O DIARIO DE UMA PROSTITUTA ADOLESCENTE - CAP. II A Carta Anônima

DIÁRIO DE UMA PROSTITUTA

Cap. II – A CARTA ANÔNIMA

Quarenta e oito horas depois de chegar ao Rio Grande do Sul, já refeita do cansaço da viagem norte/sul de quase quatro dias, Daiane começou a pensar na virada que sua vida tomou em tão poucos dias. Até semana passada estava em Fortaleza levando uma vida “comum” de uma prostituta. Sem maiores problemas, a única emoção nova em sua vida era Dagoberto. Homem experiente com 39 anos nas “fuças”, lindo, gostoso e dizia que lhe amava. Só que uma carta anônima havia lhe prevenido que Raimunda (a ex de Dagoberto) havia descoberto que ele só terminara com ela por causa de Daiane. E as referências da mulher eram “foda”, na sua opinião.

- Ai, meu Deus do céu tenho que melhorar este me linguajar, se quiser mudar de vida. Fuças, caralho, foda... tudo ficou pra trás.

Havia na carta além de um monte de “ameaças” que Raimunda havia feito publicamente um poema endereçado a Daiane:

BEIJOS E DESEJOS

Eu sempre te desejei

Desde a primeira vez que te vi

Sempre quis tocar teu corpo

Beijar teus lábios, teu sexo...

Com ou sem nexo

Sem precisar explicar

Só me entregar por inteiro

Como se beijos fossem bis(coitos)...

Biscoitos recém-saídos do forno

Quentinhos, deliciosos

Feito o sol nos finais de tarde

Quando começa a se por...

Eu ouço sininhos nos meus ouvidos

Todas as vezes que te beijo

Todas as vezes que toco tua pele

Todas as vezes que beijo tua boca

Por isto eu quero bis... bis... bis...coitos...

Mário Feijó

Naturalmente que este Mário Feijó não é o autor da carta, pensou Daiane, caso contrário não seria uma carta anônima. Talvez fosse um ex-cliente? Pensou.

Era bem interessante, pensou ela. A primeira vez que recebo uma carta anônima, ainda por cima com uma poesia. Deve ser alguém interessado em mim. Mas eu não poderia ter deixado de acreditar na carta quando vi uma foto com coisas de macumba, sapo morto, galinha com o pescoço cortado e uma foto minha com um punhal cravado.

Era horrível tudo aquilo. Pensou Daiane. Quem sabe faço uma consulta com uma cartomante? Pensou. Quando estava na recepção da pensão haviam duas garotas falando de uma tal de Olívia, em Osório. E pelo que ouviu, Osório é perto de Terra de Areia.

Mário Feijó

Julho/2011

Oficina de Criação Literária Alcir Cheiuiche

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 16/07/2011
Reeditado em 25/07/2011
Código do texto: T3099786
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