O NATAL 


        Festa do Nascimento de Jesus. 

       Tempo em que todas as famílias se congregam para comemorar o nascimento do Filho de Deus. 

       Desde os primeiros séculos, os cristãos fazem isto, de acordo com os seus costumes, com a sua cultura. De geração a geração, os costumes foram sendo passados e repassados, mas sofreram alterações e perderam valores. 

       Nota-se nos dias atuais, já uma grande diferença entre as comemorações natalinas de hoje e as de meio século atrás. A mídia tenta roubar o lugar de destaque do dono da festa. 

        Na minha infância durante o advento, era tempo de espera da chegada do Menino Jesus. E para “Ele”, D. Maria Alacoque preparava uma grande festa, com a participação de crianças e jovens. Em ensaios contínuos, as personagens da “Lapinha” aprendiam suas músicas e coreografias, para no Natal homenagearem o aniversariante. Todos estariam presentes à grande festa do aniversário do Menino Jesus, e diante do presépio cantariam os seus louvores, cada um a seu modo. Compunha a lapinha: os caboclos, as ciganas, o beija-flor, a borboleta, a cestinha, a Tapuia, o pastor, o anjo, o sol e a lua. 

       As famílias faziam seus presépios, com sacos vazios de cimento pintados, simulando as pedras que formavam a gruta de Belém. Neles, estavam os animais, os Reis Magos, os pastores, o Anjo Gabriel, São José, Maria de Nazaré (Nossa Senhora) e o menino Jesus, o recém-nascido. Na manjedoura, forrada de feno ou capim, o Messias era adorado por todos. As luzes e os enfeites coloridos davam o tom festivo, no alto do presépio estava a estrela que guiara os Reis Magos a Belém. 

       O presépio da Igreja, em tamanho grande, lindo, era a atração não apenas das crianças, mas de todos os paroquianos. 

       A minha participação na “Lapinha”, foi apenas como “caboclo”, e ainda recordo a música que cantávamos em coro:
- Quem são vocês?
- Caboclinhos da aldeia.
- Para onde vão?
- Vamos a Belém.
- A ver a quem?
- Jesus nosso bem.
- Passa o sol pela vidraça e a lua pela janela. Viva a dona da lapinha que eu passei não toquei nela. 

        Após o natal, no dia dos Santos Reis, festa da Epifania, as palhas, que enfeitavam as lapinhas, eram queimadas em frente à Igreja, perto do cruzeiro e do pau da bandeira, enquanto os componentes da lapinha cantavam juntos:“Estas palhinhas que estão se queimando é da nossa lapinha que está se acabando. Adeus meu menino, adeus meu amor, até para o ano se vivo eu ainda for”. 




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