Ilmª. “Personna non grata”

Uma parenta ancestral do dinossauro, que adora “uma sessão de bronzeamento” e foi se esconder atrás do armário da minha mãe. Em plena quinta-feira à noite, forçou a minha mãe a trocar de quarto, passando a dormir no quarto de despejo (que antigamente era o meu quarto). Um ser assustador na perspectiva da minha mãe, que praticamente me obrigou a telefonar para os Bombeiros, que me desprezaram, disseram que o meu caso era só com a Defesa Ambiental. Logo em seguida liguei para a Defesa Ambiental, eles também não acreditaram em mim quando falei que se tratava de um caso “de vida ou morte”. A Defesa Ambiental teve o cinismo, digo e repito com letras garrafais, o CINISMO, de alegar que eles só tinham um carro. Caso de vida ou morte sim. Vida da “Zuiudinha” como foi carinhosamente apelidada por minha sobrinha Gabi com seus experientes 11 anos de idade, e morte (de infarto) da minha mãe com seus 72 anos completos. Eu falei que entrou um jacaré aqui em casa e eles não acreditaram em mim... Olha só que absurdo! Apelei, tentei um crocodilo, porque o medo aumenta as coisas (vocês sabiam que tanto o jacaré quanto o crocodilo não colocam a língua para fora? E que as lagartixas mordem? É sério.), aí eles começaram a rir. A rir da minha cara, tem base? Esse povo não respeita nem mesmo o medo dos outros, quanto mais o pavor que toma conta da gente, nessas horas...

Se eu tivesse um gato, seria um petisco delicioso para ele, mas por um milagre de DEUS. Ela, a lagartixa, envergonhada, desapareceu, tímida, se entocou dentro do armário da minha mãe, que, coitadinha, pobre e completamente indefesa, daquele bicho feroz e atroz... Eca! Eu falo esse “Eca!” tão expressivo pois morro de nojo desses seres que desconheço a finalidade depois da descoberta do tão famoso inseticida. Ela é nojenta, mole... Nessas horas só mesmo um homem e com “H” maiúsculo para exorcizar um bicho tão asqueroso, sendo indispensável em qualquer receita de bruxa que se preze... O bicho feroz e atroz, e não o homem, tá gente? Aff.

E se eu te contar que esses seres esdrúxulos (praticamente albinos) gostam de “tomar um bronze” nas lâmpadas incandescentes, e não como reza a lenda para procurar insetos para se alimentarem, o lado engraçado da coisa é que ao contrário do que se pensa ela também detesta o sol, porque respira pela pele e não sai sem estar besuntada de protetor solar. Ariscas perdem o rabo, pura e simplesmente para despistar o inimigo, o rabo tratado como “peso morto” dá agilidade o suficiente para a sua fuga. O rabo ressuscita, então não tem importância alguma pra ela o fato de “comerem o rabo” dela. Não coloque maldade... Sem duplo sentido...

Então a Ilmª. Dª. “Zuiudinha” saiu do seu cárcere privado, recém chegada da África do Sul e foi explorar um pouco do Brazil, no meu apartamento, só sabia falar inglês e só caminhava pelo teto da casa, quando emocionada viu uma mancha verde em cima da mesa da copa. Pensou consigo mesma surpreendida pelo fato: - Seria uma folha de alface? – Seria um ogro? Como o Shrek, vocês sabem, né?! O da Fiona, do” reino de tão, tão distante”... – Seria um “louva Deus”? – Seria um “trevo de quatro folhas”?- Seria o “Ben 10”? – Seria uma “planta carnívora”, disfarçada para comê-la? –Quem sabe? Poderia ser até o “incrível Hulk”. Ela não enxergava sem os seus óculos de grau e estava no teto. Decida a desvendar esse mistério se aproximou o máximo que pode, descobrindo que era, na realidade um sapo. Sapo em japonês é Kaeru, que também significa voltar, mas na realidade o seu nome era “Twiggy”, eles queriam conversar, mas não tinha como ela falava inglês. Tentou: - Do you speak English? Silêncio constrangedor. Entretanto a “Zuiudinha” não se deu por vencida pelo batráquio. – Hi! –Hello! – Howdy! - How are you? – How do you do? Foi ainda mais constrangedor do que ela pensou que seria. Ele por sua vez, chegou até a pensar que a bem-intencionada “Dª Zuidinha” era louca de se jogar pedra, ou seja, doida da cachola como dizem por aí.

Leon, o maltês (descendente da linhagem inglesa da árvore genealógica canina, bisneto do “queridinho” da Rainha Elizabeth I, lá da Inglaterra, que também era poliglota, sabia falar o dialeto maltês, e além do português, também falava inglês) da casa ao presenciar tão bizarra situação e vendo o constrangimento da “Dª Zuiudinha” morreu de pena dela e foi conversar com ela. [Não que eu tenha preferência por cachorros de raça, prefiro “rasga saco” que dão menos trabalho para cuidar... Antigamente, eram chamados “vira- latas”, mas com a evolução e pelo simples fato, de nem terem latas mais para virarem se tornaram automaticamente “rasga-sacos”]. Bom, resumindo o elegante maltês serviu de intérprete para os dois e não é que deu certo? Depois que ele fez uma sublime interferência, o relacionamento dos dois deu certo...

E voce caro(a) leitor(a), pode escolher o final dessa aventura entre:

a) A Dª Zuidinha, o kaerú e o Leon ficaram tão amigos, que resolveram viver os tres sozinhos, isolados completamente do universo.

b) A Dª Zuidinha morreu atrás do armário da minha mãe, porque nunca mais foi vista.

OU:

c) Para o alívio da minha mãe, ela surgiu de trás do armário e minha mãe como uma perfeita assassina conseguiu matar a Dª Zuidinha.

Acinom
Enviado por Acinom em 22/07/2011
Código do texto: T3111157
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