MEMÓRIA DO BUSCAPÉ = a sua novela virtual]
Cap 26 = NUMA NOITE DE NATAL
Na Fazenda São Geraldo o Natal era festejado com muita alegria.
O Coronel mandava que fosse preparada e servida uma lauta ceia para todos os convidados, familiares e empregados, mas ninguém podia comer nada, muito menos beber antes da Missa do Galo que o Padre Julio vinha todos os anos celebrar na capela da Fazenda.
Todos assistiam a missa e logo depois começava a festança.
Um dos filhos do Coronel vestia-se de Papai Noel e saia distribuindo balas e pequenos brinquedos para as crianças, filhos dos convidados e parentes que passavam o Natal na Fazenda e os filhos dos empregados.
Outro trazia da cidade a última novidade em fogos de artifício e dava um verdadeiro espetáculo de animação.
O Coronel passava pela grande mesa preparada no pátio para as famílias dos empregados, fazia um pequeno discurso desejando Feliz Natal e depois se recolhia a Casa Grande para recepcionar seus convidados.
O Padre Júlio, muito amigo do Coronel, ficava até altas horas, entretido a comer e conversar e invariavelmente assustava-se.
- Como já é tarde! Preciso apressar-me, pois tenho missa às oito horas!
Naquela noite, porém, quando o Coronel o acompanhou até a carruagem, ele tinha algo muito importante para dizer-lhe.
Falou de uma moça muito boazinha, religiosa, correta que infelizmente estava casada com um rapaz que fora preso.
Agora o rapaz tinha saído da prisão e o Padre estava empenhado em encaminhá-lo para um trabalho digno evitando que ele voltasse à criminalidade.
- O Senhor não aceitaria o casal para trabalhar aqui na Fazenda?
Pego de surpresa o Coronel ficou por um momento sem saber o que dizer.
Ele sempre fora muito seletivo com seus serviçais. No tempo da escravidão em vez de mandar surrar os negros rebeldes ele preferia pô-los a venda. Depois, com os assalariados não pestanejava em dar a conta se o serviço, ou, pior que isso, o comportamento não estivesse de acordo.
Como ia pegar um empregado sabendo que não tinha bons antecedentes e que provavelmente ia dar-lhe aborrecimentos?
Percebendo a indecisão o Padre falou:
- Não precisa resolver já. Pense bem e depois a gente conversa..
- Não tenho o que pensar. Pode mandar os dois aqui que, se for possível, eu arranjo alguma coisa para eles.
O Padre despediu-se, mas o Coronel não teve sossego mais. Por um lado a vontade de praticar uma caridade, ajudar um decaído, por outro o medo de não dar conta do recado e acabar trazendo confusão para dentro de sua casa.
O conflito durou até o momento que o casal chegou a Fazenda e foi conversar com ele.
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