OS TRANSPORTES
Na minha infância vi de perto e utilizei alguns transportes que estão em extinção.
O jumento era utilizado para transportar pessoas e cargas. Apesar de pequeno porte é um animal muito forte e resistente. Com a cangalha às costas ele carregava dois caçuás, onde podia transportar frutas, legumes, cereais, tudo que ali desse para acomodar, inclusive crianças. Apesar de animal de cargas, servia também de montaria, como os burros e os cavalos, quando lhe punham a sela, ao lombo. Em determinadas situações realizava as duas funções ao mesmo tempo: carregava a carga e conduzia pessoas montadas na cangalha e na garupa.
O carro de boi, com seu estrado e rodas de madeira e tendo um cabeçote preso à junta era capaz de transportar grandes cargas a qualquer distância.
Era delicioso viajar nele, ouvindo o canto do eixo que mais lembrava um lamento triste, e observando o carreiro tanger a junta de bois com aquela vara comprida de “ferrão” na ponta, advertindo os animais a acelerar a marcha. Era uma viagem lenta, mas divertida.
Outro transporte existente na nossa cidade era o “Misto”, uma espécie de caminhão com cabine tríplice, onde findados os bancos não havia portas para proteger os passageiros. “Seu Duzentos”, o proprietário do veículo, conduzia passageiros e mercadorias para Missão Velha, onde estes tomavam o trem com destino a Fortaleza ou ao Crato, onde comerciantes e agricultores buscavam recursos no Banco do Brasil.
Depois veio a “Marinete” de propriedade de “Seu Zezinho”. Um carro utilizado como transporte coletivo, semelhante a um pequeno ônibus ou Kombi.
Sem sinalização, com estradas de piçarra e sem vítimas de trânsito. Assim foram as décadas de quarenta e cinquenta.