Como reconstruir os muros quando só restam cinzas?

Quando construímos muros, buscamos proteção. Queremos nos proteger de coisas que possam invadir nosso espaço e causar estragos. Mas e quando tudo o que queremos é nos proteger e ao invés de muros, olhamos ao nosso redor e só contemplamos cinzas? Era exatamente assim que Fabrício se sentia. Só conto a história dele se você prometer que não vai chorar... promete? Tudo bem, chorando ou não, vamos lá. Sua história começa com algumas palavras... a primeira delas é Adultério... é isso mesmo. Seu pai era um adultero e sua família era uma total destruição. As famosas aparências que a sociedade tanto admira. Sua mãe vivia depressiva. Ele tinha um irmão e uma irmã mais velhos que não percebiam o que acontecia ao redor deles, mas Fabrício percebia. O menino tinha seis anos quando entendeu o contexto do seu lar, se é que se pode chamar de lar. Bom, seu pai era um homem muito agressivo e temido por muita gente. Fabrício morria de medo do seu pai, pois presenciou coisas horríveis causadas por aquele ser. Pra você ter uma idéia, o garoto tinha pesadelos com o pai e isso aumentava a cada dia o seu medo. Bom, quando começou a freqüentar a casa de seus amiguinhos, Fabrício passou a ter contato com os pais dos garotos e... que decepção! Eram iguais a seu pai. Fabrício passou a ter medo deles também. Resumindo, Fabrício passou a ter medo de homens adultos... principalmente daqueles que pareciam o seu pai, com barba comprida... nessa idade, o menino precisa se identificar com o pai; isso ajuda na identificação da sua sexualidade. Mas como, com um pai desses? Logo o menino achou que todos os homens eram maus e isso trouxe um conflito imenso. Ele também era homem, teria que ser mau? Que horror! Ele não queria ser como seu pai, fazendo as pessoas chorarem... aquela mente de seis anos de idade decidiu que não seria homem, pois ser homem pra ele era sinônimo de ser mau. Decidiu que seria mulher. Que coisa não? Isso resume a primeira palavra que faz parte da vida do garoto. A segunda chama-se Abuso. Pois é... nessa mesma época, uma outra tragédia chegou à vida daquela inocente criança. Foi abusado sexualmente por um rapaz de dezesseis anos que era seu vizinho. Esse abuso durou quatro anos, foi dos seis aos dez. bem... já deu pra entender não é? Aos dez anos o menino busca o suicídio por três vezes, pois não vê na sua vida um sentido. Agora, mais do que nunca ele odeia a si próprio, pois se sente enganado, traído e humilhado por ter sido abusado, mas o que mais lhe dá raiva é que agora ele sente atrações sexuais por homens! Como ele se sente arrasado por ter sido abusado se ele sente vontade de fazer isso com outras pessoas? A vida de uma criança é como uma folha de sulfite branca. A primeira coisa que você escrever ali, ficará escrito. O corretivo cobre o escrito, não apaga; ele continua lá. A adolescência de Fabrício foi horrenda. Ele se tornou um menino afeminado e por isso foi zombado por todos. Professores, alunos, família. Pense em um menino que tinha motivos pra cometer o suicídio... pois é, exatamente o Fabrício. Sua vida foi essa e chegou o momento em que ele viu que não tinha pra onde ir, ou acabava com sua vida ou enfrentava as adversidades e dava um rumo na sua existência. Mas... como reconstruir os muros quando só restam cinzas? Essa era a pergunta que surgia na mente dele quando, aos vinte e cinco anos decide fazer algo por si, pois compreendeu que uma coisa é o que as pessoas te fizeram, outra coisa é o que você vai fazer com isso. Ele decidiu mudar a história. E mudou... recomeçou das cinzas e passou a si amar, mesmo que as pessoas não o enxergassem. O menino parou de basear sua vida e sua auto-estima nos comentários das outras pessoas, encarou com reciprocidade a todos que o olhavam torto, foi em busca dos seus sonhos sem olhar os obstáculos, viu que na vida sempre teremos dores, mas pior do que a dor de mudar é a dor de continuar sendo o mesmo. Mudar dói, mas se analisarmos esses dois tipos de dor, a dor da mudança é uma dor positiva; vai doer, mas vai trazer resultados. Se preferir a dor de continuar sendo quem é, talvez não doa tanto, mas vai durar para o resto da vida. Fabrício não queria isso. Todos os anos de abuso, rejeição, humilhação e decepção fizeram muitos estragos na vida do garoto, mas o primeiro passou foi dado. Reconheceu que tinha um problema e que se fugisse dele, só o empurraria pra mais tarde e nunca resolveria nada. O valente Fabrício se levantou e partiu para a batalha. Não foi tão fácil assim, isso lhe custou lágrimas, vontade de desistir, ódio da vida, de Deus, do mundo. E por falar em Deus, olha aí um aliado forte e poderoso nesse processo de reconstrução de uma vida. Deus sempre colocou no caminho do Fabrício pessoas que tinham o conteúdo que ele precisava pra avançar. Mesmo quando tudo parecia perdido, a fumaça dos sonhos queimando era apenas um sinal de que o socorro estava perto. Todos nascemos para sermos felizes e não importa o que a vida ou as pessoas te fizeram, se você se levantar das cinzas pra reconstruir o seu império, ajuda não faltará. Sabe quem é o Fabrício hoje? Um homem bem sucedido na vida. Cursou uma faculdade, trabalha numa empresa onde seu trabalho é reconhecido, vive pra mostrar ao mundo que é possível ser feliz mesmo em meio a uma vida de calamidades... seu lazer é nas horas vagas ministras palestras... hoje é um palestrante que vive pra ensinar aos outros como se reconstrói os muros quando só restam cinzas... hoje sua vida é composta pelas palavras SUCESSO, FELICIDADE, BATALHAS, VITORIAS, APRENDIZADOS, COMPARTILHAR, VIVER...

Adeildo Levigade
Enviado por Adeildo Levigade em 20/07/2011
Código do texto: T3106170
Classificação de conteúdo: seguro