Esperando.

Ela mora no Sul do país, tem a pele branca, cabelos longos e negros e densos olhos castanhos. Através do olhar ela consegue demonstrar tudo o que pensa, consegue intimidar, conquistar e até mesmo conversar sem pronunciar uma só palavra. É íntimo dela essa intensidade no olhar, até porque ela sempre foi quieta, retraída... Acha que o excesso de comunicação, essa coisa efusiva, é totalmente desnecessária. Quem muito fala, pouco faz. Quem sabe talvez venha daí a facilidade pra escrever, ela já pensa como se estivesse escrevendo, fala como se tivesse sendo lida, totalmente lírica.

Quem a conhece sente uma alma misteriosa, como se por detrás dessa máscara estivesse um alguém totalmente diferente da menina fria e auto-suficiente que muita gente vê. Nos bares, quando está ao lado do irmão, ambos trazem o semblante de uma pessoa séria, independente, totalmente distante do ambiente que o cerca. Ambos delimitam seu espaço vital largo o suficiente para que poucos caibam nele, tendo em mente que quantidade e qualidade são coisas bem diferentes e ambos prezam pelo segundo quesito. Mas quem se vê inserido nesse espaço íntimo consegue ver o que está dentro do peito de ambos, no fundo ela só quer alguém que a pegue pela mão e diga que está tudo bem, queria se surpreender com as pessoas, queria ser pega de surpresa por alguém, uma surpresa boa! Mas parece que ninguém pensa em fazer isso com ela, é sempre ela que toma iniciativa das coisas, seja na amizade, seja no amor, raramente é surpreendida por alguma coisa, nem mesmo no dia do seu aniversário consegue ficar extasiada com algo ou alguém. Talvez espere demais das pessoas, lá no fundo quer uma amizade intensa como filmes de sessão da tarde aonde ninguém briga ou se afasta por muito tempo, no fundo espera um desses amores eternos e lindos aparecer na porta de casa e lhe roubar o coração, ela segue esperando... Sempre.