados para uma festa, ali mesmo na rua onde moravam. Não era difícil perceber o encanto dos pequenos, principalmente com o bolo, via-se em cada um deles o brilho nos olhos, peculiar do sonho de uma criança.
Foi este, o primeiro bolo azul que viram em suas vidas. Para meninos da roça, aquele acontecimento foi coisa de outro mundo. Começaram a sonhar... Queriam logo completar anos para terem uma festa igual à de seu vizinho, recém amigo, tal qual a dele, até mesmo com direito ao bolo da cor do céu que tanto lhes chamou a atenção.
Chegou mês de março e um dos mais novos, o José, completaria sete anos de vida. Sem avisar à mãe, o menino saiu pela vizinhança a convidar todos para sua festa que seria no dia 14, sábado próximo.
A irmã mais velha, a tudo assistia, porém, ainda não havia nela o discernimento do certo e do errado, tamanha sua inocência, não atinando que uma festa daria muito trabalho. Mariinha pensou:
— É só a meninada chegar e pronto!
A mãe das crianças sempre foi uma mulher incrível. Trabalhadeira, caprichosa. Tudo que ela se dispunha a fazer ficava bonito e bem feito. Até hoje ela é assim! Quando morava na roça, lidava até na lavoura se preciso fosse.
Na cidade, logo arrumou um jeito de trabalhar para ajudar em casa. Durante a semana costurava. Aos sábados era uma doceira de mão cheia, fazia doces e salgados por encomenda.
Voltando ao aniversário do pequeno José... No sábado, às dezoito horas em ponto, estando a mãe atarefada, lenço na cabeça, fritando pastéis e embalando doces para serem entregues, ouviu batidas na porta. Os filhos ainda brincavam na terra do quintal, sem banho, sem arrumação. Nessa hora Mariinha lembrou-se:
—José do céu! — Sua festa é hoje, nóis isqueceu de contá pa mãe!
Totalmente atordoada, a mãe custou entender o que estava acontecendo. Os vizinhos vieram todos, acompanhados da filharada, e o pior, veio gente até de outras ruas. O pequeno havia andado longe convidando Deus e o mundo para sua primeira festa de aniversário, pegando a pobre mãe de surpresa.
José, feliz da vida ia recebendo os presentes: Meias, sabonetes, bolas de gude, um carrinho e uma bola.
A mãe não teve alternativa, retirou a toalha que cobria os doces de leite, mamão e cidra, os bolinhos de polvilho, as broinhas de fubá e os pastéis, aquele dia as encomendas não poderiam ser entregues. Serviu aos convidados do filho e em poucos minutos viu esvaziar seus tabuleiros. A certa altura da festa, alguém avisou que era hora de cantar o "Parabéns pra você"...
Não havia bolo azul... Nem vela para soprar, porém, Mariinha se lembrou que a vela de sua primeira comunhão ainda tava novinha e foi correndo pegar no armário.
A vela foi acesa... Ouviu-se aquela música pela primeira vez na casa... Os irmãos se olharam entre si. O pequeno José, no meio da música, desceu do banquinho atrás da mesa e correu para a mãe, abraçou-se a ela escondendo o rosto em seu avental, chorou como criança, tal qual o era.
Na roça haviam chorado por vários motivos: mordida de cachorro, arranhão de gato, espinho no pé, ou até mesmo por culpa de varinhas de marmelo. Naquele dia aconteceu algo estranho e novo para os quatro irmãos, não era tristeza, mas apertava o peito. Acho que foi nesse dia que descobriram uma coisa maravilhosa chamada: EMOÇÂO... Choraram juntos.
Quando a família se mudou para a cidade, logo os irmãos foram convidados para uma festa, ali mesmo na rua onde moravam. Não era difícil perceber o encanto dos pequenos, principalmente com o bolo, via-se em cada um deles o brilho nos olhos, peculiar do sonho de uma criança.
Foi este, o primeiro bolo azul que viram em suas vidas. Para meninos da roça, aquele acontecimento foi coisa de outro mundo. Começaram a sonhar... Queriam logo completar anos para terem uma festa igual à de seu vizinho, recém amigo, tal qual a dele, até mesmo com direito ao bolo da cor do céu que tanto lhes chamou a atenção.
Chegou mês de março e um dos mais novos, o José, completaria sete anos de vida. Sem avisar à mãe, o menino saiu pela vizinhança a convidar todos para sua festa que seria no dia 14, sábado próximo.
A irmã mais velha, a tudo assistia, porém, ainda não havia nela o discernimento do certo e do errado, tamanha sua inocência, não atinando que uma festa daria muito trabalho. Mariinha pensou:
— É só a meninada chegar e pronto!
A mãe das crianças sempre foi uma mulher incrível. Trabalhadeira, caprichosa. Tudo que ela se dispunha a fazer ficava bonito e bem feito. Até hoje ela é assim! Quando morava na roça, lidava até na lavoura se preciso fosse.
Na cidade, logo arrumou um jeito de trabalhar para ajudar em casa. Durante a semana costurava. Aos sábados era uma doceira de mão cheia, fazia doces e salgados por encomenda.
Voltando ao aniversário do pequeno José... No sábado, às dezoito horas em ponto, estando a mãe atarefada, lenço na cabeça, fritando pastéis e embalando doces para serem entregues, ouviu batidas na porta. Os filhos ainda brincavam na terra do quintal, sem banho, sem arrumação. Nessa hora Mariinha lembrou-se:
—José do céu! — Sua festa é hoje, nóis isqueceu de contá pa mãe!
Totalmente atordoada, a mãe custou entender o que estava acontecendo. Os vizinhos vieram todos, acompanhados da filharada, e o pior, veio gente até de outras ruas. O pequeno havia andado longe convidando Deus e o mundo para sua primeira festa de aniversário, pegando a pobre mãe de surpresa.
José, feliz da vida ia recebendo os presentes: Meias, sabonetes, bolas de gude, um carrinho e uma bola.
A mãe não teve alternativa, retirou a toalha que cobria os doces de leite, mamão e cidra, os bolinhos de polvilho, as broinhas de fubá e os pastéis, aquele dia as encomendas não poderiam ser entregues. Serviu aos convidados do filho e em poucos minutos viu esvaziar seus tabuleiros. A certa altura da festa, alguém avisou que era hora de cantar o "Parabéns pra você"...
Não havia bolo azul... Nem vela para soprar, porém, Mariinha se lembrou que a vela de sua primeira comunhão ainda tava novinha e foi correndo pegar no armário.
A vela foi acesa... Ouviu-se aquela música pela primeira vez na casa... Os irmãos se olharam entre si. O pequeno José, no meio da música, desceu do banquinho atrás da mesa e correu para a mãe, abraçou-se a ela escondendo o rosto em seu avental, chorou como criança, tal qual o era.
Na roça haviam chorado por vários motivos: mordida de cachorro, arranhão de gato, espinho no pé, ou até mesmo por culpa de varinhas de marmelo. Naquele dia aconteceu algo estranho e novo para os quatro irmãos, não era tristeza, mas apertava o peito. Acho que foi nesse dia que descobriram uma coisa maravilhosa chamada: EMOÇÂO... Choraram juntos.