O CHEIRO DA MARESIA

Recém-formado, desempregado e com filhos para criar. Não encontrando emprego em Florianópolis, sua cidade natal que estivesse à sua “altura”, agora um bacharel, profissional com nível superior, Rogério aceitou um convite para dar aulas no município de Videira, no Oeste de Santa Catarina.

Era um dia quente de verão quando ele partiu. Pegou o carro e foi, em direção àquela cidade, até então desconhecida.

Ao se afastar da capital foi observando a tristeza que lhe tomava conta. Ficar longe de casa, dos filhos, da família, da comidinha caseira de todos os dias: pirão de feijão com peixe frito; camarão ensopado com caldo de peixe e arroz; camarão ao bafo com peixe ensopado... ah! Era uma tortura.

Enquanto se afastava sentia que não conseguiria viver longe de sua terra. A vontade era voltar, mas voltar sem um motivo era fracasso.

Ao chegar à faculdade foi informado que como demorou a responder, a vaga tinha sido preenchida. O que deveria ser motivo para tristeza, naquele momento foi alegria porque lhe dava uma razão para voltar, mesmo que sem emprego. Voltar de uma terra onde desde o início detestou: aquele cheiro de poeira, aquela terra vermelha típica de planaltos, aquele chão onde não se via o mar. Tudo lhe parecia estranho e detestável.

No mesmo dia voltou em direção à Florianópolis. E voltar mais de 400km, cansado, não lhe pesava tanto quanto a possibilidade de estar longe de casa.

Quando começou a descer a serra, vidros abertos, pois seu carro não tinha ar condicionado, começou a sentir o cheiro do mar. Um cheiro típico de maresia que, só quem mora perto do mar conhece.

Tão logo começou a divisar lá embaixo o azul típico das praias limpas de Santa Catarina percebeu que ele era como as ostras que longe do mar, longe das ondas, longe do sabor salgado da maresia no ar certamente morreria...

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15.07.11

(Conto apresentado na Oficina Literária com Alcir Cheiuiche, na cidade de Osório, descrevendo uma passagem usando Hiperestasia... todos os sentidos).

MARIO ROGERIO FEIJO
Enviado por MARIO ROGERIO FEIJO em 15/07/2011
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