MEMORIA DE DONA MARIA
MEMORIA DE DONA MARIA
De repente fica-se sem as noticias dos acontecimentos. Dona Maria havia desaparecido fazia alguns dias. Apesar dela morar próximo de nossas casas, todos do bairro não sabia o que havia acontecido com ela. Sempre que ela passava tinha algumas respostas a dar a quem lhe falava algo que ela não gostava. Todos os dias ela saia de casa por voltadas 8 horas da manhã e voltava sempre às onze e meia. Nessas alturas o seu velho marido já havia feito a boia. Acontece que na sua casa só quem recebe aposentadoria é o seu velho marido e ela tem que se virar vendendo cartelas de bingos e às vezes perfumes para aumentar a renda da família que tem que gastar quase tudo na farmácia com remédio para diabetes, pressão e osteoporose, doenças que se apossam principalmente de pessoas mais dessa idade e mal alimentados.
Todos se preocuparam e foram na sua residência para ver o que tinha acontecido, o porque do sumiço inesperado. Dona Maria estava doente. Havia feitou uma auto medicação e contraiu uma alergia que deixou o seu corpo todo cheio de grande bolhas d’agua. No seu pescoço onde tinha uma bolha bem grande ela mais uma vez sem consultar o médico, seguindo o conselho do balconista que trabalha na realidade em uma loja de tecidos, comprou uma pomada para passar na bolha do pescoço. Não deu outra. A bolha ficou maior e a feriu se aprofundando. Qualquer remédio que ela passasse para sarar, a ferida aumentava. Dona Maria é diabética, eis o motivo pelo qual a ferida do pescoço não sarava, e ainda por cima hipertensa. Com os seus setenta e tantos anos, o nervosismo tomou conta do seu psicológico e ela botou na cabeça que ia morrer, mostrando a todos a ferida no pescoço com medo que a mesma a degolasse. Teimosa feito uma mula, apesar de estar se consultando com um médico da cidade, ela andava de casa em casa perguntando se ele podia tomar remédio “a” ou remédio “b”, só que ninguém aconselhava que ela tomasse algum. Alguns moradores resolveram falar com o seu médico e contaram a sua teimosia. Na ultima consulta o médico autorizou a sua internação. E hoje, nesta data de 15 de julho, momento em que escrevo essa memória a qual dou o nome de “MEMÓRIA DE DONA MARIA”, ela está lá no leito do hospital já bem melhor, e nós aqui sem as noticias fresquinhas que ela sempre trazia quando vinha das suas andanças.
É sempre assim que acontece com as pessoas idosas que são muito teimosas. Talvez depois dessa, dona Maria vai se "aquetá".