Não faço por mal
Quem me conhece há muito tempo, perdoa com mais facilidade minhas freqüentes distrações. Nada que afete o curso natural das coisas ou a rotina de quem comigo convive, mas tira muita gente do sério e me causa alguns transtornos e breves rompimentos com quem ainda não se habituou com minha desatenção.
Talvez minha falha de memória seja genética (é mais cômodo pensar assim), qualidade ou defeito, que ora me beneficia, ora me atrapalha. O que me tira de alguns apuros é meu senso de humor, que na maioria dos casos, me salva de gafes ‘inesquecíveis’. Trocar ou esquecer o nome das pessoas é mais que natural para mim; aniversários de qualquer natureza, de pessoas íntimas ou não; o dia que conheci alguém importante ou o dia que o perdi. Algumas datas faço questão mesmo de esquecer, mas outras rezo ao meu subconsciente que me lembre. Ele faz o que pode, mas coitado, é muita informação ao mesmo tempo.
Gosto de conversar com minha irmã mais velha, que além de ter boa memória, lembra cada detalhe do fato, que parece ter acontecido agora a pouco. Como boa fisionomista, ela também vive apontando pessoas na rua, “lembra dele? estudou com a gente no jardim da infância”. Fico constrangida, mas acabo sorrindo amarelo, admitindo que sou anormal mesmo. Por isso não exijo muito da memória alheia, e acabo sempre perdoando quando esquecem meu aniversário ou convites meus. É a lei do retorno. Embora sempre faço questão, ao lembrar do fato então esquecido, de me justificar com as pessoas usando minhas naturais habilidades. O importante é consertar...
Quero contar algum caso engraçado, dos muitos que já aconteceram por conta de minhas distrações, mas como era de se imaginar, nenhum me vem a memória nesse instante...