A menina que esperava
A menina chegava à praça, sentou-se num banco, olhava ao redor. "Shortinho" surrado, blusinha bem curta; o que era de se esperar num dia quente daqueles daquele quente verão.
No pé, chinelo de borracha. Nada de bijuterias ou acessórios; sem luxos ou complementos. Sentada no banco, esperava...
Observava as ruas que cercavam a praça. Observava a fonte sem água. Observava quem passava; mas não queria ser notada.
Era só uma menina, quase moça. Ainda inocente no pensar, embora o corpo aos poucos revelasse suas malícias. Sentada no banco, braços cruzados, esperava...
Um ventinho frio cortava o calor da tarde, que já virava tardezinha. A menina se arrepiava, observava...
A espera era difícil. Quando apenas se espera o tempo parece não passar.
Notou então ao longe um furgão se aproximando, suas pernas se mexiam. Sinal de que a hora chegara: sentia o cheiro, o gosto, a vontade, o impulso.
Atravessou a rua, tirou do bolso do "shortinho" algumas moedas; valeu a espera:
O pão quentinho acabara de chegar na padaria.