O poeta do ananás
Seu Romeiro adora escrever. Ele vive no mato, mas adora escrever.
O papel e a caneta vem do regatão. Só escreve á noite, quando não está trabalhando. Tudo á luz de lampião, seja de querosene ou de breu.
Nessa hora ele coloca uma vela no pires e dana a escrever. Escreve sobre tudo que vem na cabeça: coisas do passado, fatos do dia, etc. Seu método é simples: á medida que a vela vai diminuindo, ele vai parando de escrever, até o fogo apagar completamente. A mesma coisa que acontece com a vela aconteceu com a visão de Seu Romeiro: foi diminuindo, diminuindo até sumir.
Da pilha de papéis que ele escreveu, Seu Romeiro nos deixou pelo menos uma obra-prima em forma de poesia:
Choveu e molhou o ananás:
Os olhos que me vêem hoje,
Amanhã não me verão mais.
(Em memória de meu "tio" Álvaro).