O DIA DA CAÇA.

Chagaspires

Como de costume despertei às quatro e quarenta da manhã. Ainda meio zonzo pela noite mau dormida, caminhei pelo quarto e me dirigi para a varanda do apartamento que fica no primeiro andar do edifício.

Abri a porta de vidro tendo cuidado para não causar barulho, pois hoje é sábado e estão todos dormindo.

A lufada de vento frio, batendo em minha pele ainda quente, me fez despertar por completo.

Ao debruçar-me sobre o balaustre da sacada percebi uma cena inusitada. Um gato se preparava para executar seu bote fatal.

A vítima distraída era um pequeno camundongo que roia os restos de comida deixados aqui e ali por algum morador incauto.

Os movimentos empreendidos pelo felino me fizeram recordar uma peça de balé clássico onde o bailarino executa sua dança com uma leveza sem igual.

A sutileza das patas nos movimentos executados pelo felino mostrava claramente a importância do momento.

Era o devorador querendo surpreender a vítima.

O desenrolar do episódio iria ser meticuloso, porém rápido e preciso.

No alto do muro o gato se preparava para completar o que todos chamam de cadeia alimentar. Alguém irá servir de comida para que outro alguém pudesse sobreviver.

Não me conformando com o final trágico do evento peguei uma pedra que fazia parte da decoração do jardim e atirei-a no descuidado ratinho e ele percebendo a situação mortal em que se encontrava, fugiu mais que depressa para a toca mais próxima.

O gato insatisfeito ainda ficou alguns minutos a espreita, mas logo se retirou em direção à rua deserta e ainda calada.

O acontecido me fez recordar do ditado popular que diz: “Um dia é da caça e o outro do caçador”.

Hoje o dia foi da caça.

Chagaspires
Enviado por Chagaspires em 17/07/2011
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