Embaixo da casca dura há sempre um suculento fruto
Era uma pessoa muito fechada, todos que o viam tinham medo, seu semblante era sério. Durante a manhã trabalhava, à tarde em casa, à noite dormir. Todo dia do mesmo jeito, a rotina fazia parte da vida de mais um. A única diversão era o violão. A casa era dividida em quatro cômodos, um quarto, banheiro, sala e cozinha. O melhor lugar era a sala, onde ele ouvia suas músicas e tocava seu violão. Na área ficava uma cadeira de balanço, onde todas as tardes sentava para tocar e fumar seu cachimbo, sempre muito quieto, todos que passavam olhavam com a cabeiça abaixavam.
Essa era a pacata vida de um senhor que morava na casa 222. Sentado à beira da calçada ficava observando o mistério que rondava a casa do Sr. Alben. Tudo que queria era saber o que passava em sua mente, se não se sentia sozinho com, apenas, aquele violão, a cadeira e o cachimbo como seus companheiros.
Certo dia enquanto passava perto do muro que separava a casa do Sr. Alben da rua ouvi alguns múrmuros, não sabia se era a voz dele ou não, pois nunca tinha ouvido-a. Percebi uma fresta dentre os dois lados do portão, mesmo com muito medo, resolvi entrar, observei o Sr. Alben no fundo do quintal cantando para as belas flores e elas o respondia desabrochando e deixando aquela tão singela casa um lugar magnífico.
Sr. Alben percebeu minha presença, pensei em sair correndo, mas não dava tempo, ele me pegara, parou de cantar e perguntou o que eu estava fazendo em sua casa, hesitei em responder, fazendo com que ele perguntasse novamente. Respondi-o com medo do que pudera acontecer comigo, contudo tive uma surpresa. Sr. Alben me convidou para ver suas flores, com um sorriso suave nos lábios.
Daquele dia em diante, passei a ir à casa do Sr. Alben todos os dias, ajudá-lo a cuidar das suas lindas plantas... E aprendi com que ninguém deve ser julgado pelo que aparenta ser, mas sim pelo que é por dentro, com todo o sentimento que tem para nos passar, experiências para nos ensinar sobre o que nos espera os caminhos da vida.
Escrito por: Mariane Souza
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