Destino
Fazia plágio às palavras já usadas em outras relações, promessas que outros já fizeram comoviam-na, eram palavras comoventes, nunca disseram, e agora alguém a fazia ouvir, inspiradas nas mentiras tão sonhadas, ali se fazia uma grande para dar inicio a uma relação. Ela esperava amor do homem que as dizia, ele esperava que ela acreditasse, era fácil dizer, conquistador, quantas e quantas já foram nesta conversa? E quantas viriam? Pra que verdade, se ela não levava a nada a ele, tudo que mais queria, era mais uma namorada, mais uma para por em sua lista, enquanto ela queria exatamente o oposto do carrasco, desejava um presente bom, um futuro maravilhoso, companhia as horas solitárias, uma amizade sincera, carinhos, contratempos, era uma princesa no contemporâneo buscando pelo príncipe encantado, buscando ao redor, tal impossibilitado de abranger qualquer, em outro lugar talvez, mas ali, tinham apenas árvores, o rapaz, um céu azul, os bancos e o dia.
Pôs fé nos dizeres dele, as promessas de amor, um amor que ia além da carne, de tudo que jamais vira, ultrapassava as possibilidades, o que se tornava impossível.
Via-se um sorriso no rosto do moço, convenceu-a, beijou primeiro suas mãos, depois a testa, deixou por ultimo os lábios virgens, enquanto acariciava o cabelo, abraçado, forçando o calor da alma, forçando a lábia, comemorando as forças que dele provinham a fim de obter sucesso, por mais injusto que este fosse, malicias pareciam ser as vezes, razões de vida.
O tempo pareceu mudar. Algo talvez fosse contra aquilo, senão a vida, então o universo, sabe-se lá como ela interpretava o ambiente em que habitava, ou as amizades que tinha. Os pássaros que cantavam ou as nuvens que os observavam, ele era o amor de outra, ela também era amada por outros e agora tentavam quebrar corações, irem contra o vento, sendo que os ventos os derrubariam se fossem mais a frente.
Deram de ombro, de que valia tudo se podiam ter um ao outro?
Os dias pareciam ser cheios de graças, tinha a leve impressão de estar no caminho certo, de ser a garota mais feliz e a única que as promessas dele haviam sido sincera, ele já não era o mesmo – pensava – ele havia mudado para ela.
A noite tinha com o que sonhar. Nas horas vagas, via-o nos pensamentos, tinha a vida que sempre desejara, nem o tédio mais fazia parte do cotidiano. Até que os céus começaram a chover, quando se olhava para a janela, ela parecia chorar, quando se olhava para as nuvens estavam pretas, quando se olhava para fora parecia que aquele mundo ia acabar. Tudo para que não fosse vê-lo mais, impossível, nada podia separá-los, ela passaria por cima de tudo, que tinha a ver ela, com o sentimento do mundo, enfim podia amar, sentia-se forte, mais que de outras vezes. Correu ao encontro dele, chegou toda molhada, espiou pela janela, mas tudo que viu era triste demais para suportar, nos braços de outra ele estava sobre o chão, uma de cabelos longos, beijando-o desesperadamente enquanto ele sorria apertando-a num abraço inacabável, o ciúmes latejava o coração, a decepção se debatia, chorava com a chuva, chorava por perder naquilo que rendia forças, ou parecia render, correu como o rio até ver num banco um rapaz olhando a chuva cair sobre ele, ficou curiosa e foi ao encontro, os olhos dele eram cheios de compaixão, tinha as mãos pálidas, parecia nem sentir as águas tocarem, um louco, trocaram olhares, sentiu-se refugiada, esqueceu de tudo por breves momentos, a chuva já parava, sentou do lado dele, ficaram ambos olhando perdidos para tudo, ouvindo o coração bater talvez, estavam vivos, aos poucos a curiosidade de se conhecerem foi vencendo as tristezas, por minutos pensou que aquele podia ser o novo, o grande e verdadeiro amor de sua vida, não falava coisa com coisa, mas era sincero, no outro minuto, ambos tiveram certeza, correram sem destino, nunca mais se soube dela, alguns achavam que ela estava morta, até os ver no jornal, uma foto de casamento de dois jovens sorrindo.