Cadeiras

Duas cadeiras permanecem imóveis num canto, onde por trás delas, há uma parede amarela. Estão de pé, mas não se cansam, quando vem alguém, tiram o cansaço destes. Parecem vivas, mas há muito estão mortas.

A cadeira primeira não sente saudade de quando estava nos campos, parece que nasceu pra viver na cidade.

Já a segunda, tão forte segura, o pranto que se quer existe e nem pode cair, tem vontade de ser o que era antes, tem saudades de permanecer intacta, não gosta da multidão que conversa sobre coisas desinteressantes nas reuniões de quarta feira, não gosta das musicas dos jovens, preferia mil vezes, a melodia dos pássaros e encanto produzindo paz quando se mexiam irradiantes, as folhas verdes, fazendo contraste com o céu azul.

De certo modo, não ficam totalmente tristes, nem totalmente felizes. Permanecem sérias aonde são deixadas, são tão frias, não têm coração!

A primeira olha atentamente para o teto, a segunda não tira os olhos da instante, vive lendo os livros que ali estão tão parados quanto elas. Antes de haver palavras neles, antes de haver detalhes nelas, não passavam de um só.

A segunda ainda se lembra como se fosse hoje, a primeira estava dormindo quando aconteceu.

Acima delas, há um grande quadro de um lugar onde mais o menos, um dia estiveram. Se um dia, lugar tão lindo existiu, hoje não mais haverá de existir.

A primeira quer ser humana, a segunda sente que já é. As duas temem um dia virar pó, mas não se movem, não têm esperança nenhuma, não têm sonhos, não entendem o que falam, nem mesmo o que acontece.

Enquanto tão confusas aparentam, olha o computador para estas e começa rir.

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 21/07/2011
Código do texto: T3109430
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